Estudo revela que grande parte dos processos ecológicos já passa por mudanças para se adaptar ao aquecimento global. "Há impacto nas características físicas e fisiológicas de espécies", diz pesquisador.
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A maioria dos seres vivos da Terra já está sendo de alguma foram afetada pelo aquecimento global, mesmo com aumento da temperatura de apenas 1 grau Celsius em relação aos níveis da era pré-industrial, afirma um estudo publicado nesta sexta-feira (11/06) na revista Science.
Pesquisadores americanos constataram que 82% de processos ecológicos fundamentais, incluindo a diversidade genética e modelos migratórios, já sofreram mudanças devido ao aquecimento global. Esses efeitos são sentidos em ambientes aquáticos e terrestres.
"Sabemos agora que, com um aquecimento global de 1 grau, impactos importantes já são sentidos", diz o professor da Universidade da Flórida Brett Scheffers, um dos autores do estudo.
"Esses impactos abrangem mudanças genéticas individuais, alterando características físicas e fisiológicas de espécies, como tamanho do corpo, e movendo espécies para regiões inteiramente novas", acrescentou o especialista.
Grande parte das espécies está passando por um processo de evolução para se adaptarem a temperaturas extremas e às mudanças climáticas. Especialistas afirmam que essas alterações afetarão os humanos causando surtos de doenças, modificando o crescimento de alimentos e reduzindo a produtividade da pesca e, dessa forma, colocando em risco a segurança alimentar.
O estudo analisou 94 processos ecológicos e alertou que, quanto maior as mudanças nos ecossistemas, menos provável será sua capacidade de defesa contra efeitos severos das mudanças climáticas.
Por exemplo, florestas doentes não conseguirão absorver grandes quantidades de carbono. O aumento de temperatura dos oceanos também elevará a temperatura global e o nível do mar. Enchentes e ciclones ficarão mais fortes.
"Estamos simplesmente espantados com o nível de mudanças que observamos. A comunidade científica ainda não as esperava", destacou James Watson, da Universidade de Queensland e também autor da pesquisa. "Não é mais sensato considerar isso uma preocupação do futuro e, se não agirmos para cortar emissões [de gases do efeito estufa], todo ecossistema na terra mudará fundamentalmente em breve."
CN/afp/ots
Alarmantes mortes em massa de animais
Milhares de animais selvagens vêm morrendo mundo afora. Ainda que as causas não tenham sido esclarecidas, a poluição e as mudanças climáticas são parte do mistério.
Foto: picture-alliance/dpa/Scorza
Tragédia no Rio de Janeiro
Somente este ano já foram registrados pelo menos 35 incidentes isolados de mortandade de peixes. Mais de 33 toneladas de peixes mortos foram retirados da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro (foto), locação dos Jogos Olímpicos de 2016. A poluição priva os animais do oxigênio de que necessitam para sobreviver.
Foto: picture-alliance/dpa/Scorza
Pássaros famintos
A costa oeste da América do Norte registrou morte sem precedentes de pássaros marinhos em 2015. Foram contadas até 10 mil aves tombadas. Depois de descartados doenças e traumas, o aquecimento global foi responsabilizado. Em fevereiro de 2016, recolheram-se por volta de 8 mil aves marinhas mortas no Alasca. Elas morreram de fome – embora seu alimento principal seja peixe.
Foto: picture-alliance/AP Photo/M. Thiessen
Herpes mortal em tartarugas
A ameaçada tartaruga-verde é uma das maiores tartarugas marinhas do mundo. Um vírus fatal do herpes – que impede a visão, a alimentação e o movimento – está afetando um crescente número desses animais. Os especialistas ainda estão investigando por que e como o vírus está se espalhando. Mais uma vez, a poluição e o aquecimento global parecem ser os principais culpados.
Foto: cc-by-Peter Bennett & Ursula Keuper-Bennett
Antílopes quase extintos
No início do ano passado, cientistas estimaram que mais da metade de todos os antílopes saiga, uma espécie seriamente ameaçada, tenham morrido em menos de duas semanas. Os pesquisadores advertiram que a espécie estava sofrendo as consequências das mudanças climáticas e poderia se extinguir no prazo de um ano. Até agora, não houve relatos sobre novas mortes em massa.
Foto: Imago/blickwinkel
Lulas em decomposição
No início de 2016, milhares de lulas gigantes foram encontradas mortas na costa do Chile – para a preocupação dos moradores e de cientistas. Embora esse fenômeno não seja novo na área, a enorme escala em que ocorreu é. Mais uma vez, o aquecimento global e o El Niño parecem ser os mais prováveis responsáveis pelas mortes.
Foto: Getty Images/AFP/Stringer
Calor demais para morcegos
Em 2015, milhares de morcegos caíram do céu em Bhopal, na Índia. Um ano antes, por volta de 100 mil dessas criaturas foram encontrada mortas no estado de Queensland, na Austrália. As ruas, árvores e quintais estavam cobertos com morcegos mortos ou moribundos. Esses mamíferos voadores são muito sensíveis ao calor e não conseguem suportar temperaturas elevadas.
Foto: Berlinale
Baleias cometem suicídio
As baleias naturalmente encalham e morrem, mas a poluição e as mudanças climáticas estão causando, provavelmente, um aumento desse fenômeno. Está acontecendo em todo o mundo: na Alemanha, nos EUA, na Nova Zelândia. No Chile, ao menos 400 baleias encalhadas foram registradas em 2015. Na foto, veem-se algumas das 29 cachalotes que foram encontradas mortas no norte europeu desde o início deste ano.