Mudança climática pode causar extinção em massa nos oceanos
29 de abril de 2022
Oceanos terão morte em massa até ano 2300 se a humanidade não conseguir reduzir as emissões de gases de efeito estufa, afirma artigo publicado na revista "Science".
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Até o ano 2300, a vida nos oceanos enfrentará uma morte em massa, similar às grandes extinções ocorridas milhões de anos atrás, se a humanidade não conseguir reduzir as emissões de gases de efeito estufa, afirma um estudo publicado nesta quinta-feira (28/04) na revista Science.
Limitar o aquecimento planetário a 2 °C acima dos níveis pré-industriais pode evitar tal catástrofe, segundo os autores do artigo, Justin Penn e Curtis Deutsch, ambos ligados à Universidade de Washington e à Universidade de Princeton, nos EUA.
Para avaliar o risco de extinção das espécies oceânicas em distintos cenários de aquecimento climático, os pesquisadores usaram um extenso modelo ecofisiológico, que pesa os limites físicos das espécies segundo as previsões de temperaturas e o esgotamento dos níveis de oxigênio – tarefa que foi particularmente desafiadora devido à falta de trabalhos anteriores na área.
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Catástrofe marinha
Eles concluíram que se o aquecimento global continuar no ritmo atual, os ecossistemas marinhos em todo o planeta poderão experimentar uma extinção em massa comparável à extinção do final do Permiano, conhecida como a "Grande Morte".
Ela ocorreu há 250 milhões de anos e levou ao desaparecimento de mais de dois terços dos animais marinhos, por causa do aquecimento e do esgotamento do oxigênio, condições semelhantes às que estão ocorrendo hoje.
Enquanto os oceanos tropicais perderiam a maioria das espécies, muitas migrariam dessas áreas para latitudes mais altas para poder sobreviver. Já as espécies polares desapareceriam em massa, já que seus tipos de habitat deixariam completamente de existir.
Limitar o aquecimento a 2 °C, meta estabelecida pelo Acordo de Paris, "reduziria a gravidade das extinções em mais de 70%, evitando uma extinção em massa marinha", diz o texto.
A meta preferida pelos estudiosos, que é limitar o aquecimento a 1,5 °C, é impossível de alcançar com os atuais compromissos internacionais, de acordo com especialistas em clima da ONU.
"Há tempo para virar a maré"
"Como as extinções marinhas não progrediram tanto quanto as em terra, a sociedade tem tempo para virar a maré em favor da vida oceânica", escreveram os cientistas Malin Pinsky e Alexa Fredston em um comentário que acompanha o artigo.
"A questão sobre se a humanidade enfrentará o pior ou o melhor dos cenários dependerá das decisões que a sociedade tomar, não apenas sobre as mudanças climáticas, mas também sobre a destruição de habitats, sobrepesca e poluição costeira", alertam Pinsky e Fredston, ponderando, entretanto, que "com uma abordagem coordenada que aborde múltiplas ameaças, a vida oceânica como a conhecemos tem a melhor chance de sobreviver neste século e além".
md/lf (AFP, EFE)
Sete efeitos surpreendentes das mudanças climáticas
Veja algumas consequências inesperadas das mudanças climáticas para a vida na Terra – de perturbações do sono à falta de violinos e o sexo das tartarugas.
Foto: picture-alliance/dpa
Cuidado: Boom de águas-vivas!
Embora haja uma combinação de fatores por trás das enxurradas de águas-vivas que chegam a paraísos de férias como a costa do Mediterrâneo, a mudança climática também é parcialmente responsável. Temperaturas do mar mais altas estão abrindo novas áreas para elas se reproduzirem, além de aumentar a disponibilidade de seu alimento favorito, o plâncton.
Foto: picture-alliance/dpa
A madeira perfeita está sumindo
Prezado pela qualidade sonora, um violino Stradivarius original pode valer milhões de dólares. Mas eventos climáticos extremos, como tempestades violentas, estão matando milhões de árvores e ameaçando a famosa floresta de Paneveggio, no norte da Itália. Replantar árvores não vai ajudar muito no curto prazo: um abeto precisa de pelo menos 150 anos antes de se transformar num violino.
Foto: Angelo van Schaik
Pode esquecer o sono
Em noites muito quentes, dorme-se mal, especialmente nas grandes cidades. Em 2050 as metrópoles europeias poderão ter temperaturas em média 3,5ºC mais altas no verão. Isso não só afeta o sono, mas também o humor, a produtividade e a saúde mental. A única forma de escapar é mudar-se para uma cidade menor, onde as noites são mais frescas, pois há menos prédios e mais vegetação.
Foto: picture-alliance/AP Photo/R.K. Singh
Coitado do nariz
Má notícia para quem sofre de alergia: o aquecimento global faz a primavera chegar mais cedo. Com um período sem geadas mais longo, as plantas têm mais tempo para crescer, florescer e produzir pólen. Portanto, o pólen espalha pelo ar muito mais cedo, o que amplia o tempo de sofrimento dos alérgicos. Será o século das máscaras antipoluição e alergias?
Foto: picture-alliance/dpa/K.-J. Hildenbrand
Bactérias e mosquitos
O calor não só faz suar, mas também afeta a saúde. No fim do século, três quartos da população mundial estarão expostos a ondas de calor mortais. O aumento das temperaturas implica mais doenças diarreicas, pois as bactérias se multiplicam melhor nos alimentos e água tépidos. O número de mosquitos provavelmente também vai aumentar, e com eles a propagação de doenças como a malária.
Foto: picture-alliance/dpa/T. Schulze
Casas estão ruindo
Os solos da região do Polo Norte estão descongelando cada vez mais nos meses de verão. As consequências são dramáticas em nível local e mundial. As temperaturas mais altas tornam os pisos instáveis, as casas e as estradas racham e há muito mais insetos. Além disso, se o permafrost derreter, libertará gases CO2 e metano que podem agravar o aquecimento global. Um círculo vicioso.
Foto: Getty Images/AFP/M. Antonov
O calor e o sexo das tartarugas
A temperatura influencia o sexo de várias espécies. Para as tartarugas marinhas, o calor da areia onde os ovos são incubados determina o sexo do filhote. Temperaturas baixas beneficiam os machos, enquanto fêmeas se desenvolvem melhor nas mais altas. Pesquisadores descobriram que mais de 99% das tartarugas recém-nascidas no norte da Austrália são fêmeas, o que dificulta a sobrevivência da espécie.