Mudanças climáticas são maior ameaça à saúde deste século
29 de novembro de 2018
Especialistas alertam para efeitos do aquecimento global sobre vidas humanas e sistemas de saúde mundo afora. Impactos incluem novos padrões de doenças e maior risco de desnutrição.
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As mudanças climáticas são a maior ameaça à saúde do século 21, e milhões de pessoas já vêm sofrendo suas consequências mundo afora nas últimas duas décadas, alertaram cientistas e profissionais da área da saúde.
Num relatório publicado na revista científica The Lancet nesta quarta-feira (28/11), eles afirmam que os efeitos das mudanças climáticas – de ondas de calor e tempestades mais intensas a enchentes e incêndios – ameaçam sobrecarregar sistemas de saúde pelo mundo.
O estudo, intitulado The Lancet Countdown on Health and Climate Change (Contagem regressiva sobre saúde e mudanças climáticas), envolveu a ONU, agências intergovernamentais e 27 instituições acadêmicas, abrangendo disciplinas que vão de saúde a engenharia e ecologia.
"Um clima num processo acelerado de mudança tem implicações terríveis para todos os aspectos da vida humana, expondo populações vulneráveis a extremos climáticos, alterando padrões de doenças infecciosas e comprometendo a segurança alimentar, a água potável e o ar limpo", alerta o relatório.
Tempestades e enchentes, por exemplo, não causam apenas ferimentos diretos e mortes, mas também podem provocar o fechamento de hospitais e desencadear surtos de doenças e problemas mentais de longo prazo para aqueles que perdem suas casas.
Incêndios florestais, por sua vez, deixam pessoas feridas e desabrigadas, mas também pioram dramaticamente a qualidade do ar em amplas áreas. Os recentes incêndios na Califórnia, impulsionados pela estiagem, deixaram não apenas mais de 80 mortos, mas também poluíram o ar até o estado de Massachusetts, diz Gina McCarthy, da escola de saúde pública de Harvard.
Além disso, temperaturas mais elevadas ligadas às mudanças climáticas estão aumentado o potencial alcance de doenças transmitidas por mosquitos, como a dengue. O clima mais quente também pode aumentar a resistência de micróbios a antibióticos.
Temperaturas mais altas também parecem estar afetando as colheitas mundo afora, diz o relatório. E o aumento dos níveis de CO2 na atmosfera reduz os nutrientes presentes em cereais, aumentando o risco de desnutrição mesmo para os que têm o suficiente para comer, afirma Kristie Ebie, professora de saúde global na Universidade de Washington.
Os efeitos do aquecimento global são mais graves para os mais velhos e os que vivem em cidades, as quais retêm calor e podem ser mais quentes que áreas ao redor, aponta o relatório.
A Europa e a região do Mediterrâneo Oriental, por exemplo, são mais vulneráveis do que a África e o Sudeste Asiático, pois concentram mais pessoas idosas em cidades densamente povoadas, afirmaram os especialistas.
Em comparação com o ano de 2000, 157 milhões de pessoas adicionais em situação vulnerável foram expostas a ondas de calor em 2017. O clima mais quente também levou à perda de 153 bilhões de horas de trabalho no ano passado, um salto de 60% em relação a 2000.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, entre 2030 e 2050, as mudanças climáticas possam causar 250 mil mortes adicionais por ano em consequência de diarreia, malária, desnutrição e estresse por calor.
"Tendências de impactos das mudanças climáticas revelam um risco elevado e inaceitável à saúde, agora e no futuro", afirmou Hilary Graham, professora da Universidade de York, no Reino Unido, e coautora do estudo publicado na The Lancet.
"A falta de progresso na redução de emissões e no estabelecimento de capacidade de adaptação ameaça tanto vidas humanas quanto a viabilidade dos sistemas de saúde nacionais dos quais elas dependem", conclui o relatório, que insta todos os setores a fazerem mais para combater as mudanças climáticas.
LPF/rtr/dpa
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Três quartos dos gases estufa são produzidos pela combustão de carvão, petróleo e gás natural; o resto, pela agricultura e desmatamento. Como se podem evitar gases poluentes? Veja dez dicas que qualquer um pode seguir.
Foto: picture-alliance/dpa
Usar menos carvão, petróleo e gás
A maioria dos gases estufa provém das usinas de energia, indústria e transportes. O aquecimento de edifícios é responsável por 6% das emissões globais de gases poluentes. Quem utiliza a energia de forma eficiente e economiza carvão, petróleo e gás também protege o clima.
Foto: picture-alliance/dpa
Produzir a própria energia limpa
Hoje, energia não só vem de usinas termelétricas a carvão, óleo combustível e gás natural. Há alternativas, que atualmente são até mesmo mais econômicas. É possível produzir a própria energia e, muitas vezes, mais do que se consome. Os telhados oferecem bastante espaço para painéis solares, uma tecnologia que já está estabelecida.
Foto: Mobisol
Apoiar boas ideias
Cada vez mais municípios, empresas e cooperativas investem em fontes energéticas renováveis e vendem energia limpa. Este parque solar está situado em Saerbeck, município alemão de 7,2 mil habitantes que produz mais energia do que consome. Na foto, a visita de uma delegação americana à cidade.
Foto: Gemeinde Saerbeck/Ulrich Gunka
Não apoiar empresas poluentes
Um número cada vez maior de cidadãos, companhias de seguro, universidades e cidades evita aplicar seu dinheiro em companhias de combustíveis fósseis. Na Alemanha, Münster é a primeira cidade a aderir ao chamado movimento de desinvestimento. Em nível mundial, essa iniciativa abrange dezenas de cidades. Esse movimento global é dinâmico – todos podem participar.
Foto: 350.org/Linda Choritz
Andar de bicicleta, ônibus e trem
Bicicletas, ônibus e trem economizam bastante CO2. Em comparação com o carro, um ônibus é cinco vezes mais ecológico, e um trem elétrico, até 15 vezes mais. Em Amsterdã, a maior parte da população usa a bicicleta. Por meio de largas ciclovias, a prefeitura da cidade garante o bom funcionamento desse sistema.
Foto: DW/G. Rueter
Melhor não voar
Viajar de avião é extremamente prejudicial ao clima. Os fatos demonstram o dilema: para atender às metas climáticas, cada habitante do planeta deveria produzir, em média, no máximo 5,9 toneladas de CO2 anualmente. No entanto, uma viagem de ida e volta entre Berlim e Nova York ocasiona, por passageiro, já 6,5 toneladas de CO2.
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Comer menos carne
Para o clima, também a agricultura é um problema. No plantio do arroz ou nos estômagos de bois, vacas, cabras e ovelhas é produzido o gás metano, que é muito prejudicial ao clima. A criação de gado e o aumento mundial de consumo de carne são críticos também devido à crescente demanda de soja para ração animal. Esse cultivo ocasiona o desmatamento de florestas tropicais.
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Comprar alimentos orgânicos
O óxido nitroso é particularmente prejudicial ao clima. Sua contribuição para o efeito estufa global gira em torno de 6%. Ele é produzido em usinas de energia e motores, mas principalmente também através do uso de fertilizantes artificiais no agronegócio. Esse tipo de fertilizante é proibido na agricultura ecológica e, por isso, emite-se menos óxido nitroso, o que ajuda a proteger o clima.
Foto: imago/R. Lueger
Sustentabilidade na construção e no consumo
Na produção de aço e cimento emite-se muito CO2, em contrapartida, ele é retirado da atmosfera no processo de crescimento das plantas. A escolha consciente de materiais de construção ajuda o clima. O mesmo vale para o consumo em geral. Para uma massagem, não se precisa de combustível fóssil, mas para copos plásticos, que todo dia acabam no lixo, necessita-se uma grande quantidade dele.
Foto: Oliver Ristau
Assumir responsabilidades
Como evitar gases estufa, para que, em todo mundo, as crianças e os filhos que elas virão a ter possam viver bem sem uma catástrofe do clima? Esses estudantes estão fascinados com a energia mais limpa e veem uma chance para o seu futuro. Todos podem ajudar para que isso possa acontecer.