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Muhammad Ali

17 de janeiro de 2012

Muhammad Ali comemora seu aniversário de 70 anos na cidade natal, Louisville, abatido pelo Mal de Parkinson. Analistas e fãs são unânimes: ele continua sendo o melhor pugilista de todos os tempos.

Muhammad Ali nocauteia George Foreman em 1974Foto: picture-alliance/UPI

Muhammad Ali virou boxeador depois que teve a bicicleta roubada. Ele tinha 12 anos e vivia como Cassius Marcellus Clay Jr. em Louisville, Kentucky. O descobridor dele, Joe Martin, disse que o menino veio chorando para os seus braços e jurou que iria dar uma surra no ladrão.

O treinador de boxe acolheu o jovem Cassius, garoto negro e de família pobre, entre seus protegidos. "Ele foi o mais dedicado de todos os garotos que eu já treinei", lembra. Embora o seu soco ainda não tivesse pegada, o menino já era extremamente ágil e rápido com as pernas. Em 1960, os 18 anos, sagrou-se campeão olímpico da categoria meio-pesado em Roma​​.

Mais tarde, ele teria jogado a medalha de ouro no rio Ohio, revoltado com a discriminação racial em sua cidade natal. Depois de 100 vitórias em 108 lutas, encerrou sua carreira amadora, e onze empresários brancos de Louisville uniram forças para financiar a entrada do atleta no boxe profissional.

O maior

Extremamente talentoso, era tido como arrogante e falastrão. Antes de suas lutas, Clay se autodefinia como o "maior e mais bonito lutador de boxe de todos os tempos" e provocava os oponentes. Em sua primeira luta por um cinturão de campeão mundial, em fevereiro de 1964, contra o então campeão Sonny Liston, Clay era tido como a zebra. Mas depois de seis assaltos, Liston jogou a toalha. "Eu sou o maior", rugiu o novo campeão mundial no microfone.

O jovem Cassius ClayFoto: AP

Nesse mesmo ano, o pugilista entrou para a organização Nation of Islam, do ativista negro dos direitos civis Malcolm X. Ele abandonou o nome Cassius Clay e assumiu o nome Muhammad Ali. Após ter se recusado a entrar para o serviço militar, em 1967, Ali perdeu não só sua licença de boxeador como também foi condenado a cinco anos de prisão, sendo solto após pagar fiança. Depois disso, não perdia uma oportunidade para protestar publicamente contra a Guerra do Vietnã.

A luta do século

Artistas e intelectuais, como os astros de Hollywood Richard Burton e Henry Fonda e o escritor Truman Capote, engajaram-se pessoalmente para garantir que Ali recebesse permissão para voltar aos ringues. A pausa forçada durou três anos. Depois de duas lutas preparatórias, Muhammad Ali subiu em 8 de março de 1971 ao ringue do Madison Square Garden, em Nova York, para a "Luta do Século" contra o então campeão mundial Joe Frazier, um duelo que era muito mais do que apenas esporte.

Derrota contra Joe Frazier, em 1971Foto: picture-alliance/dpa

Devido ao seu envolvimento político, Ali era considerado representante da contracultura americana, enquanto Frazier representava a ordem estabelecida. Frazier ganhou por pontos numa prodigiosa batalha de 15 assaltos. No último round, Ali chegou a ir à lona pela primeira vez em sua carreira.

Ali Shuffle

Seguiram-se outras lutas que entraram para a história do boxe. "Rumble in the Jungle" (luta na selva) foi uma delas. Em 1974, Ali desafiou em Kinshasa, na atual República Democrática do Congo, o pugilista George Foreman, campeão mundial invicto até então. Foreman tinha ganhado a maioria de suas lutas por nocaute. Seu adversário o enfrentou lançando mão do chamado "Ali shuffle", passo em que o pugilista dançava no ringue. "Flutue como uma borboleta, pique como uma abelha": assim Ali descrevia seu estilo.

Diante de quase 100 mil espectadores, o desafiante se deixou empurrar para as cordas nos primeiros assaltos, ricocheteava nelas, amortecendo os golpes de Foreman, e ficava provocando o adversário o tempo todo. No oitavo round, Ali mandou o campeão do mundo para a lona, tornando-se o segundo peso-pesado, depois de Floyd Patterson, a ganhar pela segunda vez o cinturão de campeão e quebrar a velha máxima do pugilismo: they never come back. A façanha foi repetida em 1978, quando se tornou campeão do mundo pela terceira vez, com uma vitória contra Leon Spinks.

Muhammad Ali em janeiro de 2012Foto: AP

Inglório fim de carreira

Uma das melhores lutas da história do boxe, conhecida como "Thrilla in Manila", foi o duelo contra Joe Frazier, em 1975. Frazier desistiu depois de 14 disputados rounds. Esse nível de boxe não tornou a ser alcançado por Ali posteriormente. Ele deixou passar o momento certo para encerrar sua carreira profissional. Depois de perder para Trevor Berbick, Muhammad Ali se despediu dos ringues no final de 1981, após quase 40 anos de carreira.

Ali e Foreman em 1997: de adversários a amigosFoto: Getty Images/Stewart Cook

Nessa época, já sofria do Mal de Parkinson. Sua condição se deteriorou rapidamente nos anos seguintes. Ali começou a ter dificuldade para falar e passou a sofrer disfunções motoras graves, possivelmente em consequência dos muitos golpes que recebeu como pugilista. Na abertura dos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996, quando acendeu a pira olímpica com a mão trêmula, seu destino tocou o mundo. Ele recebeu honrarias de todos os tipos. Em 1999, o Comitê Olímpico Internacional nomeou Ali como Atleta do Século. Seu ex-adversário George Foreman é hoje um amigo. "Para mim, ele é um herói, o maior ser humano que já se tornou pugilista até hoje", diz o ex-concorrente.

Autor: Stefan Nestler (md)
Revisão: Alexandre Schossler

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