"Mulher pode ser o que quiser", diz Ana Marcela após ouro
4 de agosto de 2021
Oitava brasileira a conquistar uma medalha em Tóquio, um recorde para o Brasil, nadadora baiana defende a igualdade de gênero e celebra o primeiro ouro olímpico da natação feminina brasileira.
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A nadadora Ana Marcela Cunha conquistou a medalha de ouro na prova dos 10 km da maratona aquática dos Jogos Olímpicos de Tóquio nesta quarta-feira (04/08, terça à noite no Brasil), tornando-se a primeira brasileira campeã olímpica de natação e garantindo um recorde para as mulheres.
Após a vitória, ela classificou a conquista como a coroação de sua carreira. "Meu sonho era esse, eu não só queria participar dos Jogos, queria ser medalhista, e poder me tornar campeã olímpica coroa minha carreira", disse a atleta, de 29 anos, após vencer a prova disputada na Marina de Odaiba com o tempo de 1h59min30s8.
A medalha de prata ficou com holandesa Sharon van Rouwendaal (ouro nos Jogos de 2016, no Rio de Janeiro), que fez o tempo de 1h59min31s7, enquanto a australiana Kareena Lee ficou com o bronze, com a marca de 1h59min32s5.
Ana Marcela também defendeu a igualdade de gênero. "A mulher pode ser o que ela quiser, onde quiser e como quiser. [A medalha] também é fruto do tanto que a gente vem recebendo de ajuda por igualdade", disse em entrevista coletiva.
Ela agradeceu ao Comitê Olímpico Internacional (COI) pelo apoio às mulheres. "O Comitê Olímpico tem acreditado e ajudado muito, independente se é masculino ou feminino, mas, sim, na meritocracia das coisas [...] Acho que as mulheres estão vindo com aquele gostinho especial", disse.
Recorde feminino
Com o ouro de Ana Marcela, o quarto do Brasil e o 15º pódio do país em Tóquio, o número de medalhas conquistadas por mulheres representando o país nesta edição dos Jogos Olímpicos chegou a oito, quebrando o recorde de sete em Pequim em 2008.
Até agora, além de Ana Marcela as brasileiras que subiram ao pódio em Tóquio são: a ginasta Rebeca Andrade (ouro no salto e prata no individual geral); a dupla Martine Grael e Kahena Kunze (ouro na vela); Rayssa Leal (prata no skate); a dupla Laura Pigossi e Luisa Stefani (bronze no tênis); e Mayra Aguiar (bronze no judô).
A nona medalha feminina brasileira já foi garantida por Beatriz Ferreira no boxe até 60 kg – ela se classificou para a semifinal, o que significa que já tem no mínimo o bronze assegurado.
Além das mulheres, Ana Marcela também contribuiu para a representatividade LGBTQ em Tóquio, a edição dos Jogos Olímpicos com mais atletas abertamente homossexuais, bissexuais, trans ou não binários. Ao falar a jornalistas após a conquista do ouro, a nadadora agradeceu à namorada.
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"Tentei ser europeia, agir com frieza"
Nascida em Salvador, Ana Marcela já foi eleita seis vezes a melhor atleta do mundo em maratonas aquáticas. Além disso, ela é tetracampeã mundial em provas de 25 km (2011, 2015, 2017 e 2019) e foi campeã pan-americana em Lima (2019) na prova de 10 km.
Quando tinha apenas 16 anos, conseguiu ficar em quinto lugar na maratona de 10 km em sua estreia olímpica, em Pequim em 2008. Após ficar de fora dos Jogos de Londres, em 2012, chegou como uma das favoritas ao pódio à Rio 2016, mas acabou ficando na 10ª colocação.
Antes da prova desta quarta, ela disse que o plano era manter a cabeça fria e disse: "Para ganhar de mim vai ter que nadar muito".
"Nessa final, eu tentei ser meio europeia, como a gente fala... Ter sangue frio, ter tranquilidade. Somos latinos, somos coração, então, foi muito mais pela razão do que pela emoção", declarou a brasileira após a vitória.
"Estou muito feliz, não só pela medalha, mas por ser campeã olímpica. Acho que nunca imaginei estar aqui agora", celebrou.
A medalha de Ana Marcela é a segunda do Brasil em provas de maratona aquática nos Jogos Olímpicos. Na Rio 2016, Poliana Okimoto garantiu um bronze.
Após a conquista histórica, Ana Marcela já anunciou seu próximo objetivo: "Ser campeã olímpica aqui é muito importante, eu ainda não fui campeã mundial nos 10 km, o que também é muito importante. Então saio daqui querendo mais para o ano que vem."
lf (Agência Brasil, Efe, AFP, ots)
As mascotes dos Jogos Olímpicos
Os Jogos tiveram mascotes a partir de 1972, em Munique. Animais e figuras reais ou fantasiosas representam cada edição e motivam atletas e espectadores.
Foto: kyodo/dpa/picture alliance
Munique 1972: cão-salsicha Waldi
A primeira mascote da história dos Jogos Olímpicos foi o dachshund (cão-salsicha) Waldi. O famoso designer alemão Otl Aicher, que o concebeu para Munique 1972, escolheu esta raça canina porque ela se caracteriza pela resistência, tenacidade e agilidade, atributos importantes dos atletas.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Weigel
Montreal 1976: o castor Amik
O castor preto Amik representa, para os canadenses, trabalho árduo. O nome significa castor na língua algonquin, a mais difundida entre os indígenas canadenses. A escolha pelo animal, nativo do Canadá, se deveu a características importantes para um atleta: paciência e trabalho duro para construir as barragens onde vive.
Foto: Sven Simon/imago
Moscou 1980: o urso Misha
Em 1980, os Jogos em Moscou tiveram o animal nacional da Rússia como mascote. Ele foi concebido pelo caricaturista e ilustrador de livros infantis russo Viktor Chizhikov, que alcançou fama internacional com Misha. A imagem da mascote chorando na cerimônia de encerramento emocionou o mundo.
Foto: Sven Simon/imago
Los Angeles 1984: a águia Sam
Outro animal símbolo nacional: a águia Sam. Idealizado pelo desenhista Robert Moore, dos estúdios Disney, o animal tinha um chapéu cartola e gravata borboleta nas cores da bandeira dos Estados Unidos.
Foto: Tony Duffy/Getty Images
Seul 1988: o tigre Hodori
Nos Jogos na capital da Coreia do Sul, o escolhido foi o tigre Hodori, um animal enraizado na cultura e mitologia coreanas, e que representa vigor e espírito de luta. Em sua cabeça, a mascote usa um sangmo, chapéu típico de músicos populares sul-coreanos. Seu criador foi Kim Hyun. O nome é uma mistura de horangi, que significa tigre, e dori, diminutivo de garoto.
Foto: Sven Simon/imago
Barcelona 1992: o cão pastor Cobi
A mascote espanhola idealizada pelo designer Javier Mariscal no estilo do cubismo foi uma homenagem ao pintor espanhol Pablo Picasso. O nome vem do comitê organizador dos Jogos de Barcelona.
Foto: Pressefoto Baumann/imago
Atlanta 1996: Izzy
Izzy foi a primeira mascote olímpica que não representava um animal típico do país. O designer americano John Ryan criou uma criatura puramente imaginária. O difícil era dizer do que se tratava, tanto que o nome é uma abreviação de "Whatizit", forma informal da pergunta "What’s it?" (O que é isso?, em inglês).
Foto: Michel Gangne/AFP/Getty Images
Sydney 2000: Olly, Syd e Millie
Pela primeira vez, os Jogos tiveram três mascotes numa edição. Criadas pelo designer Matthew Harton, elas representam animais nativos australianos. Olly, cujo nome vem de Olimpíada, é um pássaro kookaburra; Syd, versão reduzida de Sydney, é um ornitorrinco; e Millie, batizada em homenagem ao novo milênio, é um equidna, espécie de porco-espinho.
Foto: Arne Dedert/dpa/picture-alliance
Atenas 2004: Athena e Phevos
As mascotes dos Jogos Olímpicos de Atenas foram uma homenagem à mitologia grega. Athena e Phevos receberam os nomes de irmãos do Olimpo. Athena era a deusa da sabedoria e deu o nome à cidade onde se realizaram os Jogos. Phevos era o outro nome de Apolo, deus da luz e da música. A inspiração para o desenho, feito por S. Gogos, foi uma "aitala", boneca de terracota encontrada em escavações.
Foto: Alexander Hassenstein/Bongarts/Getty Image
Pequim 2008: Beibei, Jingjing, Huanhuan, Yingying e Nini
Os Jogos na capital chinesa tiveram cinco mascotes, cada um numa cor dos anéis olímpicos: Beibei, um peixe; Jingjing, um panda; Huanhuan, o fogo olímpico; Yingying, um antílope tibetano; e Nini, uma andorinha. Os nomes foram derivados de "Beijing huanying ni", que significa "Pequim lhe dá as boas-vindas".
Foto: Kazuhiro Nogi/AFP/Getty Images
Londres 2012: Wenlock e Mandeville
Wenlock e Madeville – esta última mascote dos Jogos Paralímpicos – lembram gotas de aço. Elas têm na cabeça um escudo laranja que lembra os sinais luminosos sobre os táxis ingleses. O olho, uma câmera, simboliza a era digital. Um nome vem de Much Wenlock, que teria inspirado o Barão de Coubertin a criar os Jogos da Era Moderna, e o outro vem de Stoke Mandeville, berço do Movimento Paralímpico.
Foto: Julian Finney/Getty Images
Rio 2016: Vinícius e Tom
A mascote Vinícius é uma mistura de macaco e gato selvagem e representa a fauna brasileira. Já a mascote paralímpica Tom combina várias plantas e representa a flora brasileira. Os nomes foram inspirados em Vinícius de Moraes e Tom Jobim.
Foto: Sebastiao Moreira/dpa/picture alliance
Tóquio 2020: Miraitowa e Someity
Miraitowa significa "futuro" (mirai) e "eternidade" (towa), em japonês. O projeto do artista Ryo Taniguchi foi escolhido por estudantes japoneses e combina futurismo com o tradicional estilo mangá. Já Someity, mascote dos Jogos Paralímpicos, mistura o termo "Someiyoshino", um tipo popular de flor de cerejeira, e a expressão "so mighty" (tão poderoso, em inglês).
Foto: picture-alliance/Kyodo/Maxppp
Paris 2024: os barretes Les Phryges
As mascotes dos Jogos de Paris também vêm em dupla: Les Phryges, em versão olímpica e paralímpica. Sua forma é inspirada no barrete frígio, "uma peça de vestuário que é um simbolo de liberdade, tem sido parte de nossa história há séculos e data a tempos remotos", "um símbolo de revoluções" e onipresente na França, explica o website do evento.