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Mulheres: competentes, mas longe da liderança

Ulrike Hummel (sv)20 de abril de 2006

As mulheres na Europa recebem, via de regra, uma formação profissional até melhor do que os homens. Mesmo assim, raramente assumem posições de liderança. Isso acontece também na Alemanha. Saiba porque.

Por incrível que pareça, alemães duvidam que seja possível conciliar filhos e profissãoFoto: Bilderbox

Nos altos escalões das grandes empresas alemãs, os homens estão sozinhos. Segundo uma pesquisa realizada pelo Departamento de Estatísticas da União Européia (Eurostat), apenas 10,4% dos executivos alemães em posição de destaque são mulheres.

Mesmo considerando que o número de mulheres que ocupam altos cargos duplicou nos últimos dez anos, não se pode ignorar um fenômeno "velado", que impede de forma quase imperceptível, mas eficaz, o crescimento da força de trabalho feminina dentro das empresas.

Pouquíssimas mulheres nos altos escalões

Na empresa de telefonia Deutsche Telekom, por exemplo, o número de mulheres ocupando cargos de liderança aumentou no último ano, chegando a 17,5%. Entre os altos executivos, porém, as mulheres continuam subrepresentadas, afirma Maud Pagel, encarregada de questões relacionadas à equiparação de direitos e diversidade na Deutsche Telekom.

A cota de mulheres em posições de liderança na Alemanha é de meros 4%. E das empresas que compõem o índice DAX na Bolsa de Valores de Frankfurt, apenas uma possui uma mulher como executiva.

O mito da incompatibilidade

As razões para tal cenário são diversas. Na Alemanha, não são poucos os que acreditam na impossibilidade de conciliar emprego e família. "O empecilho é o mito, segundo o qual as duas funções não são compatíveis", acredita Andra Löther, do Centro de Competência Mulheres na Ciência e na Pesquisa, em Bonn.

Ou seja, quando profissionais que ocupam cargos de chefia acreditam que família e carreira não são passíveis de serem conciliadas, as mulheres acabam recebendo menos incentivo e apoio.

Imagem tradicional da mulher

Embora, em tempo de discursos politicamente corretos, há sempre alguém que lembre a importância de mulheres ocupando posições de liderança entre o empresariado, a prática na Alemanha está a anos-luz disto.

"Reinam os modelos de pensamento tradicionais. Mesmo que várias pesquisas demonstrem que os homens jovens querem se livrar do papel de mantenedores da família. Além disso, as mulheres talvez ainda precisam aprender a ter mais coragem para dizer que querem assumir cargos de liderança", lembra Maud Pagel.

Diversidade como fator econômico

Competência na área de atuação e o desejo de realizar um bom trabalho muitas vezes não são suficientes para aumentar a porcentagem da força de trabalho feminina nos altos escalões das empresas.

Se nos anos 90 pôde-se perceber uma tentativa de incentivar as mulheres a conciliar trabalho e profissão, hoje muitas empresas priorizam ainda mais a qualificação e o desenvolvimento na área de atuação. No caso da Deutsche Telekom, porém, a diversidade de pessoal em relação a sexo, idade, religião e classe social é vista como um bônus para o sucesso empresarial. Inclusive para o crescimento econômico.

Work-life balance e diversity são hoje, para várias empresas, as palavras-chave em termos de recursos humanos. Nos Estados Unidos, há pesquisas segundo as quais empresas que possuem mulheres em posições de liderança e, com isso, uma diversidade maior em seus quadros de chefia, são mais rentáveis economicamente.

Árduo caminho pela frente

O modelo de política de recursos humanos recomendado pela União Européia é o do gerenciamento de gênero, que tem como meta, acima de tudo, a equiparação de direitos entre homens e mulheres. Esta é vista como uma espécie de tarefa social e não se orienta primeiramente pelas exigências do mercado.

É freqüente esquecer-se que a diversidade – inclua-se aí também a diversidade sexual dos funcionários – surte efeitos nos negócios de uma empresa, pois também os clientes, homens e mulheres, diferem em seus perfis, diz Maud Pagel.

"Sendo assim, os produtos, processos e medidas que se tomam para responder à demanda destes clientes são também diferentes", completa a especialista. Neste sentido, acredita Pagel, há ainda muito o que fazer na Alemanha.

Mão-de-obra do futuro

Em várias multinacionais, a questão do gênero e a diversidade dos recursos humanos já passou a fazer parte da ordem do dia. Isso porque, em vários setores, há carência de mão-de-obra qualificada.

Também em função do desenvolvimento demográfico (envelhecimento da população e baixa taxa de natalidade), os especialistas sabem que, a médio prazo, vai haver carência de pessoal no mercado. As mulheres, neste contexto, são vistas como "reservas talentosas", sem as quais o futuro não seria mais planejável.

O caminho, porém, parece ser árduo até chegar o dia em que as mulheres vão receber a cota que lhes cabe como altas executivas na Alemanha. Um dia em que se poderá, enfim, falar de equiparação de direitos entre os sexos.
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