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Mulheres em desvantagem no mercado alemão

(ms)8 de março de 2004

Um estudo feito pela União Européia revelou que na Alemanha as mulheres continuam em desvantagem no mercado de trabalho. Recebem menos e não têm a mesma perspectiva de fazer carreira como os homens.

Menor remuneração para o sexo femininoFoto: dpa

O relatório da União Européia sobre igualdade de direitos no mercado de trabalho revelou que na Europa as mulheres têm uma qualificação profissional melhor mas continuam sendo mal pagas. Os homens recebem em média um salário 16% mais alto do que as mulheres. Os países com a maior disparidade em termos de remuneração são a Grã-Bretanha e a Alemanha, de acordo com o documento divulgado em Bruxelas.

Em todos os segmentos econômicos da Alemanha as mulheres recebem em média 25% a menos que seus os colegas homens. No funcionalismo público a diferença é ainda maior, ultrapassando os 30%. Este, entretanto, não é o único aspecto dissonante em se tratando da igualdade de chances no mercado de trabalho alemão.

Existem determinados tipos de trabalho feitos basicamente pelo sexo feminino que não oferecem qualquer perspectiva de crescimento profissional e conseqüente aumento de salário. É o caso das secretárias, por exemplo, que exercem uma profissão importante mas desvalorizada e mal remunerada, citou Ulrike Liebert, professora de estudos sobre a Europa da Universidade de Bremen.

Maternidade x carreira

Outro aspecto contraproducente para a conquista de uma melhoria salarial é o longo afastamento do emprego durante a licença maternidade, que na Alemanha pode durar até três anos. Ficar em casa cuidando dos filhos gera também um descompasso em relação mercado de trabalho. As chances de uma reintegração vão diminuindo a medida que em aumenta o tempo de afastamento.

Mesmo cientes deste problema, muitas mulheres acabam sendo forçadas a ficar em casa simplesmente porque não encontram quem cuide de seus filhos. A Alemanha não dispõe de uma infra-estrutura satisfatória em termos de creches e jardins de infância. Exatamente por isso, conciliar carreira e maternidade é uma questão bastante conflituosa especialmente para as jovens.

Mãe ou bruxa?

"A Alemanha ainda está bastante arraigada à mentalidade de que o lugar da mulher e principalmente das mães é em casa cuidando da família. Elas podem ser vistas como uma bruxa se deixar seus filhos pequenos numa creche", assegurou Liebert.

A mulher gasta em média 31 horas por semana com uma atividade não remunerada: os afazeres domésticos. Já os homens despendem apenas 19,5 horas com a mesma função. No mercado de trabalho a situação é inversa: as mulheres trabalham em média 12 horas por semana, metade da carga horária média masculina.

No caminho oposto

O fato de as mulheres trabalharem menos fora de casa acarreta outro problema, palpável no futuro. Com o salário modesto, a sua contribuição para o fundo de aposentadoria é menor e o dinheiro a receber será equivalente às mensalidades pagas, ou seja, muito pouco. Existem planos particulares de aposentadoria.

Estes planos, porém, acabam servindo apenas à classe mais abastada, já que as mulheres com renda menor não conseguem se dar ao luxo de dispor de uma quantia fixa todo o mês para garantir uma aposentadoria melhor.

Muitos instrumentos jurídicos poderiam evitar tal desequilíbrio entre os sexos, garantiu Ulrike Rust, professora de direito social e trabalhista da Universidade de Bremen. Infelizmente a Alemanha caminha na direção oposta. Para a catedrática, a situação da mulher no mercado de trabalho piorou ainda mais depois das recentes reformas implantadas pelo governo alemão.

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