Mulheres garantem maioria das medalhas do Brasil em Paris
11 de agosto de 2024
Pela primeira vez em maior número na delegação olímpica, mulheres garantiram 60% dos pódios do país nos Jogos de 2024 - e todos os ouros da competição.
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A campanha brasileira nos Jogos Olímpicos de Paris chegou ao fim neste domingo (11/08) dominada pelas mulheres, que foram responsáveis por 12 das 20 medalhas do país. E mais: todos os três ouros da delegação brasileira foram conquistados por mulheres: Beatriz Souza no judô, Rebeca Andrade na ginástica artística e Ana Patrícia e Duda no vôlei de praia.
Pela primeira vez em mais de cem anos de participações do país em Olimpíadas, a delegação do Brasil teve mais mulheres do que homens: 153 contra 126, uma fatia correspondente a 55% do total - superior aos 47% nos Jogos de Tóquio, há três anos.
Além dos três ouros, o Brasil terminou os jogos com sete medalhas de prata e dez de bronze, resultando na segunda melhor participação do país em Jogos, atrás apenas das 21 medalhas conquistadas em Tóquio há três anos. Mas, na contagem de ouros, o país ficou aquém das sete conquistadas tanto no Japão quanto nos Jogos do Rio em 2016.
Os Jogos de Paris também coroaram Rebeca Andrade como a maior medalhista olímpica do país, agora com seis no total, ultrapassando Robert Scheidt e Torben Grael, antigos detentores da posição. Na capital francesa, a ginasta protagonizou alguns dos principais momentos da Olimpíada ao rivalizar com a atleta americana Simone Biles. A brasileira levou a melhor no solo, ganhando o ouro, e também conquistou prata no individual geral e no salto e bronze por equipes.
O primeiro ouro do Brasil em Paris veio com Beatriz Souza na categoria pesado do judô. Já o ouro conquistado por Duda e Ana Patrícia deu fim a um jejum de 28 anos sem mulheres brasileiras subirem ao lugar mais alto do pódio no vôlei de praia olímpico. No surfe, a prata de Tatiana Weston-Webb foi a primeira medalha de uma mulher brasileira na modalidade.
Na coletiva de imprensa convocada pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) neste domingo para realizar um balanço da campanha brasileira em Paris, o papel dominante das mulheres nos resultados brasileiros foi abordado.
"Há dois ciclos olímpicos, o COB começou a investir especificamente nas mulheres. Não só atletas, mas também para tentar aumentar o número de treinadoras e gestoras. O que vimos aqui em Paris no esporte reflete o que está acontecendo na sociedade: a mulher cada vez mais se fortalecendo" disse Mariana Mello, subchefe da Missão Paris 2024 e gerente de Planejamento e Desempenho Esportivo do COB.
O chefe da missão e diretor-geral do COB, o ex-medalhista olímpico Rogério Sampaio, também destacou a performance das mulheres brasileiras.
"Queremos sempre ultrapassar barreiras, quebrar recordes, vencer sempre. Acho que nesses Jogos Olímpicos conseguimos quebrar alguns desses recordes, algumas dessas barreiras, principalmente no que diz respeito ao esporte feminino, o que nos deixa bastante satisfeitos", afirmou Sampaio.
jps (Agência Brasil, Reuters)
Paris 2024: Momentos icônicos dos Jogos Olímpicos
Além de medalhas e recordes, cada dia de competição em Paris também rende imagens extraordinárias e únicas. O Brasil marca presença entre momentos mais comentados dos jogos.
Foto: Li Jing/Xinhua/IMAGO
Brasil na dianteira
O brasiliense Caio Sena Bonfim, 33 anos, ficou em segundo lugar na marcha atlética. A medalha de Caio foi a segunda prata brasileira em Paris e coroa uma história familiar com essa modalidade do atletismo, um esporte negligenciado no país. Ele é filho de Gianetti Sena Bonfim, oito vezes campeã brasileira, e João Bonfim, também marchador.
Foto: Sven Hoppe/dpa/picture alliance
Rebeca Andrade fez história não só pelos recordes no Brasil
A medalha de ouro no solo da recordista olímpica foi marcada por um momento histórico para o esporte. Com as americanas Simone Biles e Jordan Chiles, com prata e bronze, respectivamente, esse foi o primeiro pódio só com mulheres negras na história da ginástica artística em Olimpíadas. A primeira vez que mulheres pretas conquistaram medalhas no esporte foi nos Jogos de Barcelona, em 1992.
Foto: Marijan Murat/dpa/picture alliance
Gira, gira, gira...
A atleta ítalo-nigeriana Daisy Osakue representa a Itália na qualificação para lançamento de disco feminino, no Stade de France. Ela ficou em quinto lugar e foi para a final.
Foto: Pawel Kopczynski/REUTERS
Fair play
A jogadora brasileira Tamires Araujo causou comoção geral ao carregar a adversária Albertina Kassoma, da seleção de Angola, para fora do campo depois que ela se machucou durante partida de handebol feminino. O Brasil venceu por 30 a 19 e avançou nas quartas de final das Olimpíadas de Paris. Ambos países falam português, o que facilitou a conexão entre as atletas.
Foto: Brian Inganga/AP/picture alliance
Momento decisivo nas ondas
Foto do surfista brasileiro Gabriel Medina durante disputa das oitavas de final do surfe contra o japonês Kanoa Igarashi já nasceu viral. Ganhou o mundo pela captura do momento decisivo em que ele parece flutuar sobre o mar, após terminada a onda, feita pelo fotógrafo francês Jérôme Brouillet, da Agência France-Presse. A imagem irá estampar capa de caderno de uma marca brasileira.
Foto: JEROME BROUILLET/AFP
O esporte mais exaustivo
Dificilmente uma competição olímpica exige tanto dos participantes como o decatlo. A modalidade olímpica consiste em dez provas diferentes, realizadas em dois dias, e é disputada exclusivamente por homens. Após a corrida final de 1.500 metros, os atletas estão exaustos e aliviados por terem conseguido. Mas eles comemoram juntos e também fazem a volta de honra juntos como grupo.
Foto: Li Jing/Xinhua/IMAGO
Vice-rei da caixa de areia
Quem vence o decatlo nos Jogos Olímpicos é reverenciado como rei entre os atletas de atletismo. O alemão Leo Neugebauer atinge 7,98 metros no salto em distância – a melhor marca pessoal para ele nesta modalidade. No final, o favorito ganhou a prata atrás do "rei surpresa" Markus Rooth, da Noruega.
Foto: David J. Phillip/AP/dpa/picture alliance
E o rio Sena?
Preocupações sobre a qualidade da água do Sena e os níveis de bactérias aceitáveis estiveram presentes em toda a competição. Primeiro, os treinos de triatlo e as competições masculinas foram adiados porque a água estava muito ruim e a correnteza é muito forte. Já na prova feminina, 19 participantes saltam no rio alguns segundos antes do sinal de largada.
Foto: Jeff Pachoud/AFP/Getty Images
Forever Young
Cavaleiro norte-americano Ronald Zabala Goetschel cai de seu cavalo, chamado Forever Young, em percurso dos Jogos Olímpicos de Paris.