Mulheres protestam contra uso do véu islâmico no Irã
29 de janeiro de 2018
Em gesto simbólico, iranianas tiram o hijab em ruas movimentadas de Teerã e, com os cabelos à mostra, erguem-no na ponta de um galho. Pelo menos seis já foram presas.
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Uma série de mulheres voltou às ruas do Irã em protesto contra a lei que obriga o uso do véu islâmico no país, segundo mostram imagens publicadas em redes sociais nesta segunda-feira (29/01). Pelo menos seis delas foram detidas após, num gesto simbólico, tirarem o hijab e segurá-lo na ponta de um galho, com o cabelo à mostra.
No Twitter, jornalistas iranianas compartilharam ao longo do dia uma série de fotos de mulheres em cima de bancos ou caixas de fiação, erguendo seus véus como se fossem bandeiras.
"Essas mulheres são realmente corajosas. Tirar seu hijab em uma rua movimentada para fazer uma manifestação política desse tipo pode levá-las ao pagamento de multa ou mesmo à cadeia", escreveu a jornalista Negar Mortazavi.
As mulheres detidas nesta segunda, ainda não identificadas, repetiram o gesto de Vida Movahed, presa em 27 de dezembro passado, em manifestação contra o uso compulsório da vestimenta islâmica, um dia antes de se alastrarem os protestos contra o governo de Hassan Rohani em todo o país.
Imagens que circularam à época nas redes sociais mostravam Movahed erguendo o hijab também no centro de Teerã, sendo posteriormente detida pela polícia iraniana. O uso do véu para cobrir os cabelos de mulheres é obrigatório no Irã desde a Revolução Islâmica, em 1979.
Movahed acabou se tornando símbolo das marchas posteriores contra o governo, que tiveram inicialmente como alvo a inflação e o desemprego, mas logo se voltaram contra Rohani e o regime como um todo. Confrontos violentos durante os dez dias de protestos deixaram cerca de 25 mortos.
Nesta segunda-feira, após longo mistério sobre o paradeiro de Movahed depois de sua detenção, a advogada Nasrin Sotoudeh, conhecida no país por defender os direitos humanos, informou que a manifestante iraniana foi solta pelas autoridades.
À agência de notícias AFP, Sotoudeh declarou ter tido acesso ao caso de Movahed na Justiça e ter sido informada por uma autoridade judicial que a mulher foi "libertada".
"Muitas meninas e mulheres estão fartas dessa violência. Deixem as mulheres assumirem o controle de seus próprios corpos", escreveu a advogada em publicação no Facebook, referindo-se ao uso obrigatório do véu islâmico no Irã.
EK/afp/dpa/ots
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Dez mulheres que fizeram história
Ao longo da história, houve várias pioneiras, seja na ciência ou na luta pelo voto feminino e o direito à educação. Conheça algumas mulheres que se destacaram no seu tempo.
Foto: Hilary Jane Morgan/Design Pics/picture alliance
Primeira rainha-faraó
Após a morte de seu marido, o faraó Tutmés 2º, Hatschepsut assumiu o trono em 1479 a.C., como rainha-faraó tanto do Alto quanto do Baixo Egito. As duas décadas em que esteve no poder foram de paz e de prosperidade econômica. Seu sucessor, Tutmés 3º, no entanto, tentou apagar todos os vestígios da primeira rainha-faraó da história.
Foto: picture alliance/dpa/C.Hoffmann
Mártir francesa
Na Guerra dos Cem Anos entre Inglaterra e França, Joana d'Arc, uma filha de camponeses de 13 anos, teve uma visão. Santos pediram a ela que salvasse a França e trouxesse Carlos 7º ao trono. Em 1430, ela foi presa durante uma missão militar. No julgamento, em que virou heroína da França, foi condenada a morrer na fogueira. Mais tarde, seria reabilitada e, em 1920, canonizada por Bento 15.
Foto: Fotolia/Xavier29
Catarina, a Grande
Com um golpe audacioso, Catarina 2ª derrubou o odiado marido do trono e se proclamou imperatriz da Rússia. Ela provou sua capacidade de governar ao dominar todo o território russo e liderar campanhas militares até a Polônia e a Crimeia. Graças a isso, Catarina é a única governante do mundo com o epíteto "a Grande".
Foto: picture alliance/akg-images/Nemeth
Monarca perspicaz
Quando Elisabeth 1ª ascendeu ao trono britânico, ela assumiua supremacia sobre um país em revolta. Ela acabou conseguindo apaziguar a guerra religiosa entre católicos e protestantes, e trouxe uma era de prosperidade ao império britânico. A cultura viveu seu auge com Shakespeare e os navios britânicos derrotaram a armada espanhola.
Foto: public domain
Feminista radical
Em 1903, Emmeline Pankhurst (1858-1928) fundou o movimento feminista no Reino Unido. Na luta para que as mulheres pudessem votar, fez greve de fome, incendiou casas e foi condenada. Em 1918, conseguiu que mulheres a partir dos 30 anos pudessem votar. Morreu em 1928, ano em que começou a vigorar na Inglaterra o sufrágio universal para as mulheres.
Foto: picture alliance/akg-images
Revolucionária alemã
Num tempo em que as mulheres ainda não podiam votar, Rosa Luxemburg estava à frente do revolucionário movimento social-democrático alemão. Cofundadora do movimento de esquerda Liga Espartaquista e do Partido Comunista da Alemanha, tentou acelerar o fim da Primeira Guerra Mundial com greves em massa. Após a repressão da revolta espartaquista, em 1919, ela foi assassinada por militares alemães.
Foto: picture-alliance/akg-images
Grande pesquisadora
Marie Curie (1867-1934) foi uma das pioneiras na pesquisa da radioatividade, o que inclusive lhe rendeu um Nobel de Física, em 1903, mas também os sintomas da então ainda desconhecida doença provocada pela radiação. A descoberta dos elementos Rádio e Polônio lhe valeu o Nobel de Química em 1911. Após a morte do marido, Pierre, ela assumiu sua cátedra, tornando-se a primeira professora na Sorbonne.
Foto: picture alliance/Everett Collection
Diário revelador
"Sua Anne". Assim Anne Frank termina o diário que escreveu entre 1942 e 1944. Na última foto, a garota de 13 anos ainda sorri despreocupada. Dois meses mais tarde, em julho de 1942, ela se mudaria para o esconderijo em Amsterdã. Ali ela viveu na clandestinidade até ser deportada para Auschwitz, onde morreu em março de 1945. Seu diário é um dos mais importantes testemunhos do Holocausto.
Foto: Internationales Auschwitz Komitee
Primeira Nobel africana
"A primeira verde da África" escreveu um jornal alemão referindo-se a Wangari Maathai. Desde os anos 1970, ela se engajava tanto pelos direitos humanos quanto pela preservação do meio ambiente. Com a ONG Movimento Cinturão Verde ela plantou árvores para frear a desertificação. Em casa, no Quênia, ela muitas vezes foi ridicularizada. Mas, em 2004, seu trabalho foi coroado com o Prêmio Nobel da Paz.
Foto: picture-alliance/dpa
Símbolo do direito à educação
Ela tinha 11 anos em 2009 quando falou à imprensa sobre os horrores do Talibã no Paquistão. Quando sua escola para meninas foi fechada, ela lutou pelo direito à educação. Em 2012, sobreviveu a um atentado à bala. Já recuperada, escreveu a autobiografia "Eu sou Malala". Em 2014, com 17 anos, ganhou o Nobel da Paz por defender os direitos de meninas e mulheres.