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Mundo caminha para aquecimento de mais de 3 ºC, alerta ONU

10 de dezembro de 2020

Redução de 7% das emissões em 2020 devido à pandemia será insignificante para alcançar meta do Acordo de Paris se o mundo não se afastar rapidamente dos combustíveis fósseis, aponta relatório.

Terra já enfrenta fenômenos climáticos extremos, como derretimento das geleiras e aumento no nível do mar
Terra já enfrenta fenômenos climáticos extremos, como derretimento das geleiras e aumento no nível do marFoto: picture-alliance/P. Goldstein

O planeta caminha para um aquecimento de mais 3 ºC até o fim deste século, apesar de uma leve queda nas emissões de gases causadores do efeito estufa em razão da pandemia de covid-19 e promessas de conter as emissões.

A previsão consta no relatório anual do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), divulgado nesta quarta-feira (09/12). O documento prevê uma queda de 7% nas emissões de dióxido de carbono neste ano devido à pandemia, mas alerta que o impacto dessa redução poderá ser insignificante se não houver uma rápida transição do uso de combustíveis fósseis para outras fontes de energia.

O relatório, intitulado A Lacuna de Emissões, avalia a disparidade entre as ações necessárias para atingir as metas estabelecidas no Acordo de Paris para o clima e medidas planejadas por países para conter a emissões.

Recuperação verde 

Segundo a análise, uma "recuperação verde" após a pandemia, na qual o comprometimento de muitos países para reduzir a zero suas emissões fosse acelerado, possibilitaria atingir uma redução de 25% nas emissões até 2030. Dessa forma, o mundo se aproximaria do objetivo de limitar o aquecimento global a 2 ºC em relação aos níveis pré-industriais, como estipulado no Acordo de Paris.

Com apenas 1 ºC de aquecimento em relação aos níveis anteriores à Revolução Industrial, a Terra já enfrenta fenômenos climáticos extremos. "O ano de 2020 caminha para ser o mais quente já registrado. Incêndios florestais, tempestades e secas continuam a gerar destruição enquanto as geleiras derretem em níveis se precedentes”, afirma a diretora-executiva do Pnuma, Inger Andersen.

Andersen aponta que a queda de 7% nas emissões esperada em 2020 devido à pandemia é positiva, mas representa uma redução de apenas 0,01% no aquecimento global até 2050.

"É claro que o mundo esteve em lockdown. Sabemos que a resposta não é trancafiar o mundo e deixar 1,9 bilhão de crianças fora da escola", observa a diretora-executiva do Pnuma.

Retomada inevitável das emissões

No ano passado, o Pnuma havia afirmado que as emissões deveriam cair em 7,6% todos os anos até 2030 para que fosse possível manter a perspectiva de alcançar a meta mais ambiciosa do acordo de Paris, que seria um limite de 1,5 ºC no aumento da temperatura média global. Para tal, segundo a ONU, seria necessário reduzir em 6% ao ano a produção mundial de petróleo, gás e carvão.

Especialistas consideram, no entanto, que será inevitável uma retomada das emissões de carbono em 2021. Na semana passada, a ONU afirmou que os países pretendem aumentar a produção de combustíveis fósseis em 2% ao ano nesta década.

O relatório anual do Pnuma aponta que em 2019 – ano que os cientistas esperam que vá representar o ponto máximo da poluição anual de carbono – o mundo produziu um equivalente a 59,1 gigatoneladas de CO2 equivalente (CO2e), o que representa 2,6% a mais do que em 2018. O aumento se deu em grande parte em razão do grande número de incêndios florestais.

O aquecimento de 3 ºC até 2100 previsto deverá forçar o deslocamento de centenas de milhões de pessoas em razão do aumento do nível do mar, danos graves à produção agrícola e consequências da ocorrência cada vez maior de fenômenos climáticos extremos.

RC/afp/dpa

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