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Mundo em alerta devido ao coronavírus

26 de fevereiro de 2020

Pela primeira vez, casos novos reportados fora da China excedem os diagnosticados no gigante asiático. Diversos países registram infecções, incluindo Brasil. OMS, porém, descarta tratar situação como pandemia.

Passageiros de trem usam máscaras em Milão
Passageiros de trem usam máscaras em Milão, na Itália, que enfrenta um surto de coronavírusFoto: Reuters/Y. Nardi

Enquanto a resposta da China para controlar o surto de Covid-19 aparentemente começa a surtir efeito, o coronavírus passa a se espalhar por outras regiões do mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta quarta-feira (26/02) que, pela primeira vez, o número de novos casos diários fora da China excedeu os diagnosticados no gigante asiático.

Segundo a OMS, na terça-feira, 427 casos foram reportados em 37 países, ante 411 novas infecções na China. O número total de infecções ultrapassa 80,9 mil, sendo 96,5% registradas em território chinês. Desde o início do surto em dezembro, a doença já matou mais 2,7 mil pessoas.

Novos casos surgiram em toda a Europa nesta quarta-feira, a maioria relacionada ao norte da Itália, epicentro local do surto. A Grécia, a Geórgia, a Macedônia do Norte e a Noruega reportaram as primeiras infecções. Com mais de 20 casos, a Alemanha alertou para o início da epidemia no país.

O Brasil e o Paquistão também confirmaram os primeiros casos em seus territórios. Além da Itália, a Coreia do Sul e o Irã enfrentam surtos da doença. No país da Ásia Oriental, o total de infecções passou de 1,1 mil. No Irã, são 139 casos confirmados.

Apesar do crescente avanço da doença, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, denunciou que alguns países afetados pela epidemia não estão compartilhando todos os dados disponíveis com a entidade.

"Um dos maiores desafios que enfrentamos é o fato de que muitos países afetados ainda não estão compartilhando seus dados com a OMS. Peço a todos os países que compartilhem imediatamente todas suas informações", afirmou Ghebreyesus na reunião semanal com as missões diplomáticas em Genebra para relatar a situação atual em relação ao vírus.

O diretor-geral, que não mencionou país algum especificamente, salientou que a OMS está em contato constante com diferentes ministérios da Saúde para resolver a situação. "Não podemos fornecer recomendações de saúde adequadas sem dados detalhados ou listas com dados completos sobre pacientes afetados", acrescentou.

O chefe da OMS disse também que o aumento do número de casos fora da China, com aumentos repentinos na Itália, na Coreia do Sul e no Irã, é "profundamente preocupante". No entanto, ele afirmou que a situação ainda não é de pandemia. "Usar o termo 'pandemia' não tem resultados tangíveis, e em vez disso corre-se o risco de aumentar o medo e a estigmatização, ou criar paralisia no sistema", acrescentou.

Embora a OMS já ter esclarecido que não haverá uma declaração oficial de pandemia por considerar ser suficiente a declaração de emergência internacional para o coronavírus, que está em vigor desde 30 de janeiro, Ghebreyesus disse que não hesitará em usar a palavra no futuro caso seja uma descrição adequada para a situação.

O Sars-CoV-2 parece ter atingido o seu estágio mais alto de transmissão na China, onde o número de casos e mortes está diminuindo progressivamente, mas isso não deve ser motivo de relaxamento, mas de "vigilância contínua", como salientou o diretor-geral.

A doença, cujo surto se iniciou em dezembro em Wuhan, na China, é causado por um novo tipo de coronavírus, semelhante ao da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), que matou quase 800 pessoas em todo o mundo durante uma epidemia ocorrida entre os anos 2002 e 2003 e que também começou na China.

Os sintomas são febre e cansaço, acompanhados de tosse seca e, em muitos casos, dificuldades respiratórias.

CN/rtr/afp/efe

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