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Muro de Berlim fez pelo menos 125 vítimas

Deanne Corbett (mm)10 de agosto de 2006

Quarenta e cinco anos após a construção do Muro, pesquisadores ainda não têm certeza sobre o número de suas vítimas. Até agora, 125 mortos foram confirmadas, mas outros casos estão sendo investigados.

Muro na Bernauer Strasse, em foto de 1963Foto: dpa

A maioria dos históricos sobre o Muro de Berlim menciona que mais de 200 pessoas teriam sido mortas na tentativa de cruzar a barreira que separava a parte oriental da Alemanha da ocidental.

Este dado terá que ser revisado para baixo. Pelo menos até um grupo de pesquisadores concluir sua investigação de dois anos, visando dar uma resposta conclusiva sobre a questão. Além do exato número de mortos entre 1961 e 1989, o estudo deve esclarecer em que circunstâncias as vítimas perderam as vidas.

Levando em consideração o que já se levantou em um ano de trabalho, os pesquisadores da Associação do Muro de Berlim e do Centro para Pesquisa da História Contemporânea, em Potsdam, disseram que dos 268 casos de mortes investigados, menos da metade – 125 – podem ser tidos como certos. Do número total, 62 casos foram descartados, enquanto que 81 suspeitas ainda seguem sendo investigadas.

Com relação aos casos eliminados da lista, Maria Nooke, da associação, foi cuidadosa em ressaltar que isso não significa que tais pessoas não tenham sido vítimas do Muro, de alguma maneira. Em muitos dos casos, elas ficaram gravemente feridas durante tentativas de passar para o outro lado, mas acabaram sobrevivendo, num primeiro momento.

"Nosso trabalho não é diminuir o número de vítimas do Muro", disse Maria. "Não temos como meta minimizar a brutalidade do regime da República Democrática Alemã. Pelo contrário: cada história individual completa a imagem da brutalidade do regime".

Buscando clareza

Diversas víitimas caíram no anonimatoFoto: dpa

As 125 vítimas confirmadas – a maioria homens com menos de 30 anos – perderam a vida das mais variadas formas. Alemães orientais, em sua maioria, foram mortos quando tentavam cruzar a chamada zona da morte até Berlim Ocidental.

No entanto, 24 eram tanto orientais quanto ocidentais, mortos durante incidentes na fronteira, mesmo sem tentar escapar ou auxiliar a fuga de outros. Oito incidentes resultaram na morte em serviço de guardas da Alemanha Oriental.

Hans-Hermann Hertle, do grupo de pesquisa, reconheceu as dificuldades em documentar as mortes. "O governo da RDA tentou acobertar as mortes – nenhuma lista foi encontrada", disse. "Em Berlim Ocidental, as autoridades tentaram manter registros na medida do possível, mas geralmente desconheciam os detalhes".

O resultado, mesmo anos depois da queda do Muro, foi uma lista fragmentária, incluindo tanto casos confirmados quanto meras suspeitas, cheia de erros e desinformação.

Desinformação e mentiras

Hertle disse que o projeto de pesquisa, financiado com uma verba federal de 260 mil euros, só se tornou possível após a conclusão dos processos por homicídio de altos oficiais militares e guardas de fronteira da Alemanha comunista. O último desses julgamentos – tentativa de trazer à justiça os responsáveis pela política do "atirar para matar" da Alemanha Oriental – terminou em 2005.

Os promotores públicos entregaram sua documentação aos pesquisadores, cuja tarefa foi examinar detalhadamente cada caso, comparando-o a qualquer registro existente, além de contatar familiares, amigos ou colegas, quando possível, para preencher as lacunas.

Em muitos casos, no entanto, os familiares não eram capazes de fornecer qualquer informação, já que sobre as mortes de seus entes queridos sabiam muito pouco ou apenas a versão mentirosa das autoridades da RDA.

Personalizando a história

Construção do Muro completa 45 anosFoto: AP

Os pesquisadores ainda têm um ano para completar o projeto, durante o qual pretendem "reconstruir as histórias individuais dos que perderam a vida no Muro de Berlim, para resgatá-los, em alguns casos, do anonimato, e evitar que sejam esquecidos", disse Gabriele Camphausen, da associação.

As histórias e fotografias das vítimas serão usadas para compilar um registro de mortos, parte de uma exposição permanente do centro de documentação do Muro de Berlim, na Bernauer Strasse.

Camphausen acrescentou que o interesse público e apoio ao trabalho da cooperativa de pesquisa está crescendo novamente. Logo após a reunificação, houve intenso interesse em esclarecer tais mortes, mas que perdeu intensidade durante os anos 90. O Muro de Berlim completa 45 anos neste domingo (13/08).
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