1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Muro de Berlim se foi há tanto tempo quanto existiu

Rachel Stewart fc
5 de fevereiro de 2018

Barreira dividiu a cidade por 28 anos, 2 meses e 26 dias, mesmo tempo que sua queda completa neste 5 de fevereiro. Berlinense que lutou contra o Muro relembra sua história.

Construção do Muro de Berlim, em agosto de 1961Foto: picture alliance/dpa/Bildarchiv

O Muro de Berlim dividiu a cidade entre leste e oeste por exatamente 28 anos, dois meses e 26 dias. E esta segunda-feira (05/02) marca um ponto de virada: o Muro não existe mais pelo mesmo tempo em que esteve de pé.

Crônica: 28 anos, 2 meses e 26 dias da queda do Muro de Berlim

A construção, iniciada em 1961, foi projetada para impedir a fuga de alemães orientais para o oeste, o que forçou os fugitivos a criar métodos mais criativos para conseguir chegar à Alemanha Ocidental. Alguns conseguiram a ajuda de prestativos berlinenses ocidentais para tentar atravessar por onde ninguém conseguiria vê-los: pelo subsolo.

Holzapfel: "Sempre haverá pessoas que irão lutar contra a injustiça"Foto: DW

Estima-se que cerca de 70 túneis foram escavados por baixo do Muro de Berlim. Recentemente, um arqueólogo encontrou a entrada de um desses túneis próximo ao parque Mauerpark. A redescoberta desenterrou a história de um homem cuja oposição ao Muro começou com o seu empenho em abrir uma passagem subterrânea em direção ao leste.

"Você não podia simplesmente escavar neste tipo de solo. Você tinha que realmente 'abrir' o caminho", afirmou o então berlinense ocidental Carl-Wolfgang Holzapfel. "Isso foi o que tornou tudo tão difícil e frustrante. Às vezes, eu tinha a sensação de que não estava chegando a lugar algum."

Em 1963, Holzapfel, juntamente com amigos, começou a escavar sob um armazém desativado no bairro de Wedding. O objetivo do grupo era chegar a um porão a 80 metros de distância localizado no lado oriental do Muro para que Gerhard Weinstein, um conhecido de Holzapfel, pudesse escapar para a Alemanha Ocidental e se reencontrar com a filha.

Holzapfel começou a protestar contra o muro aos 17 anos de idadeFoto: C.-W.Holzapfel

Após quatro meses de trabalho árduo, as notícias do esforço do grupo chegaram à Stasi, o serviço secreto da antiga Alemanha Oriental. Weinstein e outras 20 pessoas que planejavam usar o túnel para fugir foram detidas. Holzapfel nunca mais ouviu falar delas.

Holzapfel, hoje com 73 anos, teve uma amarga decepção ao receber a notícia, mas insiste que os esforços de seu grupo não foram totalmente em vão. "Foi um lembrete de que sempre haverá pessoas que irão lutar contra a injustiça e que encontrarão maneiras de miná-la", afirma.

Para Holzapfel, o túnel marcou o início de uma luta que duraria quase três décadas. "Aos 17 anos, eu disse para mim mesmo: você lutará contra esse Muro – porque ele é injusto – até vê-lo cair ou até fim da sua vida", lembra.

Em 1965, ele foi preso durante uma manifestação pacífica no posto de fronteira conhecido como Checkpoint Charlie e passou nove meses na terrível prisão da Stasi no bairro de Hohenschönhausen. Após ser liberado, Holzapfel continuou protestando e permaneceu convicto de que veria a Alemanha reunificada.

No 28º aniversário da construção, em 1989, Holzapfel se envolveu na bandeira alemã e se deitou sobre a linha divisóriaFoto: Burmeister/Archiv Carl-Wolfgang Holzapfel

No 28º aniversário da construção do Muro, em 1989, Holzapfel fez talvez o seu mais simbólico ato de protesto. "Eu pensei: agora, eu preciso fazer algo para mostrar claramente a loucura de se dividir uma cidade", diz.

Ele se envolveu na bandeira alemã e deitou no chão do Checkpoint Charlie – com o coração e a cabeça no leste e os pés no oeste – e a linha branca que marca a fronteira parecia correr sobre seu corpo. "Assim como eu sou obviamente um corpo, Berlim é um todo, e a Alemanha é um todo", argumentou.

Menos de três meses depois, em 9 de novembro de 1989, o Muro de Berlim caiu. No dia seguinte, Holzapfel se encontrava no ponto da praça Postdamer Platz onde leste e oeste se encontravam. "Eu estava chorando. Não havia nada melhor – e nada pode superar esse sentimento."

Há planos para que o túnel de Holzapfel seja preservado e integrado ao Memorial do Muro de Berlim. Para ele, retornar à entrada do túnel é sempre uma experiência emocionante. "Mas não é apenas a minha história. É um pedaço da história de Berlim", diz.

----------------

A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube | WhatsApp | App

Pular a seção Mais sobre este assunto