Ministro mexicano: muro será pago pelo consumidor americano
27 de janeiro de 2017
Chefe da diplomacia do México critica planos de Washington de aumentar os impostos sobre produtos mexicanos para financiar barreira fronteiriça. Ainda assim, ele crê que ambos os países possam chegar a "bons acordos".
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O ministro das Relações Exteriores do México, Luis Videgaray, afirmou estar convencido de que seu país pode chegar a "bons acordos" com o governo do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas ressaltou que o México considera inconcebível pagar pela construção do muro prometido pelo líder americano durante sua campanha eleitoral.
Videgaray afirmou também que com um imposto sobre as importações de produtos mexicanos – como propôs Washington nesta quinta-feira (26/01) – o muro fronteiriço acabará sendo pago pelos consumidores americanos.
"Um imposto às importações de produtos mexicanos por parte dos Estados Unidos não é a forma de fazer com que o México pague pelo muro, mas sim o consumidor americano, que passará a pagar mais por abacates, máquinas de lavar roupa ou televisores", apontou o ministro mexicano do Exterior.
"Há assuntos que são [inaceitáveis] por uma questão de dignidade, que não têm a ver com as exportações ou com a economia, mas com o coração e o orgulho dos mexicanos", acrescentou Videgaray, numa coletiva de imprensa na embaixada mexicana em Washington.
Acompanhado pelo ministro da Economia, Ildefonso Guajardo, Videgaray esteve numa visita de dois dias à capital dos EUA para preparar o encontro entre o presidente do México, Enrique Peña Nieto, e seu homólogo americano, que estava previsto para a próxima semana mas foi cancelado na quinta-feira.
Apesar do cancelamento do encontro e da "desilusão" e "estranheza" relativa ao anúncio de Trump sobre a construção do muro na fronteira, Videgaray se mostrou confiante na retomada de reuniões de alto nível com o governo americano nas "próximas semanas".
"Reiteramos a vontade indeclinável do governo do México de manter uma comunicação estreita e no mais alto nível com o governo dos Estados Unidos. Vamos continuar a negociar e a alcançar bons acordos."
PV/efe/lusa/dpa/rtr
Fronteira entre EUA e México: sai metal, entra concreto
Uma das promessas mais polêmicas da campanha de Donald Trump foi construir um muro na fronteira sul dos EUA. Ali, já há uma cerca em alguns pontos, que pode ser substituída por concreto.
Foto: Reuters/J. L. Gonzalez
Trump é familiarizado com construções
"Vou construir um grande muro na nossa fronteira sul – e ninguém constrói muros melhor do que eu, e vou fazer com que o México pague por esse muro." Isso é o que o presidente americano, Donald Trump, disse na campanha eleitoral. Até agora, ele construiu sobretudo arranha-céus e hotéis. O muro está no topo de um plano de 10 pontos sobre política de imigração.
Foto: picture-alliance/AP Photo/C. Torres
Final no nada
A fronteira entre EUA e México tem cerca de 3.200 quilômetros – dos quais, cerca de 1.100 quilômetros são protegidos por uma cerca. A fronteira passa por quatro estados americanos e seis mexicanos, por desertos e cidades grandes. Devido à dificuldade de acesso, uma pequena parte da fronteira no Novo México é aberta. Outras áreas são patrulhadas por policiais.
Foto: Reuters/M. Blake
Colosso de metal
O número de imigrantes ilegais que entram no país por ano é estimado em 350 mil, uma grande parte vem do México. Alguns mexicanos irregulares são tolerados no país, mas a família mexicana do outro lado não recebe um visto. Os imigrantes desejam uma vida melhor, emprego e mais dinheiro para as suas famílias.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Zepeda
Apenas um pequeno toque
As famílias permanecem separadas pela cerca. Um abraço é impossível. No máximo, as pessoas conseguem esticar as mãos entre as vigas de aço. Se Donald Trump tornar realidade sua promessa eleitoral, como anunciou, logo o concreto vai substituir o aço, impossibilitando qualquer toque.
Foto: picture-alliance/ZumaPress/J. West
Preconceitos
"Quando o México nos manda seus cidadãos, não manda os melhores", disse Trump durante a campanha eleitoral. "Eles enviam pessoas que têm muitos problemas. Eles trazem drogas, crime, estupradores. Alguns, suponho, são boas pessoas." Trump quer deportar imigrantes ilegais, pelo menos, os criminosos. Apesar das ameaças, muitos mexicanos continuam querendo emigrar.
Foto: picture-alliance/AP Photo/G. Bull
Mortes na fuga
Para alguns mexicanos, o sonho termina na fronteira. Eles acabam na prisão. Outros pagam por cruzar ilegalmente a fronteira com a própria vida. Há notícias de que as forças de segurança atiram em migrantes. Seis cidadãos mexicanos inocentes já foram mortos, sem que tenha havido condenação dos responsáveis. Apenas em 2015 um membro da patrulha da fronteira dos EUA foi indiciado.
Foto: Reuters/D.A. Garcia
Armado contra intrusos
Jim Chilton, um fazendeiro americano, vigia sua propriedade. Sua fazenda, de 200 mil metros quadrados, está localizada no sudeste do Arizona e é adjacente ao México. Há apenas uma cerca de arame farpado separando-a do país vizinho. Chilton costuma usar sua arma para defender o terreno.
Foto: Getty Images/AFP/F.J. Brown
Final curioso
"Tortilla Wall". Este é o nome popular e bastante depreciativo de uma parte da fronteira de 22,5 quilômetros de comprimento entre a Otay Mesa Border Crossing, em San Diego (Califórnia), e o Oceano Pacífico.