Museu alemão diz que pode ter obras confiscadas por nazistas
17 de novembro de 2015
O Kunsthalle Mannheim encontrou em seu acervo 18 peças que podem ter sido tomadas de judeus durante o Terceiro Reich. Entre as obras, estão trabalhos de artistas como László Moholy-Nagy, Max Slevogt e Edgar Degas.
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O Kunsthalle Mannheim informou nesta terça-feira (17/11) que encontrou em seu acervo 18 esculturas e pinturas que possivelmente foram saqueadas pelos nazistas.
Entre as peças no museu na cidade alemã de Mannheim, estão obras de artistas de renome, como László Moholy-Nagy, Max Slevogt e Edgar Degas. Os itens serão reportados à fundação Deutsches Zentrum für Kulturgutverluste (Centro Alemão de Bens Culturais Perdidos), sediada em Magdeburg, e publicadas no banco de dados online Lost Art, gerenciado pela fundação.
O objetivo do site é encontrar os antigos proprietários ou herdeiros das obras de arte confiscadas ilegalmente de judeus pelos nazistas durante o Terceiro Reich.
Desde o final de 2011, o Kunsthalle Mannheim pesquisa as origens de todas as obras de seu acervo.
MD/dpa
A questão da origem das obras de arte
Muitas obras de arte roubadas dos judeus pelos nazistas foram parar em museus na Alemanha. A Kunsthalle Bremen organiza uma exposição com quadros que foram investigados. Nem sempre foi possível determinar a origem deles.
Foto: Kunsthalle Bremen – Der Kunstverein in Bremen / Foto: Karen Blindow
"Uma questão de origem"
Quando o museu Kunsthalle Bremen iniciou, há três anos, um projeto de pesquisa sobre a procedência de suas coleções, o caso do colecionador Hildebrand Gurlitt ainda não era conhecido. Muitas coleções roubadas, pertencentes a judeus, chegaram ao mercado pelas mãos desse negociador de arte de Hitler. Cento e vinte obras já foram examinadas, e a origem de apenas um terço delas pôde ser esclarecida.
Foto: Kunsthalle Bremen - Der Kunstverein in Bremen / Stefan Müller
Arte roubada ou legal?
A obra "Papageienalle" (Alameda dos papagaios), de Max Lieberman, de 1902, adquirida pelo colecionador de arte Heinrich Glosenmeyer, integra o acervo da Kunsthalle Bremen. O colecionador comprou dez valiosas pinturas, das quais cinco foram presenteadas ao museu. Após pesquisas aprofundadas, constatou-se que a origem da obra é legítima, tendo sido adquirida legalmente pelo casal Glosenmeyer.
Foto: Kunsthalle Bremen – Der Kunstverein in Bremen / Foto: Lars Lohrisch
O destino de Max Lieberman
O pintor judeu Max Liebermann foi deposto pelos nazistas da presidência da Academia das Artes de Berlim em 1933, além de ser proibido de pintar. Muitas de suas obras e também sua coleção particular foram incorporadas ao acervo de arte roubada dos nazistas.
Foto: ullstein bild - Felix H. Man
Rastrear as origens
A parte posterior das pinturas, como exemplificado por esta tela do pintor Karl Peter Burnitz, é, a parte mais importante para os pesquisadores que buscam a proveniência de uma obra. Os antigos proprietários estão registrados com carimbos ou inscrições. Após a guerra, as obras de arte recuperadas dos nazistas foram marcadas com giz, uma informação valiosa para os pesquisadores.
Foto: Kunsthalle Bremen – Der Kunstverein in Bremen / Foto: Karen Blindow
O colecionador de arte Hugo Oelze
O jurista Hugo Oelze (1892 -1967) vinha de uma conhecida família de comerciantes de Bremen. Nos anos 1920, ele passou a viver em Amsterdã, onde negociou arte e formou sua coleção particular, também graças aos seus contatos na cidade natal. Além de vender uma de suas pinturas, Oelze deixou outras cinco obras de arte para a Kunsthalle Bremen. As origens delas estão agora sob investigação.
Passado incerto
Esta valiosa pintura, "Im Gras liegendes Mädchen" (Moça deitada na grama), do pintor francês Camille Pissarro, é datada de 1882 e foi adquirida por Hugo Oelze para sua coleção particular. Após a morte dele, a pintura foi herdada pela Kunsthalle Bremen. A proveniência não pôde ser esclarecida, apesar de intensa investigação.
Foto: Kunsthalle Bremen – Der Kunstverein in Bremen / Foto: Karen Blindow
Casa repleta de arte
O herdeiro de Hildebrand Gurlitt, Cornelius, morto recentemente, vivia enclausurado em um apartamento, cercado por inúmeros quadros. O artista e colecionador Arnold Blome, de Bremen, também tinha sua casa repleta de obras de arte (foto de 1966). Segundo as pesquisas, Blome não possuía obras roubadas dos judeus, ao contrário de Cornelius.
Foto: Nachlass Arnold Blome, Bremen
Transparência
Com a exposição "Eine Frage der Herkunft" (Uma questão de origem), a Kunsthalle Bremen é pioneira no que se refere à transparência do próprio acervo. Exibir os resultados das pesquisas de procedência é uma atitude que pode ter seguidores. O diretor do museu, Christoph Grunenberg, convidou renomados pesquisadores para uma série de palestras, que abordarão também o caso Gurlitt.