Museu da cidade alemã de Braunschweig descobre que desenho "Estudo de um cachorro sentado", em seu poder desde os anos 1770, é na verdade obra do aclamado pintor holandês. Obra será mostrada em exposição.
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O Museu Herzog Anton Ulrich, em Braunschweig, no norte da Alemanha, anunciou nesta terça-feira (14/02) que seus acervos possuem um desenho pouco comum de um cachorro, executado pelo pintor holandês Rembrandt van Rijn (1606-1669).
Trata-se de um Estudo de um cachorro sentado, desenhado a carvão em 1637. O trabalho está em posse do museu desde os anos 1770, mas, até pouco tempo atrás, a sua autoria era atribuída a Johann Melchior Roos (1663-1731), pintor alemão conhecido por seus desenhos de animais.
A autoria de Rembrandt foi revelada pelo diretor do Gabinete de Gravuras do museu, Thomas Döring, através da digitalização sistemática de 10 mil desenhos para o projeto Gabinete virtual de gravuras.
Depois de exames microscópicos de originais em Amsterdã, Paris e Viena, como também avaliações de grandes especialistas da obra do pintor holandês, Döring publicou suas constatações na revista especializada Master Drawings.
A particularidade da nova descoberta está no fato de se conhecer somente alguns poucos desenhos de animais executados por Rembrandt. O artista os criou como estudo para trabalhos que mostravam cães como motivos secundários.
O cão terrier de Braunschweig se assemelha muito a um cachorro que pode ser visto no quadro A ronda da noite, pintado por Rembrandt em 1642 e que se encontra no Rijksmuseum em Amsterdã.
A partir de 6 de abril, o público poderá apreciar o novo Rembrandt na exposição Dürer, Cézanne und Du. Wie Meister zeichnen (Dürer, Cézanne e você. Como os mestres desenham) no Museu Museu Herzog Anton Ulrich, em Braunschweig.
CA/dpa/kna/dw
A fase tardia de Rembrandt
É difícil de acreditar, mas as lendárias obras tardias de Rembrandt nunca foram expostas. Em Amsterdã, o Rijksmuseum inaugura a mostra das telas pintadas em 1669, ano da morte do pintor holandês.
Foto: Rijksmuseum
O observador está na tela
No século 17, os retratos em grupo eram um gênero comum na Holanda. Mas a tela "A Gilda dos Tecelões" de 1662 se diferencia das demais. Rembrandt foi muito bem-sucedido ao retratar cada membro do sindicato de tecelões, mas também ao fazer o observador se sentir como se participasse da cena.
Foto: Rijksmuseum
Silêncio e intimidade
Rembrandt foi um pintor requisitado na época de ouro da Holanda. Em 1642, porém, seu trabalho e sua vida sofreram um baque: a morte de sua mulher e uma crise financeira o tiraram dos eixos. O estilo tardio do pintor, que começou por volta de 1651, revela pinceladas mais largas e figuras que parecem varridas, o que deixa a cena mais intimista, como se pode ver em "A noiva judia" (foto).
Foto: Rijksmuseum
A arte acima de tudo
Rembrandt criava um laço de proximidade com seus modelos, mesmo quando se tratava de uma tela encomendada, como se pode ver no caso de "A noiva Judia" e "Retrato de família", ambas pintadas em 1665, que retratam provavelmente as mesmas pessoas. O gesto entre o homem e sua mulher demonstra a relação de confiança com o pintor e mostra como Rembrandt dava importância aos detalhes.
Foto: Erik Smits
Fase tardia propensa à experimentação
Certos experimentos observados em telas, estampas e gravuras aparecem apenas na fase tardia de Rembrandt. Ele utilizou uma espátula para raspar as cores da paleta e criar uma estrutura com camadas pastosas de tinta. Na tela "Retrato de Família" pode-se ver algumas dessas técnicas, que são provas de alta modernidade.
Foto: Herzog Anton Ulrich Museum, Braunschweig
Ilusão de um momento
A pintura "Titus van Rijn escrevendo" mostra claramente do filho de Rembrandt, Titus. O pintor captura o olhar compenetrado do menino: por um momento, o sonhador Titus desvia os olhos da escrivaninha. Rembrandt mais uma vez chega muito próximo de seu modelo e nos mostra um lado terno do personagem.
Foto: Museum Boijmans van Beuningen, Rotterdam
Coragem para deixar inacabado
O amigo de Rembrandt Jan Six contempla direta e atentamente o observador. Na tela, Jan aparece tirando as luvas no momento em que o pintor dá de mão no pincel e captura a cena. Curiosamente, Rembrandt retrata o rosto com riqueza de detalhes, enquanto o casaco e as luvas parecem que não foram acabados. Assim, o observador se sente motivado a terminar de pintar o quadro com a própria imaginação.
Foto: Collection Six, Amsterdam
Efeito dramático
A habilidade de Rembrandt não se restringia à pintura. Principalmente na fase tardia ele começou a experimentar outros processos de arte. Ele arranhava placas de cobre com uma ponta-seca. Em vez de retirar a tinta das partes sem qualquer indentação, ele a espalhava. Essa técnica criou um efeito dramático na gravura "As três cruzes" de 1653.
Foto: Rijksmuseum
Fuga à norma
Na época de Rembrandt, a pintura era regida por fortes convenções, como o melhor momento para se representar uma história. Rembrandt não se prendia a elas. Um exemplo disso é a tela "A bênção de Jacó aos filhos de José", de 1656. A cena mostra o momento em que Jacó abençoa seu neto mais novo, e não o mais velho. José aparece contente, diferente da interpretação de outros artistas.
Foto: Gemäldegalerie Alte Meister, Staatliche Museen, Kassel