Museu de Auschwitz levará exposição itinerante a 14 cidades
27 de julho de 2017
Mais de 600 objetos e pertences de vítimas e sobreviventes do campo de concentração serão expostos na Europa e América do Norte por um período de sete anos. Objetivo é conscientizar jovens sobre horrores do Holocausto.
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O Museu Estatal de Auschwitz-Birkenau irá levar uma exposição itinerante a 14 cidades da Europa e América do Norte com uma exposição única de itens do antigo campo de concentração nazista.
"Auschwitz. Não muito tempo atrás. Não tão longe" será a primeira mostra itinerante organizada pelo museu instalado na Polônia e terá duração de sete anos.
A maioria dos 600 objetos que fazem parte da exposição pertence ao museu de Auschwitz, mas alguns itens foram disponibilizados por sobreviventes, centros de preservação da memória do Holocausto e coleções espalhadas pelo mundo, incluindo itens do Museu Memorial do Holocausto, em Washington, e do Yad Vashem, em Israel.
A exposição contará as histórias das vítimas por meio de seus itens pessoais, e também trará partes da estrutura do campo de concentração, como um barracão e um trem de carga que transportava judeus levados ao local. Cartas, depoimentos e uma máscara de gás também fazem parte da mostra.
"Entender como aquele lugar veio a existir e o que isso significa para nossa visão sobre nós mesmos é um das principais finalidades desse projeto", diz a organização do museu em sua página na internet. O principal público-alvo são os jovens.
A mostra passará por sete cidades europeias, começando por Madri, no final deste ano. As sete cidades na América do Norte que vão receber a exposição ainda não tiveram seus nomes divulgados.
"Nada pode substituir a visita ao autêntico local do maior crime do século 20", afirma o diretor do Museu de Auschwitz, Piotr Cywinski, que ressalta, porém, a importância de ampliar o alcance da mostra para outros países. Segundo ele, muitas pessoas poderão ver um forte apelo para que se construa um futuro livre de ódio, racismo e antissemitismo.
Inaugurado em 1947, o Museu de Auschwitz-Birkenau preserva a estrutura autêntica do campo de concentração e a memória das vítimas. Em 2016, o local recebeu o número recorde de dois milhões de visitantes.
O maior campo de concentração nazista foi estabelecido em 1940. Os prisioneiros eram usados para trabalho forçado. Mais de um milhão de pessoas foram mortas em Auschwitz-Birkenau durante o Holocausto, a maioria judeus.
KG/ap/kna
A arte e os horrores de Auschwitz
Exposição em Berlim mostra a obra de artistas que sobreviveram aos campos de concentração nazistas. Além de documentar atrocidades, eles fizeram arte.
Foto: Staatliches Museum Auschwitz-Birkenau in Oœwiêcim
Os artistas esquecidos
Enquanto a chamada "arte degenerada" dos artistas perseguidos pelo nazismo desperta atenção, quase ninguém conhece o trabalho dos artistas que estavam em campos de concentração. Pintores como Waldemar Nowakowski (foto) estão quase esquecidos. Por isso a importância do livro e da exposição "A morte não tem a última palavra", a ser aberta no prédio do Bundestag em Berlim, a partir de 27 de janeiro.
Foto: Staatliches Museum Auschwitz-Birkenau in Oœwiêcim
Horrores de Theresienstadt em gravura
Por mais de 15 anos, o autor, curador e historiador de arte Jürgen Kaumkötter se dedicou à arte dos perseguidos entre 1933 e 1945. Para isso, não considerou apenas quadros que surgiram nessa época, mas também aqueles que tematizaram os acontecimentos em retrospecto. Leo Haas executou esta gravura sobre Theresienstadt em 1947. Mas há também obras feitas no campo de concentração.
Foto: Bürgerstiftung für verfolgte Künste – Else-Lasker-Schüler- Zentrum – Kunstsammlung Gerhard Schneider
Pinturas no "museu do campo"
É sabido que artistas pintaram em Theresienstadt. Mas também em Auschwitz 1 houve um "museu do campo". Lá havia lápis, papel, pincéis à disposição dos artistas, para que executassem encomendas para a SS. Outros motivos surgiram secretamente. Em contrapartida, praticamente não há obras de arte oriundas de Auschwitz 2. Na foto: "Autorretrado de Marian Ruzamski", de 1943/44.
Foto: Staatliches Museum Auschwitz-Birkenau in Oœwiêcim
Imagem de sonhos em Auschwitz
O artista Jan Markiel criou esse retrato, em 1944, sem os materiais que tinha oficialmente à disposição em Auschwitz 1. A filha do padeiro do vilarejo próximo de Jawiszowice ajudou o prisioneiro trazendo pão e intermediando mensagens para a resistência. A têmpera utilizada pelo artista veio de pigmentos raspados da parede. O tecido grosso dos colchões de palha serviu como tela.
Foto: Staatliches Museum Auschwitz-Birkenau in Oœwiêcim
Testemunha dos crematórios
Em 1942, aos 13 anos, Yehuda Bacon (na foto, à dir.) veio para Theresienstadt e, em dezembro de 1943, para Auschwitz-Birkenau. Ele foi utilizado como mensageiro – podendo se aquecer nos fornos dos crematórios no inverno. O que testemunhou, ele relatou não somente durante o célebre Julgamento de Auschwitz em Frankfurt, mas também expressou nos desenhos que executou após a guerra.
Foto: Bürgerstiftung für verfolgte Künste – Else- Lasker-Schüler-Zentrum – Kunstsammlung Gerhard Schneider
Símbolo da morte
Yehuda Bacon mostrou esse desenho aos juízes em Frankfurt, como prova dos crimes cometidos em Auschwitz: chaminés retangulares dos crematórios, um chuveiro, pessoas que são apenas esboços. Para o historiador da arte Kaumkötter, esse desenho é um símbolo da morte nas câmaras de gás e da sepultura nos céus. Trata-se não somente de um testemunho, mas também de uma grande obra de arte.
Foto: Yehuda Bacon
A segunda geração
Michel Kichka é um dos cartunistas mais influentes de Israel. Em 2014, ele publicou a novela gráfica "Segunda geração – o que o meu pai nunca me contou", sobre o menino Kichka e o seu pai, sobrevivente de Auschwitz. Os traumas do pai passaram para o filho. Somente quanto ouve o pai contar piadas sobre o campo, Kichka consegue superar seus pesadelos.
Foto: Egmont Graphic Novel
Metáforas do Holocausto
Também os pais da artista israelense Sigalit Landau são sobreviventes do Holocausto, e o professor de desenho dela foi Yehuda Bacon, que trabalha até hoje como artista e professor de arte em Israel. Os trabalhos de Landau são repletos de alusões metafóricas ao Holocausto, como estes sapatos, que logo lembram a montanha de calçados que ainda hoje pode ser vista na exposição permanente de Auschwitz.
Foto: Sigalit Landau
A morte não tem a última palavra
Sigalit Landau coletou cem pares de sapatos em Israel e os afundou no Mar Morto. O mar os envolveu com uma camada de sal curativa – eles se tornaram símbolo da vida, em vez da morte. O desejo da artista era mostrá-los em Berlim, como sinal de que a esperança derrota o desespero. A mostra "A morte não tem a última palavra" está em cartaz até o dia 27 de fevereiro no prédio do Bundestag, em Berlim.