Museu do Holocausto liga movimento pró-Trump a Hitler
Elizabeth Schumacher md
22 de novembro de 2016
Instituição critica severamente conferência neonazista de apoio ao magnata ocorrida a poucos quarteirões da Casa Branca. Em discurso durante o evento, líder do movimento fez comentários racistas e antissemitas.
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O Museu do Memorial do Holocausto dos Estados Unidos, em Washington, condenou uma conferência nacionalista que aconteceu no fim de semana, a alguns quarteirões da Casa Branca. Na reunião, o proeminente supremacista branco Richard Spencer fez um discurso antissemita, que foi recebido com aplausos, saudações nazistas e gritos de "heil".
"O Holocausto não começou com a matança, começou com palavras", afirmou a direção do museu, através de comunicado divulgado nesta segunda-feira (20/11).
A instituição fez um apelo a "todos os cidadãos americanos, líderes religiosos e cívicos e à liderança de todos os setores do governo para que combatam o pensamento racista e o divisor discurso do ódio", parecendo se referir ao fato de o presidente eleito, Donald Trump, não ter se distanciado publicamente dos líderes racistas e grupos que o apoiam.
A conferência aconteceu num prédio federal, o Ronald Reagan Building, a menos de um quilômetro da Casa Branca, e foi organizada pelo National Policy Institute (NPI).
O NPI é um think tank conhecido por promover opiniões nacionalistas brancas e seu presidente, Richard Spencer, é tido como o criador do termo "alt-right". O termo vem de Alternative Right (direita alternativa), um eufemismo para um grupo que vê imigração e multiculturalismo como ameaças à identidade branca.
A expressão tem sido muito usada nos últimos dias, depois que Donald Trump nomeou Stephen Bannon para ser seu estrategista-chefe. Antes da campanha presidencial de 2016, Bannon foi presidente-executivo da Breitbart News, site cujos líderes admitem que "fornecem uma plataforma" para o alt-right, embora neguem que compartilhem suas opiniões.
A indignação com os comentários de Spencer atingiu seu ápice na segunda-feira, quando foi divulgado um vídeo em que ele se referia à imprensa como "Lügenpresse" ou "imprensa mentirosa", expressão usada pelos nazistas para tirar o crédito de jornalistas que relatavam suas atrocidades.
Em seguida, ele empregou a gasta teoria da conspiração sobre um complô judaico para controlar a política, desta vez deturpando reportagens contra Trump.
"Nós nos perguntamos se essas pessoas são gente mesmo ou golem sem alma", questionou Spencer. Ele, então, chamou o sucesso de Trump de "vitória da vontade", uma alusão a Triunfo da vontade, famoso filme de propaganda nazista dirigido por Leni Riefenstahl.
"A América era, até esta última geração, um país branco, projetado para nós e nossa posteridade", disse Spencer, segundo o New York Times. "É nossa criação, é nossa herança e pertence a nós." Ele, então, afirmou que os americanos brancos têm que "conquistar ou morrer".
De acordo com o Museu do Holocausto, sua escolha de palavras "ecoa de perto a visão de Adolf Hitler sobre os judeus e de que a história é uma luta racial pela sobrevivência".
Vários membros da plateia na conferência fizeram a saudação de Hitler quando Spencer concluiu seu discurso, gritando: "Salve Trump, salve nosso povo, salve a vitória!"
Trump: populista, milionário, presidente
Donald Trump é empreendedor imobiliário, autor de best-seller, estrela de televisão e muitos não o levavam a sério. Mas ele foi eleito o 45º presidente dos Estados Unidos. Conheça sua trajetória.
Foto: picture-alliance/dpa
A família, seu império
Trump com a família: a esposa, Melania (de branco), as filhas Ivanka e Tiffany, os filhos Eric e Donald Junior, e os netos Kai e Donald Junior 3º. Os filhos são "vice-presidentes seniores " do conglomerado Trump.
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1984
Esta foto, tirada em 1984, marca a abertura do Harrah's at Trump Plaza, um complexo envolvendo hotel, restaurante e cassino em Atlantic City. Este foi apenas um dos investimentos que tornou Trump bilionário.
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Frederick Junior, o pai
Donald Trump herdou o dinheiro para seus investimentos do pai, Frederick, que lhe deu um capital inicial de um milhão de dólares. Após sua morte, em 1999, Donald e seus três irmãos herdaram uma fortuna de 400 milhões de dólares.
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O nome é a marca
Trump investe de forma agressiva, mas também sofre fracassos. Numa perspectiva de longo prazo, no entanto, obtém sucesso, como por exemplo com a Trump Tower em Nova York. Ele calcula sua fortuna hoje em 10 bilhões de dólares. Especialistas, entretanto, consideram um terço desse valor mais realista.
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"Very good, very smart" (Muito bom, muito inteligente)
É o que Trump diz de si mesmo. E acrescenta que cursou a universidade de elite Wharton (foto), na Filadélfia, onde se formou em 1968.
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Capitão Trump
Antes disso, quando tinha 13 anos, seu pai o havia enviado para um internato militar em Cornwall-on-Hudson, onde deveria aprender a ser disciplinado. No último ano, ele obteve inclusive uma patente militar. Ele diz que, ali, recebeu mais treinamento militar do que nas Forças Armadas americanas.
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Dispensado da Guerra do Vietnã
Devido a um problema no calcanhar, Trump foi dispensado e não lutou na Guerra do Vietnã.
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Ivana, primeira esposa
Em 1977, Trump se casou com a modelo tcheca Ivana Zelníčková, com quem teve três filhos. O relacionamento foi acompanhado de rumores sobre relacionamentos extraconjugais. Foi Ivana quem apelidou Trump de "The Donald".
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Família número 2
Em 1990, Trump se divorciou de Ivana e se casou com Marla, 17 anos mais jovem que ele. A filha do casal se chama Tiffany.
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As meninas de Trump
Em público, Trump não aparece só ao lado de sua esposa. Ele costuma acompanhar concursos de beleza ao lado de jovens modelos. De 1996 a 2015, ele foi o responsável pelo concurso de Miss Universo nos EUA.
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A arte de negociar
Como fazer milhões de forma rápida? O best-seller de Trump "A arte da negociação" é um exemplo. O livro é em parte autobiográfico, em parte um livro de dicas para empresários ambiciosos. A publicação não foi somente uma das mais vendidas nos EUA, como também colocou Trump no centro das atenções no país.
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"The Donald" no ringue
Como poucos, Trump consegue chamar a atenção da mídia. Seu campo de ação inclui até um ringue de luta livre. Em seu programa "O Aprendiz", os candidatos eram contratados ou demitidos. Sua frase favorita no programa era "Você está demitido!"
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Trump na política
Na verdade, ele quase não teve uma carreira política. Em 16 de junho de 2015, Trump anunciou sua candidatura para a corrida presidencial pelo Partido Republicano. Seu slogan: "Faça a América grande outra vez". A campanha foi feita ao lado da família e com slogans contra imigrantes, muçulmanos, mulheres e sadversários políticos.
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45º presidente dos Estados Unidos
O populista e showman é agora o novo presidente dos Estados Unidos, o que muitos não poderiam sequer imaginar. Mas a história de Donald J. Trump também mostra que este homem tem a capacidade de se transformar como um camaleão.