Chanceler federal alemã é contemplada com prêmio da Fundação Elie Wiesel, entregue pelo Museu do Memorial do Holocausto nos EUA.
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A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, foi homenageada pelo Museu do Memorial do Holocausto nos Estados Unidos por suas contribuições para a memória e seus esforços educativos sobre o Holocausto. Na segunda-feira (24/04), ela recebeu o Prêmio Elie Wiesel – a maior condecoração dada pelo museu.
"Quando o museu enfrentou forte oposição em seu esforço para tornar aberto o maior arquivo fechado do Holocausto do mundo, o Serviço Internacional de Rastreamento, a chanceler Merkel mudou a política de seu governo e enviou seu ministro da Justiça ao museu para anunciar o apoio da Alemanha para abrir os arquivos, permitindo que milhares de sobreviventes e suas famílias descubram pela primeira vez o destino de seus entes queridos", diz o museu em comunicado.
"A chanceler apoiou a criação e o fortalecimento de instituições relacionadas ao Holocausto na Alemanha. Ela tem condenado repetidamente e vigorosamente todas as manifestações de antissemitismo", completa o comunicado. "Sua visita a Buchwald [antigo campo de concentração na atual Turíngia] com o fundador do museu, Elie Wiesel, em 2009, foi um símbolo dos muitos esforços que a Alemanha fez para enfrentar seu passado."
Merkel agradeceu ao museu pela homenagem via mensagem de vídeo e afirmou que a condecoração é um "grande gesto" de laços entre os esforços do Memorial do Holocausto dos EUA e a Alemanha que não deveriam ser subestimados. A chanceler federal afirmou ainda que, a fim de ter um futuro brilhante, a Alemanha precisa entender o Holocausto como "a traição máxima de todos os valores civilizados".
Sobrevivente do Holocausto, Elie Wiesel fundou o Museu do Memorial do Holocausto e foi condecorado com o Prêmio Nobel da Paz em 1986. O escritor, nascido na Romênia, morreu no ano passado, aos 87 anos de idade.
No dia 24 de abril é celebrado o Dia da Lembrança do Holocausto, conhecido como Yom Hashoah. A data marca o aniversário do Levante do Gueto de Varsóvia, que ocorreu em 1943.
PV/dpa/ap
Dez filmes sobre o Holocausto
A "cinematografia do Holocausto" é composta de uma vasta lista de filmes. Embora transpor o indescritível para imagens em movimento seja uma tarefa altamente complexa, são diversas as tentativas.
Foto: absolut Medien GmbH
Noite e neblina
Filme de 1955 que estreou no Festival de Cannes, "Noite e neblina", dirigido pelo francês Alain Resnais, foi um dos primeiros documentários a se debruçar sobre o Holocausto. Renais e Chris Marker, na época seu assistente, estavam entre os primeiros cineastas a terem um acesso mais amplo aos arquivos do Holocausto em França, Bélgica, Holanda, Polônia e Alemanha.
Foto: picture-alliance/Mary Evans Picture Library/Ronald Grant Archive
Minha luta
Coprodução sueco-alemã de 1960, tem direção de Erwin Leiser (1923-1996), que emigrou aos 15 anos de idade, depois do Pogrom de 1938, para a Suécia, onde se tornaria mais tarde um cronista em imagens das atrocidades do regime nazista. No longa-metragem, o diretor reúne material de arquivo da época, como faria em outros filmes posteriores, em um minucioso trabalho de memória daquele período.
Foto: picture-alliance
Shoah
Obra mais importante sobre a memória do Holocausto, o filme de Claude Lanzmann, de 1985, com 9 horas e meia de duração, foi feito no decorrer de 11 anos. O diretor recusa-se a usar imagens de campos de concentração como fazem os documentários convencionais. O registro do horror acontece através do testemunho de sobreviventes – sejam eles vítimas, algozes ou meros espectadores das atrocidades.
Foto: absolut Medien GmbH
A lista de Schindler
Steven Spielberg contou neste filme de 1993 a história de um empresário que, embora conivente com o regime nazista, acabou salvando a vida de mais de mil judeus. A superprodução americana ganhou sete Oscars, incluindo os de melhor filme e direção, embora tenha sido apontada por parte da crítica como um melodrama que prima por transformar a dor em espetáculo.
Foto: picture alliance / United Archives/IFTN
Exílio em Xangai
O longa-metragem de 1997, de Ulrike Ottinger, é um filme sobre o Holocausto no sentido de documento da fuga e da migração dos judeus para Xangai durante o regime nazista. Com 4 horas e meia de duração, o documentário tem como ponto de partida as lembranças de seis judeus alemães, austríacos e russos, que fugiram para Xangai, um dos únicos lugares com fronteiras abertas até 1943.
Do Leste
Coprodução franco-belga de 1993, o documentário de Chantal Akerman é uma viagem realizada pela diretora passando pelo Leste alemão, Polônia, países bálticos e Rússia. O filme documenta não apenas o deslocamento geográfico da cineasta, mas sobretudo sua busca de um Leste que, embora lhe seja estranho, é a terra de origem de sua mãe judia, nascida na Polônia e sobrevivente de Auschwitz.
Balagan
Uma trupe tenta, na israelense Akko, tratar do Holocausto em um coletivo de teatro que envolve também um palestino. A partir daí, o diretor Andres Veiel busca, neste filme de 1994, descobrir as feridas abertas existentes quando se fala do assunto. O documentário não é um filme sobre sobreviventes, mas sim sobre seus filhos e sobre como eles conseguem lidar com essa herança histórico-familiar.
A vida é bela
Tragicomédia encenada pelo italiano Roberto Benigni em 1999, o filme recebeu o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes e atraiu um imenso público em muitos países. Por ser uma das raras tentativas de abordar o tema dos campos de concentração com humor, teve recepção ambivalente por parte de alguns sobreviventes do Holocausto, que viram aí um perigo de banalização das atrocidades nazistas.
Foto: picture-alliance/dpa
O Pianista
Vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes em 2002, o filme de Roman Polanski tem roteiro baseado nas memórias de Wladyslaw Szpilman, músico polonês que testemunha como Varsóvia é tomada pelos alemães na Segunda Guerra Mundial e cuja família é assassinada no campo de concentração de Treblinka. O próprio Polanski sobreviveu ao Gueto de Cracóvia e perdeu a mãe assassinada em Auschwitz.
Foto: imago stock&people
O filho de Saul
Filme de 2015 do húngaro László Nemes (ex-assistente de Béla Tarr), tem como protagonista um integrante do Sonderkommando (grupo de prisioneiros judeus encarregados de limpar câmaras de gás e remover cadáveres), cuja ideia fixa é enterrar um garoto. Filme claustrofóbico, cujo uso do primeiro plano, os closes exacerbados e a câmera em constante movimento, tira o espectador de sua zona de conforto.