Museu do Louvre protege ícones bizantinos ucranianos
14 de junho de 2023
Retirados da capital da Ucrânia sob bombardeios russos, 16 ícones com cerca de 1.500 anos são marcos da pintura mundial e contam entre as obras de arte mais preciosas. Cinco deles estão expostos agora no museu de Paris.
Anúncio
O Museu do Louvre, de Paris, está expondo cinco raros ícones bizantinos, parte de um grupo de 16 peças resgatadas da Ucrânia sob invasão russa, que contam entre as obras de arte mais valiosas do mundo.
Provenientes do Museu Nacional de Arte Bohdan e Varvara Khanenko, de Kiev, os ícones foram levados em 10 de maio para a França, passando pela Polônia e a Alemanha, sob escolta militar e com assistência da Aliança Internacional para Proteção de Patrimônio em Áreas de Conflito (Aliph), sediada em Genebra, Suíça.
Na crença ortodoxa-cristã, sobretudo nas Igrejas orientais, ícones são retratos pintados de santos. Os exemplares mais antigos datam do século 6º ao 7º, como alguns encontrados na instituição ucraniana de arte ocidental e oriental, considerados marcos da história da pintura.
Ucrânia: a arte resiste e sobrevive à guerra
10:51
Segundo o museu de Paris, as 16 peças bizantinas resgatadas são as mais simbólicas e mais frágeis do Bohdan e Varvara Khanenko. Cinco delas estão expostas ao público de 14 de junho a 6 de novembro de 2023, enquanto as outras 11 permanecerão no depósito do Louvre para finalidades científicas.
Anúncio
Museu ucraniano atravessa sua terceira guerra
Em 22 de outubro de 2022, um míssil caiu a dez metros do museu que deve seu nome aos empresários e amantes da arte Bohdan e Varvara Khanenko. Abrigando cerca de 25 mil obras da Antiguidade e bizantinas, da Europa e da Ásia, ele atravessa agora o terceiro grande conflito armado de sua existência, depois de ter sobrevivido à Primeira e à Segunda Guerra Mundial.
O casal Khanenko comprou suas primeiras peças de arte em 1874, durante sua viagem de lua-de-mel na Itália. Ao reunir um acervo diversificado para o próprio deleite, desde o início sua intenção de longo prazo era torná-lo acessível ao maior público possível.
Logo após a invasão da Ucrânia por tropas russas, em 24 de fevereiro de 2022, as coleções do museu já haviam sido postas em segurança em locais secretos, excetuadas as pinturas monumentais, que não puderam ser transportadas. Segundo a diretora do Louvre, as peças no local estão expostas a outras ameaças, como flutuações de temperatura devido às quedas de eletricidade periódicas.
Quatro dos ícones resgatados provêm do Mosteiro de Santa Catarina, na península egípcia de Sinai. Fundado pelo imperador bizantino Justiniano (527-565) em meados do século 6º, ele é um dos conventos mais antigos que existem, declarado Patrimônio Cultural Mundial pela Unesco.
av/bl (DW,ots)
Patrimônio cultural da Ucrânia sob ataque
Além de custar vidas humanas, a guerra da Rússia aniquila a rica herança arquitetônica e cultural ucraniana. Nos primeiros seis meses da ofensiva, pelo menos 450 sítios culturais foram danificados ou destruídos.
Foto: Nicola Marfisi/UIG/IMAGO
Biblioteca Regional Juvenil, Chernihiv
Fundada no século 10º, Chernihiv é uma das cidades mais antigas da Ucrânia. Ela foi uma das primeiras atacadas pela Rússia ao invadir o país vizinho em 24 de fevereiro de 2022, e 70% de seus prédios e infraestrutura estão destruídos. A Biblioteca Regional Juvenil do século 19, uma das marcas registradas de Chernihiv, foi destroçada por bombas russas em 11 de março.
Foto: Nicola Marfisi/UIG/IMAGO
Teatro Dramático, Mariupol
Alguns dos combates mais violentos da guerra da Rússia contra a Ucrânia têm se desenrolado na cidade portuária de Mariupol, no Mar Negro. Há mais de 60 anos, adornava seu centro um elegante Teatro Dramático, em cujo porão os moradores iam buscar segurança durante as ofensivas. Porém em 16 de março as forças sob ordens de Vladimir Putin bombardearam o prédio, matando cerca de 600 civis.
Foto: Alexei Alexandrov/AP Photo/picture alliance
Museu de Arte Arkhip Kuindzhi, Mariupol
Em 21 de março, a Rússia lançou uma devastadora ofensiva aérea contra o Museu de Arte Arkhip Kuindzhi de Mariupol, construído em 1902, em estilo art nouveau. Nenhuma das obras desse pintor do século 19 se encontrava no prédio, porém as de Tetyana Yablonska e de outros artistas ucranianos. Não está claro se alguma delas foi recuperada.
Foto: Alexey Kudenko/SNA/IMAGO
Borodyanka
A cidadezinha de Borodyanka, cerca de 50 quilômetros a noroeste de Kiev, era um pacífico local residencial. Após mais de um mês de ocupação russa, contudo, grande parte dela está em ruínas. Casas, playgrounds, jardins, escolas, parques, até monumentos, como este busto do poeta ucraniano Taras Shevchenko, foram danificados ou destruídos.
Em 6 de maio, as tropas russas lançaram um ataque sobre a casa onde morou o poeta e filósofo do século 18 Hryhoriy Skovoroda, num subúrbio de Kharkiv. O prédio transformado em museu em honra de seu legado foi atingido por um míssil, um homem de 35 anos que supervisionava o local ficou ferido. A coleção não sofreu danos, pois já fora transportada para um local seguro.
Foto: Sergey Bobok/AFP/Getty Images
Igreja Pokrovsky, Malyn
Em 6 de março de 2022, os invasores russos lançaram um bombadeio aéreo sobre a praça central de Malyn. As paredes da Igreja Ortodoxa Pokrovsky, construída em meados dos anos 1990, sofreram sérios danos, suas janelas ficaram estilhaçadas.
Foto: Maxym Marusenko/NurPhoto/picture alliance
Izyum
Terceira maior cidade da região de Kharkiv, Izyum foi fundada em 1681 e ficou famosa por suas igrejas e outras construções históricas. Devido a sua localização estratégica, a Rússia tentou capturá-la pouco após o início da invasão. Bombas e mísseis destruíram 80% dos edifícios residenciais de Izyum. Esta escola datando de 1882 ficou seriamente danificada.