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Museu da Stasi

31 de janeiro de 2012

"Inimigo é quem pensa diferente" intitula-se mostra no Museu da Stasi, em Berlim. De um prédio no bairro de Lichtenberg o serviço de segurança espionava e determinava os destinos, dentro e fora da ex-RDA.

Salão de conferências da Stasi
Salão de conferências da StasiFoto: ASTAK / John Steer

O tapete sob a escrivaninha marrom é vermelho, a cadeira do chefe, azul clara. Desse posto, Erich Mielke, comandou o Serviço de Segurança Nacional da Alemanha Oriental (Staatssicherheitsdienst der DDR, ou "Stasi") de 1957 a 1989. Em contraste com o ambiente colorido, a mentalidade dominante era preto e branco: "Inimigo é quem pensa diferente" é o título da mostra em Berlim que documenta o poder do serviço secreto comunista.

Os corajosos homens e mulheres que, em 15 de janeiro de 1990, invadiram a central da Stasi no bairro berlinense de Lichtenberg salvaram milhões de arquivos da destruição, mas também peças importantes do mobiliário na Casa 1, onde trabalhava Mielke.

Graças aos ativistas dos direitos civis, o lugar foi transformado em memorial, logo após a revolução pacífica. A responsável por esse primeiro museu particular da Stasi foi, desde o início, a Ação Antistalinista (Astak).

Erich Mielke, chefe da Stasi entre 1957-1989Foto: picture alliance / dpa

Com exposições, publicações e eventos envolvendo testemunhas da época, a iniciativa privada mantém viva na memória a nefasta influência do serviço secreto da República Democrática Alemã (RDA).

Inventário comunista, TV ocidental

O núcleo do museu é o escritório de Erich Mielke. Para sanear de forma duradoura o prédio em que a dependência se encontra, o Estado alemão liberou cerca de 11 milhões de euros. O telhado avariado foi vedado, paredes e teto receberam isolamento, e construíram-se acessos para deficientes físicos.

Contudo, a Casa 1 manteve sua aparência histórica, apesar de toda a modernização tecnológica. Ao lado do escritório de Mielke, encontra-se uma central telefônica, mantida em estado original, com um botão de alarme e uma conexão direta com o ZK (Zentralkomitee, o Comitê Central do SED, o partido único da Alemanha Comunista).

A maior parte do inventário é do mesmo tipo que o encontrado aos milhares nas "empresas de propriedade do povo" (VEB – Volkseigener Betrieb) da RDA. As máquinas de escrever elétricas são de fabricação nacional, tipo Robotron 202; porém o grande televisor, em que Mielke certamente também assistia à programação da TV do mundo capitalista, é da marca Philips. Muito além das posses de um cidadão alemão oriental comum, para padrões ocidentais o aparelho já parecia uma peça de museu, em 1989.

Entrada da Casa 1 da central do serviço secreto da RDAFoto: BStU

Compreender a ditadira

O giro pelo Museu da Stasi leva ao salão de conferências onde Mielke e seus generais estudavam a situação estratégica. Trata-se de um aposento alongado, com uma fila de mesas no meio e oito assentos de cada lado, com revestimento marrom-ferrugem.

Na cabeceira encontram-se três cadeiras iguais, sendo a do centro reservada ao chefe do serviço secreto. De lá, Mielke podia ver, à direita, um mapa da RDA, com o pequeno território inimigo marcado no meio: "Berlim Ocidental", o ferrão capitalista encravado na carne socialista. Lá também se espionavam os personalidades de destaque e cidadãos comuns, embora em escala bem menor do que na própria Alemanha Oriental.

Roland Jahn assumiu direção dos arquivos da StasiFoto: picture alliance/dpa

A atual exposição mostra destinos típicos sob o regime comunista. Entre os casos mais conhecidos esteve a expatriação do compositor Wolf Biermann. Por seu protesto contra esse ato da ditadura alemã oriental, a estudante e artista crítica ao sistema Gabriele Stötzer teve que pagar com um ano de prisão por "difamação do Estado".

Também está bem documentada a espionagem do jornalista Roland Jahn. Em 2011, aos 58 anos de idade, ele foi designado pelo Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão) como terceiro encarregado federal dos arquivos da Stasi, sucedendo a Joachim Gauck e Marianne Birthler.

Jahn tem grandes planos para o antigo local do terror, que agora é um endereço para a história e a formação política. O ex-jornalista de Jena, no estado da Turíngia, sonha com um "campus da democracia" no bairro de Lichtenberg. Segundo ele, o prédio construído em 1961 e seus numerosos anexos possibilitam, de forma excelente, vivenciar a história. "Quanto mais compreendermos a ditadura, melhor poderemos estruturar a democracia", declarou Jahn, à vista do Museu da Stasi saneado.

Autoria: Marcel Fürstenau (av)
Revisão: Carlos Albuquerque

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