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Museu em Hannover aborda o humor e a sátira

Marc von Lüpke-Schwarz (sv)25 de maio de 2013

Museu Wilhelm Busch é totalmente voltado para a exposição de caricaturas e desenhos, abrigando mostras históricas e de artistas contemporâneos.

Foto: picture-alliance/dpa

Os alemães não são exatamente conhecidos pelo humor, havendo até mesmo clichês que insistem na incapacidade dos germânicos rirem. Uma pequena pérola na lista dos museus alemães tenta provar o contrário: o Museu Wilhelm Busch de Caricaturas e Desenhos em Hannover. Em nenhuma outra instituição do gênero no país o visitante vai encontrar tanto humor, tanta sagacidade e tanta crítica social.

O acervo do museu é formado por mais de 35 mil caricaturas feitas no decorrer de mais de quatro séculos. E a tendência da coleção permanente é crescer. Numa mostra aberta ao público desde o ano passado e que permanece até setembro deste ano, em comemoração aos 75 anos de existência do museu, estão expostas as mais belas obras da casa, entre elas desenhos de grandes nomes do século 19, como Wilhelm Busch, ou do século 20, como Marie Marcks, Tomi Ungerer e Robert Gernhardt. Sem esquecer a estrela do humor alemão recente: Vicco von Bülow, morto no último ano e conhecido no  país sob o pseudônimo de Loriot.

Obra de Loriot, 1965Foto: Wilhelm Busch-Deutsches Museum für Karikatur und Zeichenkunst

O acervo do museu contém obras que remetem aos primórdios da sátira em imagens: são reproduções de artistas renomados como Hogarth, por exemplo, que no século 18 fez caricaturas de seus conterrâneos ingleses com uma ironia das mais mordazes. Ou também obras do artista espanhol Francisco de Goya, que com sua série Desastres de la guerra, desenhada entre 1800 e 1814, ilustrou o terror do conflito bélico melhor que nenhum outro na história. O mestre francês das caricaturas, Honoré Daumier, é outro nome do século 19 cujas obras fazem parte do acervo do museu de Hannover.

Em memória de Wilhelm Busch

O Museu das Caricaturas existe precisamente desde 1937, ou seja, foi fundado durante o regime nazista. A ideia da criação remete a uma iniciativa de 1930, de manter vivo o legado de Wilhelm Busch, pesquisando-a e tornando-a acessível para o público. No entanto, os membros judeus da Sociedade Wilhelm Busch já puderam sentir imediatamente após a ascensão dos nazistas ao poder, em 1933, as perseguições a que seriam submetidos no país.

Os nazistas passaram a partir de então a usurpar também a obra do humorista Wilhelm Busch, já então mundialmente conhecido, para fins de propaganda em proveito próprio. Alguns desenhos que foram parar ali durante esta época pertenciam inclusive a proprietários judeus. Hoje em dia, o museu tenta esclarecer a origem dessas obras.

"O Banho no Sábado à Noite", de Wilhelm Busch

Em Hannover, é conservada a maior parte da obra de Wilhelm Busch, que vai sendo parcialmente exposta pelo museu em mostras regulares. Além de trabalhos populares, como Max e Moritz, encontram-se ali 50 desenhos de autoria de Busch, mais de 350 pinturas a óleo, bem como quase 900 cartas escritas por ele. Durante o período nazista e a Segunda Guerra Mundial, a obra do caricaturista foi resguardada com afinco. Uma remoção em 1943 a protegeu da destruição pelos bombardeios.

Museu alemão de caricaturas

Nos anos que se seguiram, o museu conseguiu se livrar da "imagem nazista" dos tempos de sua criação, tendo se tornado um dos mais importantes espaços de exposição e coleção da caricatura alemã e de fora do país, bem como de arte gráfica crítica e desenho. Em 1956, por exemplo, foi exposta ali uma grande mostra de caricaturas norte-americanas.

É possível que o "pai" dos irreverentes Max e Moritz fosse olhar com certa resistência para o local onde fica o museu que leva seu nome hoje: desde 1950, ele está instalado em um imponente prédio neoclássico: o Palácio Wallmoden, localizado no centro do parque Georgengarten em Hannover.

Museu da Caricatura e do Desenho fica em meio a parque em HannoverFoto: Wilhelm Busch-Deutsches Museum für Karikatur und Zeichenkunst

Com mostras, entre outros, sobre pergaminhos e mangás, o museu serve também de ponte de ligação com a arte asiática na Europa. Até setembro deste ano fica aberta ao público a mostra A caricatura e a arte do desenho, que celebra os 75 anos da instituição e é acompanhada de um catálogo com as mais belas obras da história do gênero.

Entre agosto e outubro de 2013, o museu abriga uma mostra do Museu do Cartoon de Londres sobre dois dos mais significativos caricaturistas e cartunistas do Reino Unido: Henry Mayo Bateman (1887–1970) e William Heath Robinson (1872–1944).

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