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Escândalo museal

2 de outubro de 2007

Réplicas a preços de originais, nepotismo, malversação de verbas públicas: o museu dedicado ao artista plástico franco-alemão está envolvido de escândalos. Prédio de arquiteto Richard Meier já é uma sensação, em si.

Escultura de Hans Arp. Ao fundo, a estação RolandseckFoto: picture-alliance / Rolf Kosecki
Projeto de Richard Meier é sensaçãoFoto: picture-alliance /dpa

A construção do Museu Arp, projetado em Remagen-Rolandseck pelo arquiteto-estrela Richard Meier, durou três anos e custou 33 milhões de euros. Sua recente inauguração pela chanceler federal alemã, Angela Merkel, foi cercada de polêmica.

Segundo a emissora SWR, a Fundação Hans Arp haveria contratado advogados, na década de 1990, para abafar a imprensa crítica ao projeto. Neste contexto, o governo estadual da Renânia-Palatinado, estado alemão onde fica o museu, haveria concedido 150 mil euros para cobrir gastos. O vice-secretário de Cultura do estado, Joachim-Hofmann Göttig, confirmou que houve a concessão da referida soma, para fins de aconselhamento legal.

As acusações se agravam pelo fato de as verbas haverem fluído para escritórios de advocacia integrados por membros da Fundação Arp. Göttig convocou para esta terça-feira (02/10) uma coletiva de imprensa. "Não evitaremos nenhuma discussão crítica", prometeu também o governador da Renânia-Palatinado, Kurt Beck.

Negócio sujo com a arte

Original ou póstumo?Foto: picture-alliance / dpa

Porém um escândalo ainda maior ameaça a reputação do Museu Arp. Peritos têm repetidamente questionado a autenticidade – ou o valor – das obras de Hans Arp que a fundação que leva seu nome vendeu, por dez milhões de euros, ao governo palatino.

Consta que uma parte das esculturas foi fundida somente após a morte do artista. A Fundação Arp argumenta que o número de cópias fora fixado pelo próprio escultor, e que suas indicações foram rigorosamente respeitadas durante o processo de fundição.

Em 1997 já houvera um outro escândalo, quando o estado devolveu 21 peças do artista devido a dúvidas quanto à sua autenticidade. Os críticos acusam a associação de tentar fazer negócio com reproduções. Um novo agravante é a revelação de uma das finalidades da fundação, expressa em seu estatuto, ser a venda de réplicas de obras de Arp.

Tesouro franco-alemão

A primeira exposição do museu traz cerca de 90 obras do artista: desenhos em nanquim, relevos, colagens e esculturas. Sob o título A natureza das coisas, elas ocupam o piso superior do edifício milionário.

A premiê alemã classificou Hans Arp como um elo de ligação entre as culturas alemã e francesa. Nascido em Estrasburgo, na França, o artista viveu entre os dois países, enriquecendo culturalmente ambas as nações. Segundo Merkel, é graças a pessoas como o pintor falecido em 1966, aos 79 anos, que a Alemanha e a França possuem um fundamento cultural comum, sobre o qual hoje se pode construir política.

Instalação 'Kaa', de Barbara TrautmannFoto: Barbara Trautmann/ Foto: Wolfgang Günzel

Ao lado de obras do homenageado, o museu expõe peças do pintor e escultor Anselm Kiefer, esculturas de Anton Henning e instalações de Johannes Brus, Michael Craig-Martin, Yvonne Fehling e Jennie Peiz. Segundo o diretor do museu, Klaus Gallwitz, todos estes apresentam conexões com Hans Arp.

Parte do complexo arquitetônico é a recém-saneada estação ferroviária Rolandseck. Ela se liga ao local de exposições por um túnel subterrâneo de 120 metros de extensão, que uma espiral fluorescente de 18 metros, da autoria de Barbara Trautmann, ilumina. "O trajeto para o edifício de Richard Meier é uma aventura total", promete Gallwitz. (av)

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