Museu situado numa ilha fluvial em Neuss no oeste alemão, foi uma iniciativa do colecionador de arte Karl-Heinrich Müller. Na Ilha Hombroich, arte, arquitetura e natureza dialogam com o ser humano.
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Em seu ensaio sobre a Ilha Hombroich, o colecionador de arte responsável pela iniciativa afirma que "a ilha é um pequeno espaço onde pessoas de todas as culturas se encontram. Apesar de suas diferenças culturais, elas percebem que há algo que as une."
Assim, a Fundação Ilha Hombroich é um espaço de encontros, que surgiu da motivação de tornar uma coleção de arte privada acessível ao público. E quem quis fazer isso se chamava Karl-Heinrich Müller (1936-2007). No início da década de 1980, ele tinha uma grande coleção de arte que queria mostrar ao público. Mas não num contexto urbano, sua visão era fazê-lo no contexto da natureza.
O iniciador do projeto se deparou na época com um antigo parque no rio Erft, em Neuss, no oeste da Alemanha, de mais ou menos dois hectares. Este parque e uma casa estavam à venda. Então ele procurou apoiadores para o seu projeto. Eram pessoas da Academia de Belas-Artes de Düsseldorf, com quem já mantinha há anos um intenso contato.
Inhotim-Hombroich: a arte paralela à natureza
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O pintor Gotthard Graubner (1930-2013) se responsabilizou pela compilação das obras da coleção de Müller e pela montagem da exposição nos prédios do museu. As edificações foram criadas pelo escultor Erwin Heerich (1922-2004). E para a paisagem Müller procurou Bernhard Korte, uma pessoa sensível com conhecimentos sobre a natureza.
E assim teve início a criação da Ilha Hombroich. O nome se deve a uma ilha fluvial no afluente do rio Erft, onde está localizada a instituição. Mas é preciso diferenciar entre a fundação e o museu. O Museu Ilha Hombroich é, por assim dizer, o núcleo inicial. Aqui há um antigo parque de 1814, comprado por Müller em 1982.
O Museu Ilha Hombroich funciona, por um lado, como um museu convencional. "Chega-se ao estacionamento, entra-se na recepção, paga-se o tíquete, e se é deixado por conta própria. Então se pode visitar este parque. A melhor forma é sem a planta do parque em mãos. Entre, olhe e se oriente por si mesmo. E traga tempo. Aqui é possível passar todo um dia. A estada na cafeteria também já está incluída no preço do ingresso. Isso significa que aqui é possível almoçar ou tomar um café", disse o atual paisagista de Hombroich, Burkhard Damm, em entrevista à DW Brasil.
Damm afirmou que é importante não ter pressa, não tentar captar tudo que existe ali em apenas duas horas. "No sentido mais amplo, aqui é uma ilha onde se passeia e é preciso ter tempo."
Desde 1994, a Fundação Ilha Hombroich engloba ainda uma antiga base de foguetes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que funciona como um laboratório cultural. "Ali a ciência se encontra com a arte em suas facetas da música, das artes plásticas, da pintura, da poesia, da lírica", disse o paisagista.
Na Estação de Foguetes, os artistas vivem e trabalham. Ali existem ateliês, casas, hospedaria. Existe também outro museu, a Langen Foundation. Há ainda um terceiro polo, as chamadas "Capelas de Kirkeby" ou, melhor dizendo, o "Campo de Kirkeby". Essa região se localiza entre o Museu Ilha Hombroich e a Estação de Foguetes Hombroich. Ali há diversas áreas de exposição. Existe também um Museu de Gravura Popular, o Museu Feldhaus.
E em três edifícios semelhantes a uma capela, criados pelo artista dinamarquês Per Kirkeby, existem exposições temporárias e a apresentação de uma visão para o desenvolvimento do local, para os próximos 50 a 100 anos, o chamado Raumort Labor (laboratório espaço-local).
Após a Ilha Hombroich, surgiram vários espaços de exposição que têm por lema a arte aliada à natureza, como, por exemplo, o Inhotim, no Brasil, e o High Line Park, em Nova York. Mas há também exemplos no Japão, na Itália, no sul da França. Como se explica esta tendência mundial?
Os jardins de Hombroich
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Para os organizadores de Hombroich, talvez não se trate de uma tendência, já que dentro de cada ser humano existe um anseio atemporal frente à natureza. Aliado a um distanciamento das coisas naturais, da paisagem, isso faz com que esse desejo seja ainda mais presente na era midiática.
Mas nos jardins históricos sempre houve uma interpenetração entre a arte e a natureza. Em Hombroich, dizem os organizadores, as estátuas de um parque foram substituídas pelos pavilhões.
"Se na época da industrialização as cidades ficaram mais negras, então o desejo pelo verde é maior. Quanto maior for uma cidade, maior o anseio frente ao Outro. Se eu ando pelo deserto, eu preciso de água, mas seu eu nado, eu fico contente quando estiver enxuto", disse o paisagista em entrevista à DW Brasil.
E da mesma forma acontece em tempos de uma forte digitalização. "Procuramos então impressões reais, vivências reais. Acredito que o homem seja constituído de forma a procurar o que falta, e no caso o contato direto com as coisas, e não somente ficar sentado diante do computador."
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As flores do Museu Ilha Hombroich
Situado numa ilha fluvial no oeste da Alemanha, o Museu Ilha Hombroich foi concebido sob o lema "a arte paralela à natureza". Além de arte e arquitetura, o visitante também pode apreciar flores nativas e exóticas.
Foto: DW/C. Albuquerque
Arte paralela à natureza
O Museu Ilha Hombroich foi fundado em 1987 pelo colecionador Karl-Heinrich Müller, seguindo o lema do impressionista francês Paul Cézanne: a arte paralela à natureza. Nesse conjunto, o paisagismo tem por função alterar o mínimo possível a natureza do local. Assim, em Hombroich, um prado é um prado, um lago é um lago e uma flor é uma flor, como estes tremoceiros-azuis na entrada do parque.
Foto: DW/C. Albuquerque
Tremoceiro-azul
De origem europeia, o tremoceiro existe em diversas cores. Suas sementes são os tremoços. Ricas em proteínas, elas servem de alimento para seres humanos e animais. Além de bela, essa planta leguminosa é usada como adubo verde, devido à sua capacidade de revitalizar o solo com nitrogênio. A planta deve essa propriedade às bactérias com quem vive em simbiose nos nódulos de sua raiz.
Foto: DW/C. Albuquerque
Íris
Diferente do tremoceiro, esta íris amarela é uma planta nativa da região. A um metro de profundidade do solo foi descoberta uma camada de húmus com restos milenares de plantas, entre elas, esta íris amarela, também chamada de lírio-do-gerês. Já o tremoceiro emigrou para Hombroich há cerca de 200 ou 300 anos.
Foto: DW/C. Albuquerque
Acônito
O acônito é uma planta que se desenvolve em regiões frias do Hemisfério Norte. As raízes, sementes e folhas de algumas espécies são venenosas. Na Antiguidade, serviam de veneno para as pontas das flechas dos germanos e gauleses. Mas, na medicina, ela é bastante utilizada em medicamentos, principalmente na homeopatia. Em Hombroich, os acônitos crescem ao lado do chamado Pavilhão Graubner.
Foto: DW/S. Hüls
Ilha fluvial
O Museu Ilha Hombroich deve seu nome a uma ilha fluvial de um afluente do rio Erft. Uma mansão construída em 1816 junto à ilha deu origem ao parque, após ser adquirida pelo colecionador Müller. O paisagista Bernhard Korte recuperou lagos e cursos d'água encontrados em mapas antigos e cultivou plantas nativas e exóticas. Além dos nenúfares, à esquerda na foto vê-se um ruibarbo-gigante-brasileiro.
Foto: DW/C. Albuquerque
Lírio aquático
O lírio aquático é um nenúfar, um gênero de planta aquática da mesma família da vitória-régia. Nenúfares são plantas que crescem em águas paradas ou de movimentação lenta. Eles foram imortalizados numa série de pinturas homônimas que o impressionista Claude Monet fez de seu jardim. Em Hombroich, eles ajudam a enfatizar a "paisagem arcadiana" criada por Korte nos anos 1980.
Foto: DW/S. Hüls
Arte e natureza
Segundo os organizadores, o Museu Ilha Hombroich é um local especial, longe do estresse do dia a dia e dos modismos. Apesar disso, com o lema "a arte paralela à natureza", Hombroich está bastante atual, já que se trata de uma tendência em todo o mundo. E, às vezes, a arte se confunde com a própria natureza, como comprovam estes acônitos azuis, ásteres brancos e persicárias vermelhas.
Foto: DW/S. Hüls
Camomila
Entre as plantas que os visitantes encontram em Hombroich, está a camomila. De origem europeia, ela cresce principalmente em climas amenos. Além do perfume, ela tem várias propriedades medicinais. As duas espécies mais conhecidas são a camomila alemã e a camomila romana. A camomila alemã é a mais cultivada e também a mais apreciada como chá, por seu sabor mais doce.
Foto: DW/C. Albuquerque
Flor do sabugueiro
O sabugueiro é uma espécie muito comum na Europa. De maio a julho, as flores do sabugueiro surgem nos galhos jovens da planta. Além de sua beleza e do uso medicinal, as flores podem ser usadas para enriquecer um banho de banheira ou em geleias, devido à sua fragrância. Com açúcar, limão e água, também se pode fazer um delicioso xarope, ideal para o uso em coquetéis.
Foto: DW/C. Albuquerque
Liriodendro
Também conhecido como árvore-da-tulipa ou tulipa-da-virgínia, o liriodendro ganhou esse nome por se parecer com uma tulipa. A árvore é originária da América do Norte. Em parques, ela é frequentemente usada como planta decorativa. A madeira de seu tronco pode ser usada para fazer portas, janelas, instrumentos musicais e até caixões fúnebres.
Foto: DW/C. Albuquerque
Hortênsia
A hortênsia é um arbusto ornamental de origem asiática. Ela está hoje difundida como planta ornamental em regiões temperadas e subtropicais de todo o mundo. Ela floresce entre o início do verão e o final do outono. A hortênsia também possui efeitos psicotrópicos. No entanto, tratam-se de substâncias que são perigosas à saúde humana.
Foto: DW/S. Hüls
Ácer
As folhas desta árvore são muitas vezes confundidas com a folha da planta da maconha, mas se trata simplesmente de uma árvore do gênero dos áceres, com folhas pontiagudas. Uma folha semelhante estilizada ornamenta a bandeira do Canadá. Apesar de não ser uma flor, a planta tem um efeito bastante ornamental. Pela coloração da folha, nota-se que a foto foi tirada em Hombroich durante o outono.
Foto: DW/S. Hüls
Rododendro
Também no outono foi feita esta foto de flores de rododendro, cuja beleza lembra a serenidade de uma dama da Belle Époque. Pouco tempo depois, folhas e flores darão lugar aos galhos secos no inverno, dando continuidade ao princípio paisagístico de Hombroich, que é deixar a natureza só em função das estações do ano.
Foto: DW/C. Albuquerque
Anúncio de primavera
Em alemão, esta "Leucojum vernum" se chama "Märzenbecher" ou "copo de março"; em inglês, esta flor alpina é denominada "spring snowflake" ou "floco de neve da primavera". Então tudo leva a crer que esta foto foi tirada no início de março e que a presença dessas florzinhas parecidas com narciso é um sinal de que a primavera está chegando a Hombroich.
Foto: DW/S. Hüls
Ciclo da vida
O fim do inverno marca o início de um novo ciclo em Hombroich. Na primavera e no verão, os visitantes podem sentar-se ao ar livre e apreciar a paisagem e a arquitetura dos pavilhões. As flores na foto vêm do próprio jardim do parque, como também as frutas, verduras e hortaliças oferecidas ao visitante no restaurante da instituição.