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Não à violência contra a criança

(ms)19 de setembro de 2003

Na Alemanha, a UNICEF comemora o Dia Internacional da Criança alertando sobre a violência que ainda é praticada contra menores nos países industrializados.

Violência gera violênciaFoto: Bilderbox

A violência contra as crianças, incluindo os maus-tratos na família, é um tema normalmente tratado como tabu nos países mais ricos. Que o problema existe, ninguém nega. Mas encarar o problema de frente, como algo que acontece de fato bem mais próximo do que se imagina, é ainda uma situação incômoda, especialmente nos países mais industrializados do Ocidente.

Foi justamente este o tema que o Fundo das Nações Unidas para a Infância, UNICEF, decidiu abordar em Berlim por ocasião do Dia Internacional da Criança, que será comemorado neste sábado (20/09) na Alemanha.

Um estudo realizado nos países industrializados aponta que o número de óbitos infantis em decorrência de atos de violência tem diminuído desde a década de 70. Isto não significa, entretanto, que houve necessariamente uma retração da violência praticada contra os menores mas um avanço da Medicina, que impediu a morte de muitas crianças vítimas de maus-tratos.

“A cada ano, o abuso contra o menor provoca cerca de 3.500 casos de morte nos países industrializados. Isto representa duas mortes por semana na Alemanha e Inglaterra, três na França, quatro no Japão e 27 nos Estados Unidos”, revelou Dietrich Garlichs, presidente do UNICEF na Alemanha.

Maior e menor

Em três países a taxa de mortalidade infantil é especialmente alta: Estados Unidos, México e Portugal. Em outros cinco, Espanha, Grécia, Itália, Irlanda e Noruega, a taxa é bem menor. Onde a criminalidade entre adultos é mais acentuada, os casos de abuso contra o menor também são mais freqüentes.

Outro aspecto importante é a violência doméstica. No Canadá, por exemplo, cerca de 80% das agressões contra o menor são praticados dentro do lar. Os motivos são bem conhecidos.

Álcool, consumo de drogas, estresse na família, desemprego e problemas econômicos são geralmente o estopim que acaba detonando contra a criança. “Quanto mais difícil a situação dos pais”, frisou Garlichs, “maior é o risco de que a criança seja maltratada”.

Tapa pode?

Apenas em seis países do mundo, incluindo a Alemanha e a Suécia, as crianças têm garantido por lei o direito de viver sem violência. De acordo com o UNICEF, tal determinação não impede o abuso sutil contra o menor nesses países, como a aplicação de certos princípios arcaicos de educação, tais como tapas e beliscões.

O presidente do UNICEF na Alemanha lembrou que médicos e especialistas são unânimes em afirmar que os atos de violência marcam a criança por toda a vida. E quem já foi vítima de maus-tratos na infância tem boas chances de se tornar no futuro um agressor em potencial.

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