"Não construa o muro", diz prefeito de Berlim a Trump
28 de janeiro de 2017
Michael Müller lembra sofrimento causado por barreira que dividiu a capital alemã. Político afirma que planos do presidente americano para fronteira com o México levariam a "isolamento e exclusão".
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O prefeito de Berlim, Michael Müller, criticou nesta sexta-feira (27/01) os planos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de construir um muro na fronteira com o México.
"Berlim, a cidade da divisão da Europa, a cidade da liberdade da Europa, não pode assistir sem comentar quando um país planeja erguer um muro", disse Müller.
"Nós berlinenses somos os que melhor sabemos quanto sofrimento a divisão de todo um continente, cimentada por arame farpado e um muro, pode causar", prosseguiu. "Não devemos simplesmente aceitar que toda a nossa experiência histórica seja descartada por aqueles a quem devemos em grande parte nossa liberdade, os americanos."
O prefeito da capital alemã lembrou que milhares de pessoas tiveram suas vidas afetadas pelo Muro de Berlim, construído pela República Democrática da Alemanha (RDA, antiga Alemanha Oriental) e que dividiu a cidade entre 1961 e 1989. O objetivo era impedir que os cidadãos da RDA fugissem para o lado ocidental, e a barreira se tornou um símbolo da opressão durante a Guerra Fria.
Müller pediu ao presidente americano que "não tome esse caminho equivocado do isolamento e da exclusão". "Em todos os lugares onde ainda existem fronteiras do tipo – na Coreia, no Chipre –, elas provocam sofrimento e cerceiam a liberdade", disse.
"Eu apelo ao presidente americano: pense em seu antecessor Ronald Reagan. Lembre-se das palavras dele: 'Derrube este muro'. Não construa esse muro", concluiu Müller.
Trump ordenou nesta semana a construção de um muro nos 3,2 mil quilômetros de fronteira com o México, para impedir a entrada de imigrantes ilegais. O presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, cancelou uma visita à Casa Branca agendada para a semana que vem diante da insistência do líder americano de que o México bancasse a obra.
LPF/dpa/ap/afp
Fronteira entre EUA e México: sai metal, entra concreto
Uma das promessas mais polêmicas da campanha de Donald Trump foi construir um muro na fronteira sul dos EUA. Ali, já há uma cerca em alguns pontos, que pode ser substituída por concreto.
Foto: Reuters/J. L. Gonzalez
Trump é familiarizado com construções
"Vou construir um grande muro na nossa fronteira sul – e ninguém constrói muros melhor do que eu, e vou fazer com que o México pague por esse muro." Isso é o que o presidente americano, Donald Trump, disse na campanha eleitoral. Até agora, ele construiu sobretudo arranha-céus e hotéis. O muro está no topo de um plano de 10 pontos sobre política de imigração.
Foto: picture-alliance/AP Photo/C. Torres
Final no nada
A fronteira entre EUA e México tem cerca de 3.200 quilômetros – dos quais, cerca de 1.100 quilômetros são protegidos por uma cerca. A fronteira passa por quatro estados americanos e seis mexicanos, por desertos e cidades grandes. Devido à dificuldade de acesso, uma pequena parte da fronteira no Novo México é aberta. Outras áreas são patrulhadas por policiais.
Foto: Reuters/M. Blake
Colosso de metal
O número de imigrantes ilegais que entram no país por ano é estimado em 350 mil, uma grande parte vem do México. Alguns mexicanos irregulares são tolerados no país, mas a família mexicana do outro lado não recebe um visto. Os imigrantes desejam uma vida melhor, emprego e mais dinheiro para as suas famílias.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Zepeda
Apenas um pequeno toque
As famílias permanecem separadas pela cerca. Um abraço é impossível. No máximo, as pessoas conseguem esticar as mãos entre as vigas de aço. Se Donald Trump tornar realidade sua promessa eleitoral, como anunciou, logo o concreto vai substituir o aço, impossibilitando qualquer toque.
Foto: picture-alliance/ZumaPress/J. West
Preconceitos
"Quando o México nos manda seus cidadãos, não manda os melhores", disse Trump durante a campanha eleitoral. "Eles enviam pessoas que têm muitos problemas. Eles trazem drogas, crime, estupradores. Alguns, suponho, são boas pessoas." Trump quer deportar imigrantes ilegais, pelo menos, os criminosos. Apesar das ameaças, muitos mexicanos continuam querendo emigrar.
Foto: picture-alliance/AP Photo/G. Bull
Mortes na fuga
Para alguns mexicanos, o sonho termina na fronteira. Eles acabam na prisão. Outros pagam por cruzar ilegalmente a fronteira com a própria vida. Há notícias de que as forças de segurança atiram em migrantes. Seis cidadãos mexicanos inocentes já foram mortos, sem que tenha havido condenação dos responsáveis. Apenas em 2015 um membro da patrulha da fronteira dos EUA foi indiciado.
Foto: Reuters/D.A. Garcia
Armado contra intrusos
Jim Chilton, um fazendeiro americano, vigia sua propriedade. Sua fazenda, de 200 mil metros quadrados, está localizada no sudeste do Arizona e é adjacente ao México. Há apenas uma cerca de arame farpado separando-a do país vizinho. Chilton costuma usar sua arma para defender o terreno.
Foto: Getty Images/AFP/F.J. Brown
Final curioso
"Tortilla Wall". Este é o nome popular e bastante depreciativo de uma parte da fronteira de 22,5 quilômetros de comprimento entre a Otay Mesa Border Crossing, em San Diego (Califórnia), e o Oceano Pacífico.