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"Não existe solução fácil na luta contra o terrorismo"

(ms)3 de setembro de 2004

As forças de segurança russas invadiram a escola na Ossétia do Norte, encerrando o seqüestro. Houve reféns feridos e mortos. O ministro alemão do Exterior, Joschka Fischer, lamentou o sangrento desfecho.

Telhado do ginásio da escola desabou com as explosõesFoto: AP

Por mais de dois dias, um número real ainda desconhecido de crianças, pais e professores viveu horas de terror e angústia nas mãos de terroristas chechenos que dominaram na manhã de quarta-feira (01/09) uma escola em Beslan, na Ossétia do Norte. O seqüestro teve um fim dramático nesta sexta-feira (03/09), quando forças de segurança russas invadiram a escola. Dezenas de pessoas foram mortas e outras centenas ficaram feridas. Na noite desta sexta-feira, a imprensa alemã citava a possibilidade de que foram 1200 reféns, dos quais 600 ficaram feridos e provavelmente 150 morreram.

Tão logo soube do desfecho da ação militar, o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Joschka Fischer, lamentou a morte dos reféns. Ele classificou o seqüestro de "crime abominável" e frisou que nada justifica que "crianças, bebês e suas mães sejam tomadas como reféns".

Defender valores

Fischer, que nesta sexta-feira esteve na Holanda para um encontro com seus colegas de pasta da União Européia, acentuou que na luta contra o terrorismo não existe uma solução fácil. "Não podemos esquecer de defender nossos valores, mesmo sob as condições mais adversas".

O ministro alemão do Exterior, Joschka Fischer (esq) e seu colega de pasta holandês, Ben BotFoto: dpa

O ministro fez ainda um alerta contra a "guerra das civilizações". Os inimigos que desejam esta guerra estão dispostos a usar de extrema brutalidade. Uma situação nada fácil de ser superada. No caso do conflito entre a Rússia e a Chechênia, a questão somente poderá ser resolvida na esfera política, afirmou Fischer.

Consternação na Europa

O ministro holandês do Exterior, Bernard Bot, também presidente do Conselho de Ministros da UE, definiu o seqüestro como "uma terrível tragédia humana" e disse que estava "chocado" com o quadro de horror em Beslan. Ele lamentou que o desfecho não tenha ocorrido de forma pacífica.

Bot declarou compreender "o dilema em que o governo russo se encontrava". Em nome do Conselho de Ministros, deu os pêsames aos familiares das vítimas e ao povo russo, acentuando que a União Européia condena toda e qualquer forma de terrorismo.

Terror desconhece fronteiras

Reféns são atendidosFoto: AP

"Terroristas inescrupulosos tentaram alcançar objetivos políticos com o assassinato de pessoas", condenou o chanceler federal da Alemanha, Gerhard Schröder. Já o presidente do país, Horst Köhler, frisou que "o ocorrido em Beslan demonstra mais uma vez que o terror desconhece fronteiras".

Sem versão oficial

Ainda não há dados oficiais sobre o número exato de feridos e mortos. De acordo com as informações mais recentes, a escola teria sido invadida por militares durante uma operação de recolhimento dos cadáveres que estavam perto do ginásio de esportes. Neste momento, houve uma série de explosões que resultaram no desabamento do teto do ginásio.

Homem socorre uma criançaFoto: AP

Os reféns, entre eles muitas crianças despidas, saíram correndo em busca de abrigo. Houve tiroteio entre as forças de segurança russas e os terroristas, que tentaram fugir. Noventa minutos depois do confronto, o comandante da operação informou que a escola estava sob controle russo. Repórteres que tiveram acesso ao ginásio de esportes disseram ter visto dezenas de corpos no local. À tarde ainda houve tiroteios entre militares russos e seqüestradores escondidos na escola.

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