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Não há espaço para ódio nas ruas da Alemanha, diz Merkel

28 de agosto de 2018

Chanceler federal condena protestos violentos que levaram a ataques e perseguição a estrangeiros no leste do país. "Pessoas caçando outras nada têm a ver como nosso Estado de Direito", afirma.

Protesto de extrema direita em Chemnitz
Milhares de pessoas saíram às ruas de Chemnitz em protesto à morte de um cidadão alemãoFoto: picture-alliance/dpa/S. Willnow

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, afirmou nesta terça-feira (28/08) que não há espaço na Alemanha para "ódio nas ruas", condenando os protestos violentos de grupos extremistas de direita no leste do país, que acabaram, como ela mesma reconheceu, levando a perseguição e ataques contra pessoas de aparência estrangeira.

Após a morte de um alemão de 35 anos, supostamente cometida por um iraquiano e um sírio, milhares de pessoas saíram às ruas da cidade de Chemnitz para dois dias consecutivos de manifestações, com relatos de perseguição a transeuntes considerados imigrantes.

"O que nós temos visto é algo para o qual não há espaço em uma democracia constitucional", afirmou Merkel a jornalistas. "Temos gravações em vídeo de pessoas caçando outras, distúrbios e ódio nas ruas; e isso nada tem a ver com nosso Estado de Direito."

A chanceler concordou que "um crime terrível foi cometido", em referência à morte do alemão na madrugada de sábado para domingo, mas lembrou que "os supostos responsáveis pelo crime já foram detidos".

Na segunda-feira, a promotoria informou que a polícia prendeu um sírio de 23 anos e um iraquiano de 22, suspeitos pela morte. A vítima foi esfaqueada durante uma briga envolvendo dez pessoas de "várias nacionalidades", segundo fontes policiais, e outros dois homens sofreram ferimentos graves. As autoridades ainda investigam a motivação do crime.

A chanceler federal alemã, Angela MerkelFoto: picture-alliance/dpa/K. Nietfeld

A morte levou a protestos violentos convocados por grupos de extrema direita. A polícia recebeu queixas de ataques de extremistas contra pelo menos três estrangeiros no domingo, primeiro dia de manifestações, e investigações foram abertas para apurar dez casos de manifestantes que teriam feito a saudação de Hitler, que é proibida na Alemanha.

Já na segunda-feira, ao menos 20 pessoas ficaram feridas durante confrontos entre manifestantes de ultradireita e opositores de esquerda, que se reuniram para tentar abafar o protesto inicial. Policiais tiveram dificuldade para manter os dois grupos separados.

O ministro alemão do Interior, Horst Seehofer, afirmou que a polícia federal está disposta a fornecer reforço aos oficiais sobrecarregados do estado da Saxônia, onde fica Chemnitz.

Há poucos indícios, no entanto, de que as marchas se estenderão para um terceiro dia consecutivo em Chemnitz. Um protesto de direita em Dresden, capital do estado, teria atraído somente 50 pessoas nesta terça-feira, segundo o jornal local Sächsische Zeitung.

Em todas as manifestações, o tom era de condenação à política migratória de Merkel, que acolheu mais de um milhão de refugiados, especialmente sírios e iraquianos, em 2015.

Segundo a imprensa alemã, alguns dos presentes gritavam frases como "nós somos o povo", "vão embora" e "vocês não são bem-vindos aqui" a pessoas que eles consideravam imigrantes. Houve ainda relatos de ataques com garrafas contra pessoas que aparentavam ser estrangeiras.

Autoridades alemãs afirmaram que a propagação das chamadas fake news nas redes sociais contribuíram para alimentar a violência em Chemnitz. "Temos que reconhecer que a mobilização na internet é mais forte do que no passado", disse Michael Kretschmer, governador da Saxônia.

As cenas violentas, envolvendo especialmente homens brancos, muitos deles hooligans extremistas, chocaram muitos setores da Alemanha.

"É claro que a história não está se repetindo, mas quando uma multidão de extrema direita está em alvoroço no meio da Alemanha, e as autoridades estão sobrecarregadas, faz lembrar um pouco a situação na República de Weimar", escreveu a revista Spiegel em seu site.

O regime de Weimar, criado na Alemanha após a Primeira Guerra Mundial, foi marcado por recorrentes tentativas de desestabilização nas ruas, por parte de grupos paramilitares, que acabaram contribuindo para a ascensão ao poder de Adolf Hitler, em 1933.

Os protestos em Chemnitz já haviam sido condenados pelo governo alemão na segunda-feira, quando o porta-voz de Merkel, Steffen Seibert, afirmou que Berlim "não tolera tais reuniões ilegais, bem como perseguições de pessoas que parecem diferentes ou que têm origens diferentes e tentativas de espalhar o ódio nas ruas".

"Não há espaço na Alemanha para justiça vigilante, grupos que querem espalhar ódio nas ruas, intolerância e extremismo", acrescentou o funcionário. "O governo alemão condena vigorosamente [tais atitudes]."

EK/afp/dpa/efe/lusa

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