Não há indícios de terrorismo, diz presidente da Lufthansa
26 de março de 2015
Carsten Spohr diz não ter explicação para a atitude do copiloto do voo 4U-9525, que teria propositalmente derrubado a aeronave, e afirma que empresa está em estado de choque.
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O presidente da Lufthansa, Carsten Spohr, afirmou nesta quinta-feira (26/03) que a empresa está em estado de choque com a notícia de que o copiloto do voo 4U-9525, da subsidiária Germanwings, teria propositalmente derrubado o avião, que caiu nos Alpes franceses nesta terça-feira.
"Não temos nenhuma informação sobre o que teria motivado o copiloto a tomar essa atitude terrível", afirmou Spohr. "Estamos diante de um enorme mistério." Ele disse não haver nenhum indício de que se trate de um ato terrorista ou que o copiloto tenha agido por alguma motivação terrorista.
Em entrevista coletiva concedida minutos após a promotoria de Marselha declarar que o copiloto aparentemente teria colocado propositalmente o Airbus 320 em rota de queda, Spohr destacou que o funcionário passara por todos os testes e estava apto a conduzir aeronaves. "Ele [o copiloto] tinha condições de voar, não havia qualquer crítica com relação ao seu desempenho", ressaltou.
Spohr destacou que o processo seletivo para pilotos da Lufthansa e da subsidiária Germanwings envolve avaliações psicológicas e respeita padrões internacionalmente reconhecidos. Tanto o piloto quanto o copiloto do 4U-9525 passaram pelos testes.
Identificado como Andreas Lubitz, de 28 anos, o copiloto iniciou o curso de pilotagem em 2008 e começou como piloto na Germanwings em 2013. O curso chegou a ser interrompido por um período, mas Spohr não detalhou os motivos e acrescentou que isso é comum.
Spohr insistiu que a companhia aérea prioriza a segurança e o que aconteceu foi um "caso trágico individual". Ele disse ainda que nenhum sistema de segurança do mundo pode impedir que um caso como o do copiloto do voo 4U-9525 possa acontecer.
O presidente da companhia aérea alemã afirmou ainda que a empresa está em contato direto com investigadores na França, Alemanha e Espanha. "Em nossos piores pesadelos não poderíamos imaginar que uma tragédia dessas pudesse acontecer", afirmou.
Em resposta a perguntas dos jornalistas, Spohr disse que já começou a tratar de indenizações às famílias das vítimas. Ele concedeu entrevista ao lado do presidente da Germanwings, Thomas Winkelmann.
A tragédia do voo da Germanwings
Um Airbus 320, que fazia a rota entre Barcelona e Düsseldorf, caiu nos Alpes franceses. Havia 144 passageiros, dois pilotos e quatro comissários a bordo. Não há sobreviventes.
Foto: Reuters/Diego Crespo/Moncloa
Copiloto derrubou avião
As gravações de áudio do cockpit indicam que o copiloto do voo 4U-9525 voluntariamente colocou o avião em rota de queda num momento em que o piloto havia se ausentado da cabine de comando. Andreas Lubitz, de 28 anos e nacionalidade alemã, não abriu a porta da cabine para que o piloto voltasse ao comando do Airbus A320.
Foto: picture alliance/landov
Sons dos últimos instantes
Em entrevista coletiva, o promotor de Marselha, Brice Robin, revela o conteúdo dos registros de áudio dos últimos minutos da aeronave. Até o avião se chocar contra o chão, "só era possível ouvir o som da respiração dele", informou, se referindo ao copiloto. "O tempo todo (da queda), ele não falou uma única palavra", acrescentou.
Foto: Pennant/AFP/Getty Images
Perplexidade
Thomas Winkelmann, presidente da Germanwings, e Carsten Spohr, presidente da Lufthansa durante entrevista coletiva. Executivos afirmam que notícia de que copiloto derrubou avião deixa empresa em estado de choque. "Não temos informação sobre o que teria motivado essa atitude terrível", afirmou Spohr. "Estamos diante de um enorme mistério."
Foto: Reuters/W. Rattay
Registros legíveis, apesar dos danos
Uma das caixas-pretas do Airbus 320 da Germanwings, encontrada no lugar da queda. Equipamento foi danificado pelo acidente. Porém, técnicos afirmaram que leitura de dados não ficou impossibilitada.
Foto: Reuters/BEA
Homenagem às vítimas
Presidente francês, François Hollande, chanceler alemã, Angela Merkel, e premiê espanhol, Mariano Rajoy, se encontraram em Seyne-les-Alpes e fizeram uma homenagem solene aos 150 mortos, nas proximidades da área onde o avião caiu.
Foto: Getty Images/P. Macdiarmid
Luto no colégio
Velas e cartaz com a pergunta "por quê"? expressam a consternação dos habitantes da pequena Haltern am See. Um grupo de 16 alunos e duas professoras de um colégio da cidade no norte da Alemanha retornava no voo acidentado da Germanwings de uma semana de intercâmbio na Espanha.
Foto: DW/J. Walter
Parentes buscam informações
Há muita tensão nos aeroportos de Barcelona e de Düsseldorf, onde parentes de passageiros buscam informações sobre o voo que caiu no sul da França. Equipes de atendimento emergencial estão de prontidão no aeroporto de Düsseldorf para dar assistência a parentes de vítimas. O aeroporto de Barcelona também colocou equipes à disposição de familiares.
Foto: DW/N. Martin
Líderes mobilizados
A chanceler federal alemã, Angela Merkel, realizou um pronunciamento pela manhã. Ela afirmou que o acidente foi um "choque" e que viajará nesta quarta-feira ao local da queda da aeronave. Os governos de Alemanha, França e Espanha unirão esforços para ajudar no resgate e nos esclarecimentos sobre as causas da queda do voo 4U-9525.
Foto: Reuters/H. Hanschke
Contato perdido
De acordo com autoridades francesas, o avião emitiu um sinal de emergência às 10h47. O site flightradar24.com divulgou que o avião estava a 38 mil pés (11.582 metros), e o contato foi perdido a uma altura de 5 mil pés (1.524 metros).
Foto: Reuters/J.P. Pelissier
Área de difícil acesso
O porta-voz do Ministério francês do Interior, Pierre-Henry Brandet, confirmou que os destroços do avião foram localizados a 2 mil metros de altitude, nos Alpes. Ele afirmou que as buscas e as operações de resgate devem ser "extremamente longas e difíceis", pois o acidente ocorreu em uma área remota.
Foto: Reuters/J.P. Pelissier
Piloto tinha 6 mil horas de voo
O piloto tinha mais de dez anos de experiência e cerca de 6 mil horas de voo acumuladas. O Airbus 320 começou a cair um minuto depois de alcançar a velocidade de cruzeiro. O avião perdeu altitude continuamente durante oito minutos. Entre as vítimas há 67 alemães e 45 pessoas com sobrenome espanhol. A nacionalidade dos demais não foi divulgada.
Foto: picture-alliance/dpa/F. Christiansen
Pilotos não enviaram sinal de alerta
Segundo as autoridades francesas, os pilotos não enviaram qualquer alerta aos controladores. "Foi o controlador que enviou um alerta, porque havia perdido contato com o avião, por volta das 10h30", disse um porta-voz da Direção Geral de Aviação Civil.
A Germanwings confirmou o número de passageiros e tripulantes a bordo do voo 4U-9525: 144 passageiros e seis tripulantes. Um grupo de 16 estudantes e dois professores de uma escola na cidade de Haltern estava a bordo.
Foto: Reuters/J.P. Pelissier
De Barcelona para Düsseldorf
O Airbus 320 da Germanwings, subsidiária de baixo custo da Lufthansa, fazia o trajeto entre Barcelona, na Espanha, e Düsseldorf, na Alemanha. O acidente ocorreu na região Alpes-de-Haute-Provence, nos Alpes franceses. O avião seria uma das versões mais antigas do modelo A320 e teria sido entregue em 1990 pela Airbus para a Lufthansa.