Não há nível saudável para o consumo de álcool, diz estudo
24 de agosto de 2018
Até mesmo ingestão ocasional de vinho ou cerveja aumenta significativamente os riscos de problemas de saúde, aponta pesquisa. Bebidas alcoólicas são associadas a 2,8 milhões de mortes prematuras por ano.
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Um estudo sobre o consumo de bebidas alcoólicas abrangendo 195 países aponta que até mesmo pequenas quantidades de vinho ou cerveja ingeridas ocasionalmente podem aumentar o risco de problemas de saúde ou de morte.
A pesquisa, divulgada nesta sexta-feira (24/08) na revista científica The Lancet, atribui 2,8 milhões de mortes prematuras anuais em todo o mundo ao consumo de de álcool.
"Não há nível seguro para o consumo de álcool", afirmou Max Griswold, pesquisador do Instituto de Métrica e Avaliação da Saúde em Seattle, nos EUA, autor principal de um consórcio de mais de 500 especialistas.
O estudo derruba teorias recentes que afirmam que a ingestão moderada dessas bebidas reduz o risco de doenças cardíacas.
"O efeito protetor do álcool é anulado pelos riscos", diz o cientista. "De modo geral, os riscos à saúde associados ao álcool aumentaram de acordo com a quantidade ingerida a cada dia", afirma Griswold.
Em comparação com a abstinência, o consumo diário de uma "dose padrão" – 10 gramas de álcool, o que equivale a um copo de vinho, uma dose de bebidas destiladas ou a uma garrafa pequena de cerveja – aumenta em 0,5% as chances da ocorrência de ao menos um entre mais de duas dezenas de problemas de saúde.
A princípio, pode parecer pouca coisa: a cada 100 mil pessoas que não consomem álcool, 914 desenvolvem um dos males relacionados à bebida, como câncer. No caso dos que consomem bebidas alcoólicas uma vez ao dia, 918 pessoas a cada 100 mil podem apresentar problemas de saúde.
"Entretanto, em nível global, o risco adicional de 0,5% entre os consumidores [de álcool uma vez ao dia] corresponde a cerca de 100 mil mortes adicionais por ano", afirma Emmanuela Gakidou, professora da Universidade de Washington e diretora do Instituto de Métrica e Avaliação da Saúde. "São mortes que poderiam ser evitadas."
Segundo o estudo, os riscos aumentam em curvatura semelhante a uma letra "J". A média de duas bebidas por dia representa um aumento de 7% na ocorrência de doenças e problemas físicos, em comparação á abstinência. No caso de cinco doses por dia, a probabilidade de consequências graves aumenta para 37%.
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As conclusões do estudo reforçam a posição da Organização Mundial de Saúde (OMS) de que "menos é bom, mas zero é melhor", mas contraria as orientações das autoridades de saúde em muitos países, especialmente desenvolvidos. No Reino Unido, por exemplo, a recomendação é que o consumo não deve exceder 14 doses por semana para que os riscos se mantenham em níveis baixos.
O consumo de álcool foi apontado como o 7º principal fator de risco para mortes prematuras e doenças em 2016, totalizando 2% das mortes entre as mulheres e quase 7% entre os homens.
No entanto, na faixa etária de 15 a 49 anos, o álcool aparece como o fator mais letal, responsável por mais de 12% das mortes entre homens, aponta o estudo divulgado nesta sexta-feira. As principais causas das mortes relacionadas ao consumo de álcool nessa faixa etária são a tuberculose, acidentes de trânsito e suicídio.
Entre os homens, o consumo de álcool em 2016 foi mais difundido entre os dinamarqueses (97% bebem), seguidos dos noruegueses, argentinos, alemães e poloneses (94%). No caso das mulheres, a liderança também é da Dinamarca (95%), seguida da Noruega (91%), Alemanha e Argentina (90%) e Nova Zelândia (89%).
Os maiores bebedores, porém, se encontram em outros países. Os homens romenos consomem em média oito doses diárias, seguidos dos portugueses, lituanos e ucranianos, com sete unidades por dia.
Entre as mulheres, as ucranianas consomem diariamente uma média de quatro doses, enquanto em Andorra, Luxemburgo, Belarus, Suécia, Dinamarca, Irlanda e Reino Unido a média feminina é de três bebidas.
Os países com maior índice de não bebedores são os de população majoritariamente muçulmana. No Paquistão, por exemplo, apenas 0,8% dos homens consomem álcool.
RC/afp
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Munique celebra nas próximas semanas a Starkbierfest, "festa da cerveja forte". Conheça algumas marcas que superaram os níveis "normais" de teor alcoólico. Num caso extremo, o consumo recomendado é de alguns mililitros.
Foto: Brewmeister
Utopias, fabricada pela Samuel Adams – 28%
Nesta garrafa de cerâmica que parece uma miniatura de caldeira de cobre usada em cervejarias está uma cerveja envelhecida 22 anos em barris onde já repousaram xerez, conhaques e uísques. A Samuel Adams, cervejaria de Boston (EUA), lança um novo lote da bebida com 27% de potência alcoólica a cada dois anos. Com um preço no varejo de 200 dólares, esta é a cerveja mais cara dos Estados Unidos.
Foto: Samuel Adams
Tactical Nuclear Penguin, da BrewDog – 32%
A cerveja é feita a partir de uma Imperial Stout (cerveja forte escura) congelada, o que inspirou o nome. A cerveja é congelada, e o gelo é removido, aumentando a graduação alcoólica, já que o álcool não congela. Os criadores sugerem que a bebida seja apreciada em pequenas doses, como "um bom whisky, um álbum de Frank Zappa ou a visita de um fantasma amigável".
Foto: BrewDog
Black Damnation VI Messy, da Struise – 39%
A Struise Brouwers é uma microcervejaria belga. A Black Damnation é feita a partir da Imperial Stout (cerveja forte escura). Entre as cervejas deles, a VI – Messy é a mais forte, com 39% de teor alcoólico. Ela nunca foi lançada comercialmente, mas quem a provou nos festivais de cerveja garante que o sabor é o mesmo de uma cerveja "normal", considerando as demais cervejas fortes desta lista.
Foto: De Struise Brouwers
Schorschbock 40, da Schorschbräu – 40%
A Schorschbräu é uma séria concorrente da BrewDog na briga pela cerveja mais forte. Ela já havia demonstrado sua determinação com a Schorschbock 31%, uma Eisbock (a cerveja congela no tanque, e o gelo é retirado, daí o nome) mais forte do que qualquer outra, quando foi lançada em 2008. Sua versão de 40% foi fabricada no final de 2009, batendo a Penguin, da BrewDog.
Foto: Schorschbräu
Sink the Bismarck!, da BrewDog – 41%
A BrewDog respondeu em 2010 com esta, que batizou "Sink the Bismarck!" (Afundem o Bismarck!, maior navio de guerra nazista). Ela é descrita pela fabricante como uma IPA (India Pale Ale) quádrupla, com quatro vezes mais lúpulo, quatro vezes mais amarga e congelada quatro vezes. A 105 dólares a garrafa, também é pelo menos 40 vezes mais cara que uma cerveja convencional.
Foto: BrewDog
The End of History, da BrewDog – 55%
Para encerrar a batalha pelas cervejas mais fortes, a BrewDog lançou "The End of History" (o fim da história), com 55% de volume alcoólico. E deu também um toque controverso à embalagem: as garrafas vêm dentro de animais empalhados. Apenas 12 garrafas foram produzidas em 2010. Novas foram lançadas em 2016, e os apoiantes que investiram 20 mil dólares na empresa ganharam cada um uma garrafa.
Foto: BrewDog
Schorschbock 57, da Schorschbräu – 57%
Em 2010, a Schorschbräu aumentou a graduação alcoólica da Schorschbock de 40% para 43%, e, no ano seguinte, lançou a Schorschbock 57%. A cervejaria alemã alega ser impossível aumentar ainda mais a potência alcoólica sem violar a Lei de Pureza da cerveja alemã, que existe há 500 anos e que segue em suas criações. Apenas 36 garrafas desta cerveja foram fabricadas, e cada uma custa 200 euros.
Foto: Schorschbräu
Start the Future, da Koelschip – 60%
Também a holandesa Koelship criou uma série de cervejas fortes. Esta foi lançada um mês após a "The End of History", e por isso seu nome é "Start the Future" (comece o futuro). Apesar da produção limitada, o preço não disparou: 35 euros. Uma pechincha se comparada à da BrewDog em bichos empalhados, vendida a 750 euros.
Foto: Koelschip
Armageddon, da Brewmeister – 65%
Outra fabricante escocesa, a Brewmeister, tentou o título de cerveja mais forte do mundo ao lançar a Armaggedon em 2012. Mas testes de laboratório comprovaram a adição de álcool ao produto. Desde então, ele não é mais produzida.
Foto: Brewmeister
Snake Venom, da Brewmeister – 67,5%
Em 2013, a Brewmeister lançou a "Snake Venom" (veneno de serpente), que literalmente queima no estômago. O rótulo recomenda não exceder o consumo de 35 mililitros por vez. Com 67,5% de graduação alcoólica, realmente não é para puristas. O site RateBeer nem chega a classificar esta cerveja, pois também aqui teria sido adicionado álcool. A potência alcoólica de uma cerveja comum varia entre 4% e 7%.