Líder sul-coreano diz ter recebido palavra de Trump de que ação militar na Coreia do Norte só ocorrerá com aval de Seul. Porém, traça linha vermelha para Pyongyang: teste de mísseis de longo alcance com ogiva nuclear.
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O presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, assegurou nesta quinta-feira (17/08) a seu povo que não haverá guerra na península: o governo Donald Trump lhe garantiu que só atacará a Coreia do Norte com o consentimento sul-coreano.
Durante uma coletiva de imprensa convocada por ocasião de seus primeiros 100 dias de governo, Moon Jae-in afastou a possibilidade de um desfecho militar na região.
"Evitarei uma guerra a todo custo. Peço a todos os sul-coreanos que confiem que não haverá guerra," disse a jornalistas reunidos em Seul. "Todos os sul-coreanos trabalharam duro para reconstruir o país a partir das ruínas da Guerra da Coreia. Não podemos colocar tudo a perder com uma nova guerra."
Moon afirmou ainda que combinou com Trump que qualquer decisão a respeito da Coreia do Norte seria tomada em conjunto, já que uma ação militar americana na região poderia ter efeitos desastrosos para os países vizinhos.
A única ressalva, segundo Moon Jae-in, seria se Pyongyang "passasse dos limites": "Consideraria que a Coreia do Norte está ultrapassando uma linha vermelha caso lance mísseis intercontinentais de novo e os arme com uma ogiva nuclear no topo," disse.
A tensão entre EUA e Coreia do Norte atingiu o ápice nas últimas semanas, com Trump ameaçando Pyongyang com "fogo e fúria". O ditador norte-coreano, Kim Jong-un, por sua vez, chegou a ameaçar atacar alvos nas águas da ilha americana de Guam, no Pacífico. Ambos baixaram o tom nesta terça-feira: Kim prometeu suspender os planos balísticos no Pacífico, enquanto os americanos se disseram abertos ao diálogo.
Nesta quarta-feira, o estrategista-chefe da Casa Branca, Steve Bannon, também assegurou que "não há uma solução militar" para o caso. "Para mim, a guerra econômica contra a China é tudo. E temos que focar obsessivamente nisso," disse Bannon ao site American Prospect.
Tecnicamente, EUA e Coreia do Sul continuam em guerra com a Coreia do Norte desde o conflito coreano de 1950-53, que terminou com um armistício, e não um tratado de paz.
IP/dpa/afp/rtr
Qual o poder de fogo da Coreia do Norte?
Pyongyang prometeu responder a qualquer provocação militar após EUA sinalizarem disposição de agir contra o regime. Qual a real força desse Exército que desafia potências internacionais?
Foto: Reuters/S. Sagolj
Um dos maiores exércitos do mundo
Com 700 mil homens na ativa e outros 4,5 milhões na reserva, a Corea do Norte pode convocar a qualquer momento um quarto de sua população para a guerra. Todos os homens do país devem passar por algum tipo de treinamento militar e estar sempre disponíveis para pegar em armas. Estima-se que as tropas norte-coreanas tenham superioridade de 2 para 1 em relação à Coreia do Sul.
Foto: Getty Images/AFP/E. Jones
Um arsenal de respeito
Segundo o índice Global Firepower de 2016, o país possui 70 submarinos, 4,2 mil tanques, 458 aviões de combate e 572 aeronaves de outros tipos. Um arsenal bastante considerável. Esta imagem de 2013 mostra o líder Kim Jong-un ordenando que os mísseis do país estivessem prontos para atacar os EUA e a Coreia do Sul a qualquer momento.
Foto: picture-alliance/dpa
Poder balístico
Os mísseis aqui mostrados foram exibidos no desfile do dia 15 de abril de 2017, juntamente a outros que passaram sob o olhar do líder Kim Jong-un. Existe, porém, a suspeita de que muitos eram apenas maquetes para impressionar o mundo. Mesmo assim, a capacidade balística do país asiático não deve ser menosprezada.
Foto: Gettty Images/AFP/E. Jones
Coloridas e maciças demonstrações de força
Todos os anos, milhares de soldados e civis desfilam pelas ruas de Pyongyang em paradas militares. A maior destas, no chamado Dia do Sol, honra a memória de Kim Il-sung, patriarca do clã que governa o país desde sua fundação e avô de Kim Jong-un. Os preparativos para os desfiles espetaculares podem levar vários meses.
Foto: picture-alliance/dpa/KCNA
Testes nucleares
Apesar da pressão internacional, a Coreia do Norte não esconde suas ambições nucleares. Além dos testes com mísseis balísticos, Pyongyang realizou em cinco ocasiões os chamados ensaios nucleares, duas vezes apenas em 2016. O país sustenta que a última ogiva a ser testada pode ser lançada de um foguete, algo que especialistas consideram pouco provável. Ao menos até o momento.
Foto: picture-alliance/dpa/KCNA
Unidades femininas
Do contingente militar norte-coreano, 10% é composto por mulheres. Elas servem em unidades especiais diferenciadas e devem prestar serviços ao exército por até sete anos, segundo uma lei aprovada em 2003. É possível ver algumas delas patrulhando as ruas com sapatos de salto alto.
Foto: picture-alliance/AP Photo/W. Maye-E
Os inimigos de Pyongyang
Além dos EUA, a Coreia do Norte também considera como grandes inimigos a Coreia do Sul e o Japão. Pyongyang vê os exercícios militares americanos na Península da Coreia como uma ameaça à sua população, afirmando se tratar de uma preparação para uma iminente invasão de seu território.
Foto: Reuters/K. Hong-Ji
Preparação permanente
As Forças Armadas norte-coreanas treinam permanentemente em frentes distintas para estar prontas para o combate. O legado da Guerra da Coreia, que dividiu a península em dois países ainda unidos por um passado comum, é sentido até os dias de hoje. Na imagem, desembarque de embarcações anfíbias de unidades navais em local desconhecido na Coreia do Norte.
Foto: Reuters/KCNA
Fim da paciência americana?
Em abril de 2017, os Estados Unidos disseram ter enviado o porta-aviões Carl Vinson (foto) à Península da Coreia, sinalizando possíveis medidas contra Pyongyang. A Coreia do Norte afirmou estar pronta para qualquer tipo de guerra. Fontes de serviços de inteligência afirmam que os norte-coreanos estão a menos de dois anos de conseguir obter poder suficiente para lançar mísseis contra os EUA.