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Não houve pane em aeronave que caiu com Teori, diz FAB

22 de janeiro de 2018

Relatório revela que manutenção de avião estava em dia. Investigação mostra, porém, que visibilidade estava abaixo da exigida no momento do acidente em que o ministro do STF morreu.

Destroços do avião que leva Teori Zavascki que caiu no litoral de Paraty em 19 de janeiro de 2017
Avião caiu no litoral de Paraty em 19 de janeiro de 2017Foto: Reuters/B. Kelly

O avião que caiu no acidente em que morreu o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki não registrou pane ou mau funcionamento, de acordo com o relatório final da investigação realizada pela Força Aérea Brasileira (FAB), divulgado nesta segunda-feira (22/01). A queda ocorreu em Paraty há um ano.

O relatório, produzido pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), subordinado à FAB, revelou que a manutenção da aeronave e sua documentação estavam em dia. Os investigadores indicaram, no entanto, que no momento da queda a visibilidade era restrita e abaixo da exigida. O documento destaca que o piloto tinha acesso a essa informação.

"A visibilidade horizontal da baía do Paraty no momento do acidente estava em 1,5 mil metros, muito abaixo da requerida, que é de 5 mil metros", afirmou o coronel Marcelo Moreno, que comandou a investigação.

Moreno destacou que, se respeitadas as condições meteorológicas e visuais, é seguro pousar ou decolar no aeroporto de Paraty. No momento da decolagem essas condições estavam adequadas para o pouso na cidade, porém, elas pioraram ao longo do voo. O coronel disse que o piloto provavelmente teve uma desorientação espacial que levou a perda de controle da aeronave.

O relatório afirmou que a aeronave caiu às 13h44, quando chovia moderadamente na região, e que a visibilidade entre 10h e 16h estava abaixo da permitida para pousos. O documento acrescenta que a decolagem, subida e descida do avião ocorreram sem anormalidades.

O avião em que estavam Teori e mais quatro pessoas caiu no litoral de Paraty em 19 de janeiro de 2017, durante uma tentativa de pouso no aeroporto da cidade. Além dele, estavam na aeronave o empresário Carlos Alberto Filgueiras, dono do grupo hoteleiro Emiliano, o piloto Osmar Rodrigues, a massoterapeuta de Carlos Alberto, Maíra Panas, além da mãe dela, Maria Panas. Todos morreram na queda.

A aeronave caiu no mar a dois quilômetros da cabeceira da pista do aeroporto de Paraty. O relatório aponta ainda que o piloto tentou recolher o trem de pouso. Testemunhas disseram que o avião fez uma curva pouco antes do acidente e, neste momento, teria perdido a altitude e batido na água.

O Cenipa destacou que nos últimos dez anos ocorreram 13 acidentes na região e que em seis dos casos as condições meteorológicas tiveram importância considerável.

O relatório informou também que o piloto tinha cerca de 7,5 mil horas de voo e que, somente nos 12 meses anteriores à queda, realizou 33 voos para Paraty. Ele não tinha problemas de saúde que comprometessem o trabalho e também não ingeriu álcool ou drogas antes do acidente.

O Cenipa não apontou responsáveis pela queda, apenas apresentou fatores que contribuíram para o acidente. O caso ainda está sendo investigado pela Polícia Federal (PF). Essa investigação corre sob sigilo.

Teori era o relator dos processos referentes aos inquéritos da Operação Lava Jato que tramitavam no Supremo Tribunal Federal. Estas ações envolviam o presidente, ministros do governo Temer e parlamentares. As investigações foram passadas para o ministro Edson Fachin. Já a vaga de Teori no STF foi ocupada pelo ex-ministro da Justiça Alexandre de Moraes.

CN/ots

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