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"Não será um terceiro governo Obama", diz Biden

25 de novembro de 2020

Apesar de nomear ex-membros do governo Obama para sua equipe, presidente eleito diz que cenário é totalmente diferente após Trump. Biden defende multilateralismo na política externa e união nos Estados Unidos.

Joe Biden
"Os EUA estão de volta, prontos para liderar o mundo", afirmou BidenFoto: Mark Makela/Getty Images

Em sua primeira entrevista desde a eleição, o presidente eleito dos EUA, Joe Biden, declarou que seu mandato não será "um terceiro governo Obama" e reiterou que pretende unir o país.

Ele concedeu a entrevista nesta terça-feira (24/11), à emissora NBC, no mesmo dia em que apresentou vários integrantes do seu governo, todos eles ex-membros do governo do ex-presidente Barack Obama.

"Isto não é um terceiro governo Obama. Encaramos um mundo totalmente diferente daquele que encaramos no governo Obama-Biden", declarou o democrata, que foi vice-presidente de Obama. "O presidente Trump mudou o cenário."

Ele acrescentou que pretende representar todo o espectro da população americana em suas escolhas para o governo. "Quero que este país esteja unido", disse.

Biden ainda declarou que o atual governo, do presidente Donald Trump, está sendo sincera na sua cooperação para a transição de governo.

 

John Kerry é o nome mais conhecido entre os apresentadosFoto: Chandan Khanna/AFP/Getty Images

Equipe com nomes do governo Obama

Horas antes, o futuro presidente apresentou os seis integrantes da equipe de governo, anunciados na segunda-feira, e deu pistas claras sobre as políticas externa e de segurança nacional que ele pretende colocar em prática.

"Os EUA estão de volta, prontos para liderar o mundo", afirmou Biden, durante o ato de apresentação dos nomes, que defenderam o multilateralismo como principal arma para combater o isolacionismo que o governo de Trump deixou marcado pela política "os EUA em primeiro lugar".

Além disso, os novos membros da equipe de Biden, que terão que ser aprovados pelo Senado para assumirem os cargos, também destacaram ideais como a humildade, a inventividade, a criatividade e a diplomacia, e se posicionaram em defesa do meio ambiente e do combate à mudanças climáticas, a pandemias, à corrupção, ao racismo e à desigualdade.

Entre os escolhidos está o ex-secretário de Estado do governo Obama John Kerry.

Estes são os futuros integrantes apresentados por Biden:

Anthony Blinken, para a Secretaria de Estado: "Temos que proceder com as mesmas medidas de humildade e confiança. Humildade porque, como disse o presidente, não podemos resolver todos os problemas do mundo sozinhos, precisamos trabalhar com outros países, precisamos da cooperação deles. Mas também confiamos, porque os Estados Unidos ainda têm uma grande capacidade, mais do que qualquer outro país da Terra, em unir os demais para enfrentar os desafios de nosso tempo", afirmou Blinken, de 58 anos, que era o número dois do Departamento de Estado durante o governo de Obama.

Alejandro Mayorkas, para a Secretaria de Segurança Nacional: "As palavras 'em nome dos Estados Unidos da América' significam tudo para mim e para os meus pais. O meu pai e a minha mãe me trouxeram para este país para fugir do comunismo. Eles valorizam a nossa democracia, e temos muito orgulho de termos nos tornado cidadãos americanos", declarou o advogado, de 61 anos, nascido em Cuba e que atuou como secretário adjunto do Departamento de Segurança Interna entre 2013 e 2016.

Avril Haines, para a Diretoria de Inteligência Nacional: Biden afirmou que ela "será crucial para ajudar este governo a se posicionar não apenas contra ameaças como ataques cibernéticos, terrorismo e a proliferação de armas nucleares, biológicas ou químicas, mas também contra os desafios que definirão a próxima geração, desde as mudanças climáticas até pandemias e corrupção". A advogada, de 51 anos, já foi conselheira adjunta de Segurança Nacional da Casa Branca durante o governo de Obama e também vice-diretora da Agência Central de Inteligência (CIA).

Linda Thomas-Greefield, para a embaixada dos EUA na ONU: "Quero dizer que os EUA estão de volta. O multilateralismo está de volta. A diplomacia está de volta. Senhor presidente eleito, muitas vezes ouvi que o senhor vê toda a política como algo pessoal, e é assim que se constroem relações de confiança e que se criam pontes diante das divergências e também como se encontram pontos em comum", disse a diplomata, de 68 anos, que atuou como secretária de Estado adjunta para Assuntos Africanos entre 2013 e 2017.

Jake Sullivan, para a Assessoria de Segurança Nacional: "Estaremos vigilantes diante de ameaças duradouras como armas nucleares e terrorismo, mas o senhor também nos incumbiu de reimaginar nossa segurança nacional em face de uma combinação sem precedentes de crises que enfrentamos em casa e no exterior: a pandemia, a crise econômica, a crise climática, as ameaças de rupturas tecnológicas à democracia, a injustiça racial, a desigualdade em todas as suas formas", destacou o advogado, de 43 anos, que foi conselheiro sênior de política para a campanha eleitoral presidencial de Hillary Clinton em 2016, além de ter atuado como subchefe de gabinete do Departamento de Estado no governo Obama e também como conselheiro de segurança nacional do então vice-presidente Biden.

John Kerry, enviado especial para o Clima: "O acordo de Paris não é suficiente. Na reunião global em Glasgow daqui a um ano, todas as nações terão que aumentar suas ambições juntas ou iremos todos falhar, e o fracasso não é uma escolha. Sucesso juntos significa combinar o melhor da inventividade, criatividade e diplomacia americanas", defendeu Kerry, de 76 anos, que foi um dos idealizadores do acordo climático de Paris, assinado em 2016, quando o diplomata e político, com uma longa carreira no Senado, era secretário de Estado.

AS/efe/ap

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