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"Não sou racista", diz Trump

15 de janeiro de 2018

Após denúncia de que chamou Haiti e africanos de "países de merda" causar indignação mundial, presidente americano se defende e nega ter sido ofensivo em reunião com senadores.

Donald Trump
"Sou a pessoa menos racista que vocês já entrevistaram", disse Trump a repórteresFoto: picture alliance/dpa/AP Photo/E. Vucci

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, negou veementemente neste domingo (14/01) que seja racista, após relatos de que usou o termo "países de merda" (shithole countries) para se referir a Haiti, El Salvador e a nações africanas.

"Não, não. Não sou um racista", afirmou Trump a repórteres. "Sou a pessoa menos racista que vocês já entrevistaram."

O presidente americano já havia desmentido na sexta-feira a denúncia do jornal The Washington Post, segundo o qual Trump usou o termo numa reunião sobre política migratória com seis senadores.

Os relatos sobre as declarações de Trump provocaram indignação mundial. Embaixadores de 54 países africanos na ONU exigiram que o presidente americano pedisse desculpas pelos comentários "racistas".

"Por que temos todas essas pessoas de países de merda (shithole countries) vindo para cá?", teria dito Trump em reunião com congressistas na Casa Branca, segundo jornais americanos. Ele teria afirmado preferir imigrantes de países como a Noruega.

Trump escreveu no Twitter que a linguagem que usou na reunião sobre o programa Ação Diferida para os Chegados na Infância (Daca), destinado a jovens indocumentados, foi dura, mas que não usou termos ofensivos.

Neste domingo, ele voltou a negar ter feito as declarações atribuídas a ele, mas evitou entrar em detalhes em relação ao que disse ou não.

Relatos conflitantes

Único democrata presente na reunião, o democrata Dick Durbin confirmou as declarações de Trump. Segundo o legislador, o presidente usou o termo vulgar mais de uma vez.

Os senadores republicanos David Perdue e Tom Cotton, que também participaram da reunião sobre o Daca, inicialmente disseram não se lembrar dos comentários específicos de Trump. No domingo, no entanto, eles voltaram atrás e contestaram as descrições feitas por outros senadores.

Perdue descreveu como uma "flagrante deturpação" os relatos de que Trump usou o termo ofensivo. Ele afirmou que tanto Durbin quanto a senadora republicana Lindsey Graham, que também participou da reunião, estavam enganados quanto às declarações do presidente.

"Estou lhes dizendo que ele não usou essa palavra", declarou Perdue. Cotton, por sua vez, disse não ter ouvido a palavra shithole. "E eu estava sentado tão perto de Donald Trump quanto Dick Durbin", afirmou.

"Invenção dos democratas"

Trump insistiu num tweet publicado na última sexta-feira que "nunca disse nada depreciativo" sobre os haitianos a não ser que o Haiti, obviamente é um país muito pobre e com problemas. "Eu nunca disse 'levem-nos daqui' Invenção dos democratas", escreveu.

Trump já se defendeu de acusações de racismo uma série de vezes, inclusive após insistir que o seu predecessor, Barack Obama, não era nascido nos EUA e depois de abrir sua campanha eleitoral em 2015 descrevendo os mexicanos como estupradores e traficantes de drogas.

Os relatos sobre as declarações de Trump ameaçam as delicadas negociações em busca de uma solução para o status de centenas de milhares de imigrantes que foram trazidos para o país ilegalmente quando crianças. Trump anunciou no ano passado que encerrará o Daca, promulgado por Obama, até março, a não ser que legisladores encontrem uma solução.

O programa protegia esses jovens imigrantes, conhecidos como "dreamers" ("sonhadores"), da deportação e lhes concedia permissão para trabalhar nos EUA. "O Daca provavelmente está morto, porque os democratas não o querem realmente", escreveu Trump no Twitter neste domingo.

LPF/ap/afp/efe

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