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Número de desnutridos no Brasil caiu pela metade, diz FAO

Karina Gomes16 de setembro de 2014

Agência da ONU destaca sucesso do programa Fome Zero, criado em 2003. Brasil tem 3,4 milhões que não comem o suficiente, o que corresponde a 1,7% da população.

Foto: picture-alliance/dpa

O Brasil é um dos 25 países que conseguiram reduzir pela metade ou até mais o número de pessoas desnutridas nas últimas duas décadas, segundo o relatório global sobre insegurança alimentar da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), divulgado nesta terça-feira (16/09).

O documento, intitulado O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo 2014, destaca o programa Fome Zero, criado em 2003 pelo Governo Federal, que "colocou a erradicação da fome no centro da agenda política do Brasil e implementou uma abordagem compreensiva para promover a segurança alimentar".

Entre os períodos de 2000-2002 e de 2004-2006, a redução percentual no número de pessoas que passam fome foi pela metade, de 10,7% para menos de 5%.

Segundo o diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva, o Fome Zero inspirou a criação de iniciativas de combate à fome na América Latina e no Caribe, a partir da constatação de que apenas o aumento da produção de alimentos não é suficiente para acabar com a fome.

O Brasil tem hoje 3,4 milhões de pessoas que não comem o suficiente diariamente, o que corresponde a 1,7% da população no período de 2012-2014, afirma a FAO. Segundo a organização, no período 1990-1992, 14,8% dos brasileiros passavam fome, o equivalente a 22,5 milhões de pessoas na época.

O Brasil está ainda entre os dez países que tiveram o melhor desempenho quando se trata da redução da proporção entre o número de famintos e a população total. Na lista também estão Cuba, Venezuela e Tailândia.

"Sair do Mapa da Fome é um fato histórico para o Brasil. [...] O número de brasileiros subalimentados caiu mais de 80% em dez anos", disse a ministra brasileira de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, após a divulgação do relatório. A ministra destacou o sucesso de políticas públicas, como investimentos na agricultura familiar e transferências de renda do Bolsa Família, que "fizeram o Brasil superar a extrema pobreza".

"Só com o programa de merenda escolar, o pais oferece hoje refeições a 43 milhões de alunos da rede pública. Isso significa alimentar mais do que toda a população da Argentina diariamente nas escolas e creches. Temos muito a comemorar, mas também muito ainda por fazer", afirmou Campello.

Ao reduzir pela metade o número de pessoas que sofre de fome, o Brasil conseguiu, portanto, alcançar a primeira meta dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio estabelecidos pela ONU para o ano de 2015. De acordo com a FAO, a meta de reduzir pela metade o número de pessoas desnutridas em todos os países em desenvolvimento pode ser alcançada até o ano que vem.

Sucesso parcial

A agência das Nações Unidas pondera, no entanto, que apesar de ter sido registrada uma queda mundial de 100 milhões no número de famintos nos últimos dez anos, uma em cada nove pessoas – 800 milhões – ainda sofre de desnutrição crônica.

Segundo o relatório, o continente asiático concentra dois terços da população faminta em todo o mundo: 526 milhões de pessoas. Na África subsaariana, uma em cada quatro sofre de desnutrição – a pior prevalência entre todas as regiões avaliadas. O motivo, diz a FAO, são conflitos e desastres naturais.

O documento, que é publicado anualmente pela FAO, o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e o Programa Mundial de Alimentos (PMA), levou em conta os dados sobre a fome em 136 países e territórios monitorados pelas organizações.

A agência das Nações Unidas pontua que a redução da desnutrição no mundo depende de comprometimento político, expressado através de programas e políticas públicas adequados.

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