Número de extremistas de direita na Alemanha aumenta 33%
16 de dezembro de 2019
Autoridades revelam que país conta pelo menos 32.200 extremistas de direita, contra 24.100 em 2018. Aumento tem relação com nova classificação, que passou a incluir alas do partido Alternativa para a Alemanha (AfD).
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O número de extremistas de direita ativos na Alemanha aumentou significativamente em 2019, aponta um levantamento divulgado pelo jornal Tagesspiegel nesta segunda-feira (16/12).
O Departamento de Proteção à Constituição da Alemanha (BfV), agência de inteligência doméstica do país, e os serviços estaduais identificaram um total de, no mínimo, 32.200 extremistas de direita. O número cresceu um terço, em comparação com o levantamento de 2018, quando as autoridades contabilizaram 24.100 envolvidos em redes extremistas de direita.
Uma das principais razões para o aumento se deve a o BfV ter passado a incluir, pela primeira vez, grupos afiliados ao partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD) em sua contagem de extremistas de direita. Em janeiro deste ano, o BfV voltou a atenção para uma facção radical do AfD conhecida como Der Flügel (A Ala), assim como para a ala Junge Alternative (Alternativa Jovem), por suspeita de extremismo.
Segundo o Tagesspiegel, as autoridades incluíram 7 mil membros da Der Flügel em sua contagem, bem como mil membros da Junge Alternative. Em janeiro, o BfV declarou ambos os grupos afiliados à AfD como "casos suspeitos" de extremismo de direita, ampliando sua observação para investigar se representam uma ameaça à ordem constitucional.
A designação significa que o BfV pode registrar dados pessoais de membros dos grupos e usar informantes disfarçados e outros métodos de inteligência para coletar informações. O BfV parou de classificar toda a AfD como "caso de teste" para aumentar seus esforços de observação, depois de um tribunal decidir que as autoridades não conseguiram justificar legalmente a designação.
Conhecido por suas posições anti-imigração e eurocéticas, a AfD é repetidamente criticada na Alemanha por suspeita de promover uma atmosfera de ódio no país, resultando em violência política.
Em 2019, ocorreram vários episódios de violência envolvendo extremistas de direita na Alemanha, incluindo um ataque perto de uma sinagoga na cidade de Halle, que fez duas vítimas em outubro. Em junho, o político conservador Walter Lübcke foi assassinado. O extremista de direita Stephan Ernst, de 45 anos, confessou o crime, alegando que resolvera matar o chefe do conselho administrativo do distrito de Kassel devido a seu posicionamento simpático a imigrantes e refugiados.
Uma pesquisa divulgada em julho pela rede de TV ARD apontou que 71% dos alemães consideram alto ou muito alto o perigo de ataques terroristas por parte de militantes de extrema direita, entre eles, os neonazistas. A porcentagem superou o temor associado a islâmicos radicais – 60% –, assim como o perigo de ataques de militantes de extrema esquerda, confirmado por 41%.
A pesquisa foi elaborada quatro semanas após o assassinato de Walter Lübcke. O último ataque de envergadura cometido por jihadistas na Alemanha ocorreu em dezembro de 2016, quando um tunisiano que jurara lealdade ao grupo extremista "Estado Islâmico" (EI) matou 12 pessoas.
A pesquisa também mostrou que 66% dos alemães consideraram o Estado tolerante demais com neonazistas e radicais de extrema direita. E 65% são a favor de os serviços de segurança estatais receberem poderes adicionais para monitorar comunicações e redes sociais na internet, a fim de combater o extremismo.
São eles: Partido Social-Democrata (SPD), União Democrata Cristã (CDU), União Social Cristã (CSU), Partido Liberal Democrático (FDP), Alternativa para a Alemanha (AfD), Verdes, Esquerda e Aliança Sahra Wagenknecht (BSW)
Foto: picture-alliance/dpa
União Democrata Cristã (CDU)
Fundada em 1945, a CDU se considera "popular de centro". Seus governos predominaram na política alemã do pós-guerra. O partido soma em sua história cinco chanceleres federais, entre eles Helmut Kohl, que governou por 16 anos e conduziu o país à reunificação em 1990, e Angela Merkel, a primeira mulher a assumir o cargo, em 2005.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Dedert
Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD)
Integrante da Internacional Socialista, o SPD é uma reconstituição da legenda homônima fundada em 1869 e identificada com as classes trabalhadoras. Na Primeira Guerra, ele se dividiu em dois partidos, ambos proibidos em 1933 pelo regime nazista. Recriado após a Segunda Guerra, o SPD já elegeu quatro chanceleres federais: Willy Brandt, Helmut Schmidt, Gerhard Schröder e Olaf Scholz.
Foto: Thomas Banneyer/dpa/picture alliance
União Social Cristã (CSU)
Igualmente fundada em 1945, a CSU só existe na Baviera, onde a CDU não conta com diretório local. Os dois partidos são considerados irmãos. A CSU tem como objetivo um Estado democrático e com responsabilidade social, fundamentado na visão cristã do mundo e da humanidade. Desde 1949, forma no Bundestag uma bancada única com a CDU.
Foto: Peter Kneffel/dpa/picture alliance
Aliança 90 / Os Verdes (Partido Verde)
O partido Os Verdes surgiu em 1980, após três anos participando de eleições como chapa avulsa, defendendo questões ambientais e a paz. Em 1983, conseguiu formar uma bancada no Bundestag. Oito anos depois, o movimento Aliança 90 se fundiu com ele. Em 1998 participou com o SPD pela primeira vez do governo federal.
Foto: Christophe Gateau/dpa/picture alliance
Partido Liberal Democrático (FDP)
O Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão) foi criado em 1948, inspirado na tradição do liberalismo e valorizando a "filosofia da liberdade e o movimento pelos direitos individuais". O partido é tradicionalmente um membro minoritário de coalizões de governo federais
Foto: Hannes P Albert/dpa/picture alliance
A Esquerda (Die Linke)
Die Linke (A Esquerda, em alemão) surgiu da fusão, em 2007, de duas agremiações esquerdistas: o Partido do Socialismo Democrático (PDS), sucessor do Partido Socialista Unitário (SED) da extinta Alemanha Oriental, e o Alternativa Eleitoral por Trabalho e Justiça Social (WASG, criado em 2005, aglutinando dissidentes do SPD e sindicalistas).
Foto: DW/I. Sheiko
Alternativa para a Alemanha (AfD)
Fundada em 2013, inicialmente como uma sigla eurocética de tendência liberal, a AfD rapidamente passou a pender para a ultradireita, especialmente após a crise dos refugiados de 2015-2016. Com posições radicalmente anti-imigração, membros que se destacam por falas incendiárias, a legenda tem vários diretórios classificados oficialmente como "extremistas" pelas autoridades
Foto: Martin Schutt/dpa/picture alliance
Aliança Sahra Wagenknecht (BSW)
A Aliança Sahra Wagenknecht (BSW) é um partido fundado em janeiro de 2024 pela mulher que lhe dá o nome, uma ex-parlamentar do partido Die Linke (A Esquerda) que defende uma mistura de política econômica de esquerda e retórica social de direita. Nas suas primeiras eleições, o partido tomou boa parte do espaço que era ocupada pela Esquerda.
Foto: Anja Koch/DW
Os pequenos
Há numerosos partidos menores na Alemanha, como Os Republicanos (REP) e o Heimat (Pátria), ambos de extrema direita, ou o Partido Marxista-Leninista (MLPD), de extrema esquerda. Outros defendem causas específicas, como o Partido dos Aposentados, o das mulheres, dos não eleitores, ou de proteção dos animais. E mesmo o Violetas, que reivindica uma política espiritualista.