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ConflitosIsrael

Número de israelenses mortos em ataque do Hamas passa de 700

8 de outubro de 2023

Civis, crianças, idosos, trabalhadores de serviços de emergência, militares e bombeiros estão entre as centenas de mortos israelenses no ataque do Hamas. No lado palestino, bombardeios em Gaza deixam mais de 400 mortos.

Ataque do Hamas a Israel
Mortos na cidade israelense de Sderot Foto: Tsafrir Abayov/AP/picture alliance

O número de israelenses mortos no ataque surpresa do Hamas no sábado (07/10) continua a subir de maneira dramática mais de 24 horas após o início da sangrenta e ousada ofensiva do grupo palestino. Neste domingo (08/10), serviços de emergência de Israel informaram que o total de mortos do lado israelense já passa de 700. Mais 2.300 pessoas ficaram feridas e foram levadas a hospitais.

O ataque já é um dos eventos mais graves da história israelense. O último grande episódio comparável, a sangrenta Segunda Intifada, no início dos anos 2000, deixou mais de 1.000 israelenses mortos, mas ao longo de um período de quatro anos de conflito aberto com os palestinos. Na Guerra do Yom Kippur, em 1973, mais de 2.500 militares israelenses morreram ao longo de duas semanas de conflitos com a Síria e o Egito.

Já as centenas de mortes israelenses no ataque do Hamas foram registradas em apenas um dia. E, embora instalações militares tenham sido atacadas no sábado, a maioria das vítimas do Hamas são civis.

O ataque do Hamas teve como espinha dorsal a infiltração de centenas de terroristas armados em território israelense, que penetraram por pelo menos 29 pontos na fronteira de Israel com a Faixa de Gaza. Dentro de Israel, os terroristas chegaram a tomar 22 comunidades, passando a massacrar a população civil, em alguns casos indo de casa em casa para matar seus ocupantes.

Vítimas

Entre as vítimas israelenses estão civis – incluindo idosos e crianças –, trabalhadores de serviços de emergência e dezenas de policiais, militares e bombeiros.

De acordo com o jornal israelense Haaretz nas listas provisórias de mortos constam vítimas com idades entre 5 e 12 anos, algumas da mesma família.

Terroristas que circulavam em motocicletas atacaram a tiros um festival de música repleto de jovens que ocorria no deserto, perto da fronteira com Gaza, o superpopuloso enclave palestino controlado pelo Hamas. Vídeos mostram centenas de pessoas fugindo do festival enquanto são alvos de tiros. "Eles iam de árvore em árvore e atirando. Em toda parte. Dos dois lados. Vi que as pessoas estavam morrendo por toda parte”, disse uma testemunha do massacre à rede BBC.

Na cidade de Ofakim, o paramédico Aharon Haimov foi morto enquanto dirigia uma ambulância. Ele deixa dois filhos.

Em outro episódio, terroristas massacraram ocupantes de veículos em uma autoestrada. Pelo menos nove pessoas foram mortas a tiros em um ponto de ônibus na cidade de Sderot, incluindo idodos. Outro vídeo mostra terroristas desfilando com o corpo de uma mulher nua no compartimento de carga de um veículo. Não é claro se ela está morta ou inconsciente. Segundo a imprensa da Alemanha, suspeita-se que a vítima seja Shani Louk, de 22 anos, uma cidadã alemã que participava do festival de música atacado pelos terroristas.

Cidadã alemã está desaparecida após ataque do Hamas. Foto: shanukkk/instagram

Falando ao Israel N12 News por telefone de Nir Oz, um kibutz perto de Gaza, uma mulher identificada como Dorin disse que terroristas invadiram sua casa e tentaram abrir a porta do abrigo antiaéreo onde ela estava escondida. "Eles acabaram de entrar novamente, por favor, mandem ajuda", disse ela. "Há muitas casas danificadas... Meu marido está segurando a porta fechada... Eles estão atirando”, disse ela.

"Saí e vi muitos corpos de terroristas, civis, carros alvejados. Um mar de corpos, ao longo da estrada, em outros lugares, montes de corpos", disse um morador de Sderot.

Mais de 2.000 pessoas em Israel procuraram atendimento médico ou foram levadas feridas para hospitais de todo o país, muitas em estado crítico. Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, entre os feridos está um brasileiro, que foi atingido por estilhaços de uma granada. Já o governo da Ucrânia confirmou que duas cidadãs ucranianas morreram no ataque.

Dezenas de sequestros

Paralelamente aos ataques a tiros contra militares e civis, os homens do Hamas também tomaram dezenas reféns. Vídeos mostraram homens armados capturando civis e militares israelenses, incluindo mulheres e idosos, que foram levados para a Faixa de Gaza.

Um vídeo mostrou terroristas arrastando pelo menos dois soldados israelenses de um veículo militar. Fotos da Associated Press mostraram uma idosa israelense sequestrada sendo levada à Gaza em um carrinho de golfe por homens armados do Hamas e outra mulher espremida entre dois combatentes em uma motocicleta.

O número total de capturados é desconhecido. O Hamas informou na noite de sábado que tomou pelo menos "53 prisioneiros de guerra”, mas a imprensa israelense especula que o número possa passar de 100, o que deve complicar potenciais planos das Forças Armadas de Israel para intervir por terra na Faixa de Gaza.

"São números até agora inimagináveis”, disse o tenente-coronel Jonathan Conricus, porta-voz das Forças de Defesa de Israel (FDI). "Isso moldará o futuro desta guerra.”

No passado, grupos palestinos já usaram reféns como moeda de troca para exigir a libertação de militantes detidos por Israel. Em 2011, Israel concordou em soltar mais de mil prisioneiros palestinos em troca do soldado israelense Gilad Shalit, que ficou cinco anos em poder de diferentes grupos militantes na Faixa de Gaza.

Os homens do Hamas levaram ainda cadáveres de israelenses para Gaza, aparentemente não apenas para exibi-los como troféus de guerra, mas potencialmente para também usá-los como moeda de troca.  Em 2007, o grupo xiita libanês Hisbolá, trocou o cadáver de um israelense por um prisioneiro em poder das forças de Israel.

Refém israelense é levada pelo Hamas para a Faixa de GazaFoto: AFP/Getty Images

Retaliação deixa centenas de mortos em Gaza

Após o início dos ataques, Israel realizou centenas de incursões aéreas na Faixa de Gaza para destruir alvos do Hamas. Segundo serviços de saúde do enclave, os ataques já deixaram mais de 400 mortos – incluindo 20 crianças. Outras 2.200 pessoas ficaram feridas até o momento, segundo as autoridades locais.

Há o temor que as baixas em Gaza aumentem ainda mais nas próximas horas, especialmente após o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, advertir que os palestinos que moram próximos de potenciais alvos deixem essas áreas. No entanto, o espremido, empobrecido e superpopuloso enclave de 2,3 milhões de habitantes, alvo de um bloqueio tanto por Israel quanto pelo Egito, oferece poucas opções de saída ou proteção.

"Todos os lugares onde o Hamas se organiza, todos os lugares onde o Hamas se esconde e opera a partir deles, nós os transformaremos em ruínas. Digo aos moradores de Gaza: saiam daí agora, porque agiremos em todos os lugares e com todas as forças”, disse Netanyahu.

Mesquita destruída na Faixa de Gaza em meio a bombardeios retaliatórios de IsraelFoto: Ibraheem Abu Mustafa/REUTERS

A agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA) disse que mais de 20 mil palestinos em Gaza já buscaram refúgio nas escolas administradas pelo órgão.

jps (ots)

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