Após terremoto, autoridades dizem que 14 mil ficaram feridos e 2,8 milhões estão desabrigados. Cerca de mil europeus continuam desaparecidos. Número de vítimas pode aumentar, pois chances de achar sobreviventes diminuem.
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Quase uma semana depois do terremoto de magnitude 7,9 graus que atingiu o Nepal, o número de mortos passou de 6,2 mil e o de feridos chegou a 14 mil, informaram autoridades locais nesta sexta-feira (01/05).
As equipes de resgate começam a chegar lentamente em regiões mais remotas do país. Mas os responsáveis afirmam que as chances de encontrar sobreviventes estão diminuindo. O resgate tem dificuldades de chegar a diversas regiões no país devido ao mau tempo e aos danos causados pelo terremoto.
Em um comunicado, a Cruz Vermelha afirmou nesta sexta-feira que está "extremamente preocupada" com o bem-estar de centenas de milhares de nepaleses, depois que suas seis equipes de avaliação encontraram sobreviventes em "situação desesperadora".
"Uma de nossas equipes que retornou de Chautara, na região Sindhupalchok, constatou que 90% das casas estão destruídas. O hospital entrou em colapso e as pessoas estão escavando os escombros com as mãos na esperança de encontrar familiares vivos", afirmou Jagan Chapagain, diretor da organização na Ásia.
Segundo a União Europeia, aproximadamente mil europeus continuam desaparecidos no Nepal, a maioria deles turistas que estavam visitando as regiões de Langtang e Lukla.
Langtang é um local de montanhas e trilhas localizado ao norte de Katmandu e foi atingido por avalanches e deslizamentos de terra. Lukla, no nordeste do país, é o ponto de acesso para quem deseja escalar o Monte Everest.
Desabrigados
De acordo com a ONU, cerca de 600 mil casas foram destruídas e danificadas. Além disso, o mau cheiro dos corpos ainda soterrados e tremores secundários dificultam a volta para casa dos sobreviventes. Muitos nepaleses estão dormindo ao relento desde o terremoto do último sábado.
De acordo com as autoridades, o desafio é localizar e identificar os desaparecidos, enterrar os mortos e unir famílias. A remoção dos corpos que ainda estão sendo encontrados se tornou um problema para as equipes de resgate.
"Os necrotérios estão lotados e nós recebemos instruções para incinerar os corpos imediatamente após eles serem encontrados", afirmou Raman Lal, funcionário da equipe indiana que trabalha em conjunto com as forças nepalesas.
O terremoto atingiu cerca de 8 milhões de pessoas e pelo menos 2,8 milhões estão desabrigados e precisam de moradia, água, comida e medicamentos durante os próximos três meses, segundo a ONU.
O ministro das Finanças nepalês, Ram Sharan Mahat, afirmou que o país precisa de no mínimo 2 bilhões de dólares para reconstruir casas, hospitais, prédios do governo e monumentos históricos. Mahat pediu ajuda financeira internacional.
"Essa é apenas uma estimativa inicial e vai levar tempo para avaliar a extensão dos danos e calcular o custo da reconstrução", afirmou o ministro.
CN/rtr/afp/lusa
Patrimônio Mundial destruído no Nepal
Terremoto devastador matou e feriu milhares de pessoas. Tremor também foi duro golpe contra a rica herança cultural do país asiático.
Foto: P. Mathema/AFP/Getty Images
Vale de Katmandu
O terremoto no Nepal danificou bastante o coração cultural e espiritual do país. No vale de Katmandu, no sopé do Himalaia, há sete monumentos considerados Patrimônio Mundial da Unesco ao longo de poucos quilômetros. Na foto, tirada antes do terremoto, vê-se um deles: os mosteiros de Swayambhunath.
Foto: Imago
As estupas budistas de Swayambhunath
As estupas e os mosteiros budistas de Swayambhunath (foto) formam um centro espiritual no Nepal. A estupa de Bodhnath, as praças Durbar das três cidades reais e os templos hindus de Pashupatinath e Changu Narayan, fora de Katmandu, também estão na lista de Patrimônios Mundiais.
Antigamente, famílias reais viviam nos palácios da praça Durbar de Bhaktapur (foto), da praça Durbar em Katmandu e da praça Durbar de Patan. Foi somente no final de 2007 que o Nepal aboliu a monarquia e proclamou a república no ano seguinte.
Foto: picture alliance / ZUMAPRESS/P. Gordon
Praça Durbar de Bhaktapur, após o terremoto
Nas cidades reais de Bhaktapur (foto), Patan e no centro de Katmandu, vários templos e estátuas dos séculos 12 até o 18 foram danificados ou completamente destruídos.
Foto: picture-alliance/AP Photo/N. Shrestha
Praça Durbar de Katmandu, antes do terremoto
Na Praça Durbar de Katmandu, capital do Nepal, havia vários pagodes característicos do país, com dois ou três andares.
Foto: P. Mathema/AFP/Getty Images
Praça Durbar de Katmandu, após o terremoto
O terremoto destruiu os pagodes. O especialista P. D. Balaji, da Universidade de Madras, na Índia, questiona se os prédios poderão ser totalmente reconstruídos. "É uma perda irreparável para o Nepal e para o resto do mundo."
Foto: P. Mathema/AFP/Getty Images
Torre Dharahara, antes do terremoto
Entre as atrações de Katmandu estava esta torre de nove andares e 62 metros de altura. Ela também desabou durante o terremoto, no último sábado (25/04) à tarde.
Foto: imago
Torre Dharahara ,após o terremoto
Da torre, que tinha uma escada em espiral de 200 degraus, só restou a base. Equipes de socorro tentaram resgatar cerca de 50 pessoas que ficaram sob os escombros, noticiou uma emissora de televisão. O forte terremoto de 1934 já havia destruído a torre de doze andares, construída em 1826 e que, mais tarde, foi reconstruída.
Foto: P. Mathema/AFP/Getty Images
Templos de Changu Narayan
Os quatro templos e três palácios, reconhecidos pela Unesco em 2006 como Patrimônio Mundial, são testemunhos da história política e religiosa do Nepal.
Foto: imago
Templo de Pashupatinath
O templo hindu é um dos mais importantes do gênero no Nepal. Hinduísmo e budismo se disseminaram ao longo dos séculos no Nepal e levaram à construção de templos magníficos, a partir do século 5.
Foto: picture alliance/ANN/The Star
Local de nascimento de Buda
No total, há no Nepal, além do vale de Katmandu, três outros locais com Patrimônios Mundiais: Lumbini (foto), o parque nacional de Chitwan e o parque nacional de Sagarmatha . A Unesco busca informações sobre a situação de Lumbini. A cidade, cerca de 280 quilômetros a oeste de Katmandu, é considerada o local onde Buda nasceu.
Foto: AFP/Getty Images/K. Knight
Um dos países mais pobres da região
O epicentro do terremoto no último sábado fica cerca de 80 quilômetros a oeste da capital Katmandu. O terremoto, com 7,8 de magnitude, ocorreu a uma baixa profundidade, tendo consequências mais graves. O Nepal é um dos países mais pobres do sul da Ásia. O país tem 28 milhões de habitantes, e a economia é quase totalmente dependente do turismo.