Agência das Nações Unidas pede que comunidade internacional elabore mais programas de reassentamento. Mais de 3 milhões estão na Turquia, que tem acordo com a UE para evitar que eles sigam para Europa.
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O número de refugiados da guerra civil na Síria superou cinco milhões, comunicou a agência da ONU para refugiados (Acnur) nesta quinta-feira (30/03). O órgão aproveitou a divulgação do dado para pedir que a comunidade internacional seja mais ativa na elaboração de programas que ajude a assentar a população síria em fuga.
"Enquanto o número de homens, mulheres e crianças que fogem de seis anos de guerra na Síria ultrapassa a marca de cinco milhões, a comunidade internacional precisa fazer mais para ajudá-los", diz a Acnur em comunicado.
Há um ano, a agência da ONU pediu a governos que reassentem 500 mil sírios para aliviar o fardo que pesa sobre os países vizinhos da Síria, que estão hospedando a grande maioria dos refugiados do conflito sírio. Até agora, a comunidade internacional disponibilizou apenas 250 mil lugares.
A Turquia segue acolhendo o maior número de sírios refugiados: quase três milhões. O país tem um acordo com a União Europeia para que não permitir passagem pro seu território de refugiados do Oriente Médio a caminho da Europa.
O Líbano recebeu mais de um milhão, enquanto a Jordânia soma 657 mil sírios, além de muitos outros espalhados por Iraque, Egito e demais países do norte da África. Centenas de milhares fugiram para a Europa, mas nem todos tiveram concedido o status de refugiado.
O total de refugiados sírios mundo afora era de 4,6 milhões no final de 2015 e subiu para 4,85 milhões no final do ano passado, segundo dados da agência da ONU. Em seu site, a Acnur divulgou que nos três primeiros meses de 2017 cerca de 250 mil sírios se registraram como refugiados. A agência não forneceu uma explicação para o aumento.
Cerca de 400 mil pessoas morreram na guerra civil da Síria, que começou em março de 2011 com a violenta retaliação contra manifestações pacíficas contra o regime de Bashar al-Assad. Mais de seis milhões de sírios vivem deslocados dentro das fronteiras do país.
PV/dpa/afp
Como começou a crise de refugiados na Europa
Da escalada da violência no Médio Oriente e na África a crises sociais e políticas na Europa, veja como a União Europeia busca solucionar seus problemas.
Foto: picture-alliance/dpa
Fugindo da guerra e da pobreza
No fim de 2014, com a guerra na Síria entrando no quarto ano e o chamado "Estado Islâmico" avançando no norte do país, o êxodo de cidadãos sírios se intensificou. Ao mesmo tempo pessoas fugiam da violência e da pobreza em outros países, como Iraque, Afeganistão, Eritreia, Somália, Níger e Kosovo.
Foto: picture-alliance/dpa
Em busca de refúgio nas fronteiras
A partir de 2011, um grande número de sírios passou a se reunir em campos de refugiados nas fronteiras com a Turquia, o Líbano e a Jordânia. Em 2015, os campos estavam superlotados. A falta de oportunidade de trabalho e escolas levou cada vez mais pessoas a buscarem asilo em países distantes.
Foto: picture-alliance/dpa
Uma longa jornada a pé
Estima-se que 1,5 milhão de pessoas se deslocaram da Grécia para a Europa Ocidental em 2015 através da chamada "rota dos Bálcãs" . O Acordo de Schengen, que permite viajar sem passaporte em grande parte da União Europeia (UE), foi posto em xeque à medida que os refugiados rumavam para as nações europeias mais ricas.
Foto: Getty Images/M. Cardy
Desespero no mar
Dezenas de milhares de refugiados também se arriscaram na perigosa jornada pelo Mar Mediterrâneo em barcos superlotados. Em abril de 2015, 800 pessoas de várias nacionalidades se afogaram quando um barco que saiu da Líbia naufragou na costa italiana. Seguiram-se outras tragédias. Até o fim daquele ano, cerca de 4 mil refugiados teriam morrido ao tentar a travessia do norte da África para a Europa.
Foto: Reuters/D. Zammit Lupi
Pressão nas fronteiras
Países ao longo da fronteira externa da União Europeia enfrentaram grandes problemas para lidar com o enorme número de pessoas que chegavam. Foram erguidas cercas nas fronteiras da Hungria, da Eslovênia, da Macedônia e da Áustria. As leis de asilo político foram reforçadas, e vários países da área de Schengen introduziram controles temporários nas fronteiras.
Foto: picture-alliance/epa/B. Mohai
Fechando as portas abertas
A catastrófica situação dos refugiados nos países vizinhos levou a chanceler federal alemã, Angela Merkel, a abrir as fronteiras. Os críticos da "política de portas abertas" de Merkel a acusaram de agravar a situação e encorajar ainda mais pessoas a embarcarem na perigosa viagem à Europa. Em setembro de 2016, também a Alemanha introduziu controles temporários na sua fronteira com a Áustria.
Foto: Reuters/F. Bensch
Acordo com a Turquia
No início de 2016, UE e Turquia assinaram um acordo prevendo que refugiados que chegam à Grécia podem ser enviados de volta para a Turquia. O acordo foi criticado por grupos de direitos humanos. Após o Parlamento Europeu votar pela suspensão temporária das negociações sobre a adesão da Turquia à UE, em novembro de 2016 a Turquia ameaçou abrir as fronteiras para os refugiados em direção à Europa.
Foto: Getty Images/AFP/A. Altan
Que perspectivas?
Com o acirramento do clima anti-imigração na Europa, os governos ainda buscam soluções para lidar com a crise de refugiados. As tentativas de introduzir cotas para distribuí-los entre os países da UE em grande parte falharam. Por outro lado, não há indícios de que os conflitos nas regiões de onde eles vêm estejam chegando ao fim, e o número de mortos na travessia pelo mar continua aumentando.