Número de requerentes de asilo cresce quase 28% na Alemanha
12 de janeiro de 2023
Somente no ano passado, 244.132 pessoas solicitaram proteção no país, a maioria sírios e afegãos. Dados não incluem refugiados ucranianos, que não precisam solicitar o documento.
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O número de pedidos de asilo na Alemanha aumentou 27,9% no ano passado. A maioria dos candidatos é da Síria e do Afeganistão, uma vez que refugiados da Ucrânia não precisam solicitar o documento.
Desta forma, sem contar os ucranianos, 244.132 pessoas solicitaram proteção na Alemanha em 2022 – no ano anterior, haviam sido 190.816.
O número fica acima do polêmico "limite superior" de 200 mil pessoas usado como referência pelo ex-ministro do Interior Horst Seehofer (CDU). Os dados são do Departamento Federal para Migração e Refugiados (BAMF, na sigla em alemão), obtidos com pela emissora estatal ARD.
Além desses requerentes de asilo, a Alemanha recebeu cerca de 1.044.000 pessoas vindas na Ucrânia somente no ano passado, devido à invasão do país pela Rússia, que provocou o maior êxodo de pessoas na Europa desde a segunda guerra mundial.
No tipo do ranking de requerentes estão os sírios: 70.976, um aumento de 29,3% em relação ao ano anterior. Em seguida vem os afegãos: 36.358, um crescimento de 56,2%.
No entanto, em porcentagem, o maior aumento de requerentes está entre os turcos: 23.938 pessoas, um aumento de 238,7%. O relatório da BAMF não traz um motivo para isso, mas supõe-se que o altíssimo número possa ter relação com a situação econômica da Turquia.
Mais da metade dos casos aprovados
Entre os pedidos já processados, 56,2% de todos os casos tiveram respostas positivas. Entre os sírios, o índice de aprovação é de 90,3% e, entre os afegãos, de 83,5%.
O mesmo, no entanto, não ocorre com os iranianos, para os quais a aprovação foi concedida em apenas 22,5% dos casos.
Em novembro, a Agência da União Europeia para o Asilo(EUAA) informou que número de pessoas em busca de proteção internacional na Europa em 2022 atingiu níveis não vistos desde a crise migratória de 2015, quando mais de um milhão de pessoas chegou ao continente fugindo de conflitos, perseguições e da pobreza.
Somente no mês de agosto, em torno de 84,5 mil pessoas pediram asilo nos 27 países da UE, assim como na Noruega e na Suíça.
le (ots)
Dez refugiados famosos
Músicos, atores, políticos, cientistas dos quatro cantos do mundo: em comum, o destino de refugiado. Todos deixaram seus países natais, por um período breve ou o resto da vida, para se salvar da guerra e perseguição.
Foto: akg-images/picture alliance
Touro Sentado (1831-1890)
O chefe sioux Tatanka Iyotake, "Touro Sentado", um dos mais célebres nativos dos Estados Unidos, viveu quatro anos como refugiado. Em 1877, cerca de um ano após a batalha de Little Bighorn, liderada pelo general Custer, ele fugiu com seus guerreiros para o Canadá. Após voltar aos EUA, o líder indígena foi preso e colocado numa reserva. Ele morreu baleado durante uma nova tentativa de prisão.
Foto: Imago/StockTrek Images
Albert Einstein (1879-1955)
Autor da teoria da relatividade e Nobel da Física, o judeu alemão Albert Einstein visitava os EUA quando Adolf Hitler assumiu o poder, em 1933. Manter-se longe da Alemanha sob regime nazista não foi decisão fácil. Einstein dizia se considerar um "privilegiado pela sorte", por poder viver em Princeton, mas também "quase envergonhado de viver em tamanha paz, enquanto todo o resto luta e sofre".
Foto: Imago/United Archives International
Béla Bartók (1881-1945)
Apesar de não ser judeu, o compositor, pianista e musicólogo Béla Bartók se opunha à ascensão do nazismo e à perseguição antissemita, e em 1940 emigrou para os EUA. "Minha principal ideia, que me domina inteiramente, é a irmandade dos homens, acima e além de todos os conflitos", disse certa vez. No entanto, sua carreira musical gorou no exílio, e ele acabou por morrer pobre e esquecido.
Foto: Getty Images
Marlene Dietrich (1901-1992)
A atriz e cantora alemã Marlene Dietrich já era uma estrela nos Estados Unidos quando adquiriu a nacionalidade americana, em 1939, voltando definitivamente as costas para a Alemanha nazista. Refugiada célebre, ela se manifestava contra Hitler e cantou para os soldados americanos durante a Segunda Guerra. Embora com seus filmes banidos na terra natal, ela dizia: "Eu nasci alemã e sempre serei."
Foto: picture-alliance/dpa
George Weidenfeld (1919-2016)
Nascido em Viena, o editor judeu George Weidenfeld emigrou após a anexação da Áustria pelos nazistas. Em Londres, ele cofundou uma casa editora e se tornou barão. Além de se engajar pela causa israelense, estabeleceu um fundo para ajudar os cristãos que fogem do "Estado Islâmico". "Não posso salvar o mundo [...] mas tenho uma dívida a saldar", disse certa vez.
Foto: picture-alliance/dpa/N.Bachmann
Henry Kissinger (*1923)
Natural da Baviera, Henry Kissinger teve papel central na configuração da política externa dos EUA. Contudo, antes de se tornar autoridade em relações internacionais e professor em Harvard, o 56º secretário de Estado americano tivera que fugir da perseguição nazista em 1938. Já nonagenário, ele revelaria que a Alemanha "nunca deixou de ser parte" de sua vida.
Foto: picture-alliance/AP Photo/M. Schiefelbein
Miriam Makeba (1932-2008)
A cantora sul-africana Miriam Makeba era opositora ferrenha do regime do apartheid. Em 1960, durante turnê nos EUA, o governo de seu país lhe cancelou o passaporte. Três anos mais tarde ela foi proibida de entrar na África do Sul, a qual ela só reveria após décadas de exílio nos EUA e Guiné. "Mama Africa" morreu durante um show na Itália, em apoio à luta do autor Roberto Saviano contra a máfia.
Foto: Getty Images
Milos Forman (1932-2018)
Apesar de já ser um cineasta respeitado, Milos Forman voltou as costas à Tchecoslováquia em 1968, após a Primavera de Praga, indo estabelecer-se nos Estados Unidos. Em sua produção do outro lado da Cortina de Ferro dois Oscars de melhor filme se destacam: o drama psiquiátrico "Um estranho no ninho" (1975) e "Amadeus" (1984), sobre Mozart.
Foto: picture-alliance/abaca/V. Dargent
Madeleine Albright (1937-2022)
A primeira secretária de Estado americana, Madeleine Albright, nasceu na atual República Tcheca. Sua família fugiu para os EUA em 1948, quando os comunistas assumiram o poder. A partir de seu envolvimento intenso na política e depois de ser embaixadora americana na ONU, ela assumiu a chefia da diplomacia de 1997 a 2001, durante o segundo mandato de Bill Clinton.
Foto: Getty Images/AFP/S. Loeb
Isabel Allende (*1942)
O presidente Salvador Allende se suicidou após o golpe de Estado no Chile em 1973. A filha de um primo dele, Isabel, que o chamava de "tio", fugiu para a Venezuela após receber ameaças de morte. Mais tarde emigrou para os EUA e se estabeleceu como autora. Entre seus romances, que contam entre os clássicos do realismo mágico, destacam-se "A casa dos espíritos" e "Eva Luna".