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SaúdeFrança

Número real de casos na França seria de 100 mil por dia

26 de outubro de 2020

Após recorde de mais 52 mil novas infecções pelo coronavírus em 24 horas, especialistas afirmam que situação no país é crítica. Mais da metade de leitos de UTIs estão ocupados por pacientes com covid-19.

Mulher e homem caminham com máscara próximo a Torre Eiffel, em Paris
França vive explosão de casos de covid-19Foto: Eco Clement/UPI Photo/Imago Images

Um dia depois de a França registrar um recorde de novos casos de covid-19, especialistas do conselho científico que assessora o governo francês estimaram nesta segunda-feira (26/10) que o número real de novas infecções no país por dia pode estar em torno de 100 mil.

Essa diferença ocorre em parte devido aos casos assintomáticos da doença, que muitas vezes não são testados.

A declaração vem após a França registrar, em 24 horas, 52.010 infecções e 116 óbitos por covid-19, segundo dados oficiais divulgados no domingo.

"Há provavelmente mais de 50 mil casos por dia. Estimamos que haja mais de 100 mil casos por dia", afirmou Jean-François Delfraissy, presidente do conselho científico, à emissora de rádio RTL. Segundo o especialista, a situação no país é crítica.

Atualmente, mais da metade das vagas de UTIs na França estão sendo ocupadas por pacientes com covid-19. Em Paris, essa ocupação chega a dois terços dos leitos disponíveis.

Na entrevista, Delfraissy lembrou que, desde o início do verão europeu, o conselho vinha alertando sobre uma segunda onda de infecções, sem que fosse dada muita atenção para os alertas.

"Estamos, porém, surpresos com a brutalidade do que está acontecendo", acrescentou, lembrando que a nova onda está "invadindo toda a Europa", incluindo países considerados exemplos, como a Alemanha e a Suíça. A queda das temperaturas, segundo ele, seria um fator para explicar a situação.

Para o diretor do departamento de doenças infecciosas do Hospital Pitie-Salpetriere, em Paris, Eric Caumes, o país "perdeu o controle da epidemia".

Recordes consecutivos

A França vem registrando por quatro dias consecutivos recordes no número de infectados e ultrapassou a marca de 1 milhão de casos na sexta-feira. Atualmente, mais de 340 novas infecções por 100 mil habitantes por semana são contabilizadas no país. Na Europa, locais que registraram mais de 50 casos por 100 mil habitantes em sete dias são considerados áreas de risco.

Com os dados de domingo, o país soma agora mais de 1,13 milhão de infectados, se tornando o quinto do mundo em número de casos, atrás apenas dos Estados Unidos (8,6 milhões), Índia (7,9 milhões), Brasil (5,3 milhões), Rússia (1,5 milhão).

Em relação ao número de óbitos, ao todo, mais de 34,7 mil mortes foram registradas no país em decorrência da doença.

Segunda maior economia da zona do euro, a França analisa se as medidas restritivas em vigor precisam ser ampliadas para conter o avanço do coronavírus. Na sexta-feira, o governo francês ampliou o toque de recolher das 21h às 6h para dois terços do país, atingindo 46 milhões de pessoas.

Ao ser questionado sobre a necessidade de um novo lockdown no país, Delfraissy afirmou que a decisão é política, mas citou duas alternativas. A primeira seria ampliar ainda mais o toque de recolher, e a outra, um confinamento geral, porém, menos severo do que o aplicado no início da pandemia, entre março e maio.

Segundo o especialista, as escolas deveriam permanecer abertas, e o trabalho deveria continuar ocorrendo, embora privilegiando o home office, quando possível.

Delfraissy também lembrou que a proteção de idosos e daqueles que estão no grupo de risco deve ser um elemento central no combate à covid-19, porém, descartou um confinamento obrigatório apenas para esses indivíduos.

Ao todo, mais de 43 milhões de pessoas contraíram o coronavírus no mundo, e mais de 1,15 milhão morreram em decorrência da doença, segundo contagem mantida pela Universidade Johns Hopkins.

CN/rtr/efe/lusa

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