Finlândia quer dar a pais mesma licença que dá a mães
5 de fevereiro de 2020
Licença paternidade deverá ser estendida para quase sete meses, o mesmo período concedido às mães. Governo quer adaptar política à estrutura atual de família, em favor de maior igualdade de gênero em casa e no trabalho.
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O governo da Finlândia anunciou nesta quarta-feira (05/02) planos para conceder a pais recentes o mesmo período de licença remunerada que recebem as novas mães.
A licença-paternidade no país governado por uma coalizão de centro-esquerda, tendo à frente primeira-ministra mais jovem do mundo,Sanna Marin, seria alinhada à licença-maternidade e praticamente dobrada, para quase sete meses. Cerca de metade desse tempo pode ser cedido ao parceiro.
Segundo comunicado no site do governo finlandês, a duração total da licença remunerada será prolongada dos atuais 11 meses e meio para 14 meses. Mães e pais, ou os responsáveis diretos pela criança, receberão uma cota igual de 164 dias pagos, o equivalente a 6,6 meses por cuidador. Mães ou pais solteiros teriam direito à cota remunerada equivalente a dois responsáveis por uma criança.
Gestantes da Finlândia também passarão a ter direito a um mês de licença maternidade antes da data prevista do nascimento da criança – esquema semelhante ao da Alemanha, onde a mãe grávida para de trabalhar seis semanas antes do dia previsto para o parto.
A ministra finlandesa da Saúde e Assuntos Sociais, Aino-Kaisa Pekonen, afirmou que os objetivos da "reforma radical" são melhorar a igualdade de gênero e impulsionar a taxa de natalidade em declínio no país. "A medida permitirá uma melhor igualdade entre os pais e diversidade nas famílias", afirmou a ministra.
No que diz respeito à diversidade, a proposta quer inovar na linguagem e, com isso, "apoiar todos os tipos de família, garantindo licenças iguais por criança, independentemente da estrutura da família. Dividir as responsabilidades do cotidiano ficará mais fácil, e a relação entre os dois genitores e a criança será fortalecida desde a primeira infância", diz Pekonen no site do governo.
O modelo "garante à criança uma posição central em relação aos benefícios da família e promove o bem-estar e a igualdade de gênero". Além disso, a proposta "leva em conta o conceito de família da atualidade e a flexibilidade" de que as famílias precisam, prossegue o site. Assim, as licenças, podem ser tiradas em períodos diversos, dependendo do desejo das famílias.
O número de recém-nascidos na Finlândia caiu cerca de um quinto entre 2010 e 2018, chegando a pouco mais de 47.600 bebês num país com cerca de 5,5 milhões de habitantes. Segundo Pekonen, outros, como a Suécia e a Islândia, verificaram aumentos nas taxas de natalidade após oferecerem mais tempo de licença aos pais.
A coalizão de governo finlandesa, composta por cinco partidos, é toda liderada por mulheres, quatro das quais com menos de 35 anos de idade. O governo empossado em dezembro declarou a igualdade de gênero como uma de suas prioridades.
Em janeiro, durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, a premiê Sanna Marin exortou países e empresas a fazerem mais para garantir um tratamento justo a mulheres. Ela destacou que igualdade de gênero "não acontece sozinha".
A gestão anterior, de centro-direita, tentou fazer uma reforma na licença-paternidade em 2018, mas acabou desistindo da ideia por considerar alto demais o custo da implementação: s extensão da licença parental aumentaria os gastos com a ausência remunerada do trabalho em cerca de 100 milhões de euros, argumenta o governo.
A ministra da Saúde disse ainda haver indicações de que uma distribuição igualitária das tarefas domésticas entre mãe e pai diminui o risco de divórcios. "No longo prazo, também aumenta a igualdade tanto no mercado de trabalho quanto do ponto de vista salarial, direcionando os pais a usarem um maior número de licenças parentais do que no passado", sublinhou Pekonen.
A implementação da reforma está prevista para o segundo semestre de 2021.
Dar aos bebês nomes tradicionais ou incomuns, amamentar em público, usar fraldas descartáveis ou de pano, e até mesmo vacinar ou não: conheça os temas que mais preocupam pais e mães na Alemanha.
Foto: Imago
Que nome dar?
O que é mais importante: que o filho se destaque ou seja mais um entre muitos outros de sua geração? Escolher um nome para o bebê é uma expressão da identidade dos pais, mas também pode ser um peso para a criança durante a vida inteira. Marie e Elias foram os nomes mais frequentes dados a bebês na Alemanha em 2016.
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Amamentar em público
Mesmo que não funcione para todas as mães por uma série de razões, a amamentação é uma prática generalizada na Alemanha. Os alemães não têm problemas com nudez, de forma que a amamentação em público não chega a ser problema. No entanto, o país não tem uma lei que protege mães que amamentam. Donos de estabelecimentos comerciais podem proibir as mulheres de amamentarem em público em suas lojas.
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Por quanto tempo amamentar?
Este é outro tema controverso. Pode-se ver até mães amamentando um filho de três anos, mas isso é exceção. Na Alemanha os casais recebem ajuda financeira se deixam de trabalhar nos primeiros 12 meses do bebê (ou até 14 meses se a licença for compartilhada entre pai e mãe), e muitas mães tentam parar de amamentar antes de voltar ao trabalho.
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Jardim de infânca
Antes de voltar a trabalhar, a busca por vagas em creches ou jardins de infância é outro tema estressante para os jovens pais. Enquanto muitos se preocupam em achar estabelecimentos perto de suas casas, outros dão mais atenção à linha pedagógica, por exemplo, e lutam por uma vaga nos jardins de infância Waldorf.
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Vacinação
A vacina não é obrigatória na Alemanha, e, por isso, há pais que não imunizam os filhos. Segundo a OCDE, o índice de vacinação infantil no país é de 96%, mas outros estudos apontam uma taxa menor. Não vacinar só funciona enquanto um número suficiente de pessoas garantir a imunização da sociedade. Berlim, por exemplo, enfrentou uma epidemia de sarampo no inverno de 2014 para 2015, com 1.392 casos.
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Deixar chorar
É um fenômeno universal: os bebês acordam várias vezes por noite, deixando os pais exaustos. Seguindo o que se conhece como método Ferber, muitos alemães deixam os bebês chorarem sozinhos na cama até dormirem. Pode ser a salvação para alguns, mas outros consideram isso tortura.
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Teoria do apego
Quem é contra esse treinamento para o bebê dormir provavelmente defende a "attachment parenting", teoria do apego, uma filosofia criada pelo pediatra americano William Sears. Ela recomenda, por exemplo, dar segurança ao carregar o bebê e dormir com ele, aliás outro ponto controverso. Em 2014, o Ministério alemão da Família até promoveu um congresso no país sobre a teoria do apego.
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Fraldas descartáveis, de pano ou nenhuma?
As fraldas são outro tema universal. Com tantas opções descartáveis no mercado, ainda há os que preferem fraldas de pano. Isso representa mais trabalho, mas contribui para a sustentabilidade. Praticantes do método "Windelfrei" (sem fraldas) ainda são raros, mas eles automaticamente ganham o concurso de "pais mais dedicados".
Foto: picture alliance/dpa Themendienst
Cozinhar ou comprar pronto
Você identifica pais que querem dar dedicação especial ao filho pela forma como preparam a papinha do bebê. Muitos utilizam apenas ingredientes orgânicos e pratos e talheres provenientes de comércio justo. Provavelmente eles criticam os que compram papinha pronta no supermercado, mas admitem que ela é útil quando viajam.
Foto: Fotolia/victoria p
Conceitos alternativos de educação
Nos anos 1960 e 1970, os alemães refletiram muito sobre educação e criaram conceitos como educação antiautoritária, para promover a liberdade de pensamento de uma criança. A influência dessa abordagem é sentida na Alemanha até hoje. Além das várias teorias populares atuais, cada pai desenvolve um estilo próprio – e ninguém gosta de ouvir que está errado.
Foto: colourbox/S. Darsa
Televisão e eletrônicos
Existem aplicativos incríveis e programas de TV voltados para os pequenos. Muitas crianças de um ano sabem mexer melhor em smartphones do que os avós. Embora não haja consenso entre os pais alemães sobre o uso de mídia digital por crianças pequenas, a maioria prefere restringir o contato dos filhos com esses aparelhos.
Foto: picture-alliance/dpa
Consumo de açúcar
Outra maneira alemã de avaliar um "bom pai ou mãe" é o número de anos em que o filho não foi colocado em contato com doces – e isso num país onde o sorvete é um ritual quase diário para crianças mais velhas no verão. Aliás, o segundo filho geralmente é privilegiado, podendo experimentar uma série de coisas mais cedo, pois após algum tempo os pais deixam de seguir alguns de seus rígidos princípios.