Na Otan, Zelenski pede ajuda para "sobreviver ao inverno"
11 de outubro de 2023
Presidente ucraniano se disse preocupado que crise entre Israel e Hamas possa abalar apoio dos EUA à Ucrânia. Ele pediu aos aliados que protejam o povo israelense da mesma forma como fazem com os ucranianos.
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O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, instou os países aliados no Ocidente a reforçarem a ajuda armamentista ao país,para que seja possível "sobreviver ao inverno", que começa em dezembro no hemisfério norte.
Em sua primeira visita à sede da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em Bruxelas desde o início da invasão russa a seu país, Zelenski fez um pedido por reforços na defesa antiaérea, além de mísseis de longo alcance e munição. Ele expressou temores de que o conflito entre Israel e o grupo radical islâmico Hamas possa gerar abalos no apoio dos Estados Unidos à Ucrânia.
"Sobreviver ao próximo inverno é algo de grande importância para nós" afirmou, ao lado do secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, antes de uma conferência de países apoiadores da Ucrânia. "Nos preparamos, estamos prontos. Precisamos agora do apoio dos líderes, e é por isso que estou aqui hoje", disse o ucraniano.
Ele explicou que esse apoio é fundamental para proteger a infraestrutura do país, as exportações de alimentos, além da vida dos civis ucranianos.
O secretário americano da Defesa, Lloyd Austin, anunciou o envio de uma nova remessa de armamentos a Kiev no valor de 200 milhões de dólares, que incluem mísseis de defesa antiaérea, com o objetivo de ajudar os ucranianos a suportarem a forte ofensiva de inverno russa que é aguardada para os próximos meses.
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EUA garantem continuidade do apoio
"Os Estados Unidos estarão ao lado da Ucrânia pelo tempo que for necessário", disse Austin no encontro com Zelenski. Este foi o primeiro pacote americano enviado desde o início da crise no Congresso dos EUA, que gerou questionamentos sobre a capacidade do governo do presidente Joe Biden de continuar fornecendo a ajuda da qual Kiev tanto necessita para se impor à invasão russa em seu território.
Zelenski se disse preocupado que a atual crise em Israel possa desviar a atenção da guerra iniciada pelo presidente russo, Vladimir Putin, na Ucrânia, que já dura quase 600 dias. "Quem sabe como será? Acho que ninguém sabe", afirmou.
Austin, no entanto, assegurou que os EUA não perderão sua capacidade de dedicar recursos a diversas crises em diferentes regiões. "Permaneceremos firmemente ao lado de Israel e continuaremos a apoiar a Ucrânia", garantiu. A dimensão do apoio militar americano a Kiev se iguala à totalidade da ajuda enviada pelos países aliados da Otan juntamente com o Canadá.
"Protejam os israelenses", diz Zelenski
Zelenski pediu aos aliados ocidentais que protejam o povo israelense da mesma forma como fizeram com a Ucrânia, para mostrar a eles que não estão sozinhos.
"Terroristas como Putin ou o Hamas querem tornar reféns as nações livres e democráticas e desejam o poder sobre os que buscam a liberdade", afirmou Zelenski. "Os terroristas não vão mudar. Eles devem ser derrotados."
Os diplomatas ocidentais na Otan garantiram que o fornecimento de armas à Ucrânia não está ameaçado. "Devemos continuar a aumentar e manter estável o fluxo de armamentos e munição", disse Stoltenberg aos aliados.
A Ucrânia tenta se aproximar de uma adesão à Otan de modo a fortalecer sua segurança frente às ambições russas. A aliança simplificou o processo para a entrada ucraniana, mas não ofereceu um convite claro ao país e tampouco estabeleceu um prazo para que isso aconteça.
rc (AFP, DPA)
A invasão russa da Ucrânia em imagens
Em 24 de fevereiro de 2022, Moscou invadiu o território ucraniano por terra, ar e mar, lançou foguetes e destruiu instalações militares em diferentes partes do país vizinho. Em pânico, cidadãos tentaram fugir.
Foto: Kunihiko Miura/AP/picture alliance
Ucranianos em pânico
Uma manhã dramática na Ucrânia. Depois que a Rússia iniciou um ataque ao país vizinho. e se ouviram as primeiras explosões – inclusive na capital, Kiev –, muitos fugiram. Veículos militares circulavam pelas ruas da cidade, enquanto residentes faziam as malas e tentavam deixar o local.
Foto: Sputnik/dpa/picture alliance
Filas de carros em Kiev
O desespero dos civis ucranianos gerou um enorme congestionamento na principal avenida em direção ao oeste de Kiev. O ataque foi anunciado pelo presidente russo, Vladimir Putin, num pronunciamento, alegando ter iniciado uma operação militar contra a Ucrânia para de "desmilitarizar" o país e eliminar supostas "ameaças" contra Moscou.
Foto: Chris McGrath/Getty Images
Ataques aéreos
Explosões foram ouvidas alguns minutos depois do fim do pronunciamento de Putin. Nesta foto, vê-se um outdoor aparentemente destruído por um míssel, em Kiev. O governo ucraniano falou de uma "invasão em grande escala" de seu território, assegurando que o país "se defenderá e vencerá".
Foto: Efrem Lukatsky/AP Photo/picture alliance
Tropas ucranianas se mobilizam
Tanques ucranianos se deslocam para a cidade portuária de Mariupol, no sudeste do país. As Forças Armadas ucranianas são as segundas maiores da região, porém a Rússia as supera em todas as áreas, exceto no número de soldados na ativa.
Foto: Carlos Barria/REUTERS
Explosões em várias partes do país
Soldados examinam os restos de um foguete numa praça da capital ucraniana. Além de Kiev, explosões atingiram várias cidades próximas à fronteira com a Rússia. O mesmo ocorreu nas regiões costeiras, bem como na cidade portuária de Odessa, próxima à Península da Crimeia, ocupada por Moscou.
Foto: Valentyn Ogirenko/REUTERS
Rússia destrói instalações militares
Algumas partes da Ucrânia ficaram cobertas por fumaça preta após as explosões. A coluna de fumaça nesta foto parte de um aeroporto militar que teria sido atingido por bombardeios, perto da cidade de Kharkiv, no leste do país.
Foto: Aris Messinis/AFP/Getty Images
Ameaça à população
O Ministério da Defesa russo afirma que não visa cidades e "não há ameaça à população civil". A Agência de Segurança da Aviação da União Europeia descreveu o espaço aéreo ucraniano como "zona de conflito ativo". Os metrôs de Kiev foram liberados ao público e muitos civis se abrigaram nas estações, como mostra esta foto.
Foto: AFP via Getty Images
Explosões em áreas residenciais
Apesar do que diz o governo russo, há relatos de explosões em áreas residenciais. Bombeiros tentam conter um incêndio num bloco de apartamentos após um suposto ataque aéreo na localidade de Chuhuiv, perto de Kharkiv, no leste do país.
Foto: Wolfgang Schwan/AA/picture alliance
Invasão por terra
A invasão russa à Ucrânia ocorre também por mar e terra. Esta foto capturada por uma câmera de vigilância e publicada pelas autoridades fronteiriças da Ucrânia mostraria veículos militares russos cruzando a fronteira na Crimeia, em direção à Ucrânia. Essa península foi anexada pela Rússia em março de 2014.
Foto: State Border Guard Service Of Uk/picture alliance/dpa/PA Media
Alguns fogem, outros se preparam
Os efeitos dos ataques podem ser observados em todo o país. Na cidade de Lviv, de 700 mil habitantes, no extremo oeste da Ucrânia, longas filas se formaram em caixas eletrônicos O mesmo ocorreu em supermercados e lojas, na esperança de estocar alimentos e água. Enquanto alguns tentavam fugir, outros pareciam se preparar para se isolar.