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Novo presidente da Ucrânia convoca eleições antecipadas

20 de maio de 2019

Partido de Volodimir Zelenski quer obter os primeiros assentos na Casa em eleições antecipadas após medida. Ex-comediante inicia mandato sob pressão para realizar reformas. Prioridade é fim de conflito no leste do país.

Volodimir Zelenski
Volodimir Zelenski precisa de apoio legislativo para enfrentar uma série de desafios, como o conflito com separatistas Foto: Reuters/V. Ogirenko

Eleito com 73% dos votos no mês passado e inexperiente na política, o humorista Volodimir Zelenski, de 41 anos, assumiu a presidência da Ucrânia nesta segunda-feira (20/05) e anunciou a dissolução do Parlamento ucraniano já em seu discurso inaugural. A dissolução abre caminho para que o novo chefe de Estado ucraniano convoque eleições legislativas antecipadas, que Zelenski pediu para daqui a dois meses. 

No pleito adiantado, seu novo partido poderá ter a chance de ingressar no Parlamento. As próximas eleições legislativas já estavam marcadas para outubro, já que Zelenski não detém o apoio da maioria no atual Parlamento ucraniano. Por isso, há controvérsias legais sobre o fato de ele ter ou não poder para iniciar o processo de convocação de eleições antecipadas. 

"Eu dissolvo a oitava legislatura da Verkhovna Rada [o Conselho Supremo da Ucrânia – poder legislativo unicameral]", disse o recém-empossado presidente ucraniano durante a cerimônia no Parlamento em Kiev.

Antes de sua posse, Zelenski já havia ameaçado iniciar o processo altamente complexo de dissolver o Parlamento ucraniano e de convocar novas eleições, numa tentativa de se beneficiar de sua atual popularidade. Em um comunicado, a equipe de Zelenski afirmou na sexta-feira (17/05) que o país precisa de "um Parlamento que funcione".

O novo presidente da Ucrânia precisa de apoio legislativo para enfrentar uma série de desafios, que incluem uma economia em dificuldades e o conflito com os separatistas apoiados por Moscou no leste ucraniano.

Zelenksi inicia seu mandato sem uma maioria parlamentar, fato que dificulta a aprovação de reformas. A dissolução da Verkhovna Rada e a convocação de eleições antecipadas antes da data marcada para outubro podem aumentar o apoio de uma câmara atualmente dominada por aliados de seu antecessor, Petro Poroshenko, que Zelenski derrotou na eleição de abril.

Legisladores tentaram bloquear o plano de dissolução do Parlamento por Zelenski – na semana passada, a coalizão governista entrou em colapso depois que um grupo de parlamentares da Frente Popular decidiu se retirar dela. 

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que o presidente da Rússia não tem planos de felicitar o novo presidente ucraniano. Peskov afirmou que Vladimir Putin se propôs a parabenizar seu recém-empossado homólogo ucraniano se Zelenski progredir na resolução do conflito com separatistas pró-Rússia no leste ucraniano e remediar as relações entre Kiev e Moscou.

Além de anunciar a dissolução do Parlamento, Zelenski afirmou em seu discurso inaugural que sua primeira tarefa seria acabar com o conflito no leste do país e prometeu "proteger a soberania e a independência da Ucrânia". O presidente acrescentou que o diálogo com a Rússia só poderá ocorrer após a devolução do território ucraniano ocupado e o retorno de prisioneiros de guerra.

Zelenski rompeu com a tradição e foi ao Parlamento ucraniano a pé – ao longo do caminho, cumprimentou e tirou várias fotografias com partidários e simpatizantes. Durante o discurso de posse, pediu também a funcionários públicos que retirassem os habituais retratos do presidente de seus escritórios, substituindo-os por imagens de seus filhos.

O novo presidente é um comediante mais conhecido por interpretar o papel do ocupante do mais alto cargo executivo da Ucrânia numa popular série de televisão. Agora ele também ocupa este papel na vida real, após uma vitória esmagadora contra o então chefe de estado Petro Poroshenko, no segundo turno, no mês passado.

Nos braços do povo: em sua posse como presidente, Zelenski quebrou o protocolo e foi a pé ao ParlamentoFoto: Getty Images/AFP/S. Supinsky

Alguns críticos afirmaram que sua campanha eleitoral foi apoiada pelo controverso oligarca ucraniano Igor Kolomoysky, cujo canal transmite a série televisiva. Mas Zelenski negou ter qualquer ligação política com o empresário.

Durante a campanha, Zelenski procurou ganhar capital político com a desilusão dos eleitores e se apresentou como uma alternativa ao establishment. Até agora, ele forneceu poucos detalhes sobre suas políticas, sobre o que planeja fazer como presidente ou sobre quem ele nomeará para cargos-chave.

No entanto, ele disse que pretende combater a corrupção e manter Kiev no rumo pró-Ocidente – curso iniciado sob Poroshenko. Zelenski também prometeu pressionar o presidente russo, Vladimir Putin, a acabar com a ocupação russa do território ucraniano.

O correspondente da DW em Kiev, Nick Connoly, relatou que há "expectativas colossais dos ucranianos comuns" de que Zelenski será capaz de "mudar a Ucrânia e permitir que o país, após 20 a 30 anos de independência, realmente possa aproveitar seu potencial".

PV/rtr/afp/dpa/dw

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