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Na Ucrânia, Alemanha ainda busca seus mortos na 2ª Guerra

3 de maio de 2023

Comissão Alemã de Túmulos de Guerra continua a atuar na Ucrânia, mesmo em meio à nova guerra que assola país. Em 2022, restos mortais de 816 soldados alemães foram localizados – alguns durante a escavação de trincheiras

Cemitério em Sopiv, na Ucrânia
Trabalhadores da Comissão VDK retiraram os restos mortais de soldados alemães de cemitério em Sopiv, na UcrâniaFoto: Volksbund

A indicação foi dada pelo pastor do vilarejo de Sopiv, no oeste da Ucrânia: um avião de resgate alemão caiu nas proximidades do vilarejo, que fica no oblast de Ivano-Frankivsk, durante a Segunda Guerra Mundial .

Os moradores do local teriam recolhido os cadáveres, na maioria de soldados feridos que estavam sendo evacuados, e os enterrado num cemitério atrás da igreja. Depois da independência da Ucrânia, em 1991, moradores teriam colocado cruzes sobre os túmulos improvisados.

Em abril, em meio à guerra na Ucrânia, os restos mortais desses 41 soldados da antiga Wehrmacht, as forças armadas do regime nazista, foram desenterrados por especialistas da Comissão Alemã de Túmulos de Guerra (VdK, em alemão) para serem sepultados formalmente em cemitérios militares mantidos pela organização. 

Os horrores da Segunda Guerra Mundial voltaram à lembrança com a atual guerra na Ucrânia. Em especial depois de uma outra descoberta, no norte da capital, Kiev, já no início da invasão russa.

Lá, perto da cidade de Vyshhorod, nas proximidades de uma represa do rio Danápris, militares ucranianos encontraram os restos mortais de dois soldados alemães da Segunda Guerra Mundial durante as escavações de uma trincheira. Chapas metálicas permitiram a identificação.

Isso aconteceu em abril de 2022, ainda no início da invasão russa da Ucrânia. Naquela época, um comboio militar russo de 40 quilômetros de extensão estava parado perto de Vyshhorod, a caminho de Kiev.

Os soldados ucranianos comunicaram o achado a Vladimir Ioseliani, o responsável pela seção da Ucrânia na VdK. À época, a comissão havia suspendido seus trabalhos nas regiões conflituosas da Ucrânia e se concentrado no oeste e no centro do país.

Cerca de 3 milhões de soldados alemães que serviram na Segunda Guerra Mundial morreram no leste europeu, onde ocorreram as batalhas mais sangrentas.

Na maioria das vezes, as condições não permitiam que os mortos fossem enterrados em túmulos identificáveis. Centenas de milhares ficaram em covas coletivas. Nas últimas décadas, a VdF vem atuando para localizar os corpos e enterrá-los em cemitérios militares. A comissão normalmente usa testemunhos e antigos registros militares no seu trabalho.

Trabalho interrompido pela guerra

O achado em Sopiv foi um caso isolado este ano. Em 2022, a comissão conseguiu desenterrar os restos mortais de 816 soldados alemães da Segunda Guerra Mundial. Eles participaram da invasão da União Soviética pela Alemanha nazista. Esse número é cerca de metade do alcançado em anos anteriores.

A Comissão de Cemitérios de Guerra Alemães foi fundada após a Primeira Guerra Mundial, inicialmente para localizar e sepultar os restos mortais das batalhas de Verdun e Ypern. Depois da Segunda Guerra Mundial, a organização humanitária passou a se dedicar à Alemanha Ocidental e, mais tarde, aos países ocidentais vizinhos.

Com a queda da Cortina de Ferro, a associação pôde ampliar seus trabalhos para os países do Leste Europeu e da antiga União Soviética. Sobretudo a Polônia, Belarus e Ucrânia, mas também a Rússia, ou seja, países atacados pela Wehrmacht, sob ordens de Adolf Hitler.

Desde 1992, o a VdK localizou e exumou cerca de 990.000 soldados, principalmente na Europa Oriental. Espera-se que a marca de um milhão seja alcançada até o outono europeu.

Cuidados na identificação

A missão de identificar "soldados desconhecidos"

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O procedimento de identificação segue passos bem definidos. Soldados alemães costumam ser reconhecidos por objetos encontrados juntos aos restos mortais. Por exemplo botas militares da Wehrmacht costumam estar bem preservadas mesmo sete décadas depois.

Mais importante, porém, são chapas militares de identificação. "Soldados alemães quase sempre as carregavam consigo", comenta Diane Tempel-Bornett, da VdK. Mas isso não significa automaticamente que a placa metálica seja de fato de quem a carregava, observa.

Ao todo são necessários mais de sete passos para identificar de quem são os restos mortais encontrados. A idade pode ser determinada pela dentição ou pelo crânio. Já a altura aproximada pode ser calculada pelo tamanho do fêmur.

As informações dos restos mortais são comparadas com informações do Arquivo Nacional da Alemanha. Muitas vezes são antigos documentos militares que levam à localização de um cemitério de soldados.

Familiares sempre são informados, mas apenas quando a identidade de um soldado alemão morto em combate pôde ser indubitavelmente determinada.

Depois disso, os restos mortais são enterrados, frequentemente com a presença de familiares, em cemitérios da VDK em toda a Europa – também na Ucrânia. Enterros no país eram comuns. Agora a VdK espera pelo fim da guerra para enterrar os 816 soldados mortos localizados em 2022.

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