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Nacionalistas saem das urnas como maior força da Irlanda

10 de fevereiro de 2020

Sucesso do Sinn Féin quebra longeva hegemonia de duas siglas tradicionais de centro-direita. Antigo braço político do IRA, partido obtém maior porcentagem de votos, mas não deve formar maior bancada parlamentar.

Presidente do Sinn Féin, Mary Lou McDonald, festeja o sucesso de seu partido junto a apoiadores
Presidente do Sinn Féin, Mary Lou McDonald, festeja o sucesso de seu partidoFoto: picture-alliance/AP Photo/P. Morrison

O partido nacionalista de esquerda Sinn Féin saiu vitorioso nas eleições parlamentares na Irlanda realizadas neste fim de semana, segundo resultados divulgados neste domingo (09/02). O sucesso da legenda, antigo braço político do Exército Republicano Irlandês (IRA), quebra décadas de hegemonia de dois tradicionais partidos de centro-direita.

O Sinn Féin obteve 24,5% dos votos, o melhor resultado de sua história em eleições parlamentares nacionais, quase dobrando seu número de votos em relação ao último pleito, há quatro anos.

O centrista Fianna Fáil ficou em segundo, com 22,2%. A terceira posição é ocupada pelo governista Fine Gael, de centro-direita, do primeiro-ministro Leo Varadkar, com 20,9%. Desde a independência da Irlanda, há quase um século, ambos os partidos se alternavam no poder ou governavam em coalizão.

Durante a campanha, o Sinn Féin defendeu a reunificação da Irlanda com a Irlanda do Norte como meta prioritária. Antes da eleição, o partido estabeleceu como condição para formação de uma coalizão a convocação de um referendo sobre o assunto. Também defendeu um aumento de imposto para os ricos, congelamento do valor de aluguéis e incentivo estatal à construção de moradias.

A distribuição final dos 159 assentos parlamentares, contudo, ainda não foi definida. Isso pode durar vários dias devido ao complicado sistema eleitoral. Na Irlanda, os eleitores não votam em uma lista predefinida, mas fazem sua própria lista, classificando vários candidatos segundo sua ordem de preferência.

No final, o Fianna Fáil deve conseguir a maioria das cadeiras, já que o Sinn Féin concorreu com apenas 42 candidatos – cerca da metade do número dos dois partidos de centro-direita. O grande derrotado poderá ser o governista Fine Gael, que deverá perder vários assentos.

O Sinn Féin comemorou sua vitória no domingo. "É oficial: vencemos a eleição", escreveu a líder da agremiação, Mary Lou McDonald, no Twitter. A legenda deve agora procurar possíveis parceiros para uma aliança. Antes da eleição, Fine Gael e Fianna Fáil descartaram uma cooperação com o Sinn Féin.

O premiê Varadkar, líder do Fine Gael, reconheceu o resultado e aumentou a perspectiva de negociações complicadas entre as legendas. "Parece que agora temos um sistema de três partidos. Isso tornará a formação de um governo bastante difícil", afirmou.

A eleição realizada no sábado foi a terceira desde o dramático colapso financeiro de 2008 e, sob muitos aspectos, ainda ocorre sob os reflexos do impacto político provocado pelo pacote de ajuda financeira do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da União Europeia (UE), aprovado em 2010.

O país enfrenta ainda sérios problemas domésticos, e foi nesse cenário que o nacionalista Sinn Féin conseguiu tomar a liderança nas pesquisas, com suas políticas de esquerda para combater as atuais crises na habitação e na saúde.

A construção de moradias parou durante a crise financeira na Irlanda, levando a preços recordes de imóveis e de aluguéis, além de recorde de desabrigados (quase 10 mil estavam sem lar permanente em dezembro de 2019).

Ao mesmo tempo, o setor de saúde da Irlanda está em crise: dezembro de 2019 registrou um recorde histórico de superlotação hospitalar, com novos registros de pacientes aguardando tratamento em macas em vez de obterem um leito permanente.

MD/afp/rtr

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