Após sete meses de intervenção, novo governo toma posse e reafirma que vai continuar a buscar a independência da região.
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Os nacionalistas recuperaram o controle do governo da Catalunha neste sábado (02/06) e imediatamente prometeram que vão buscar a independência da região, impondo um desafio ao novo primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, que também tomou posse no mesmo dia.
O novo gabinete catalão foi empossado após meses de tensão com o governo central, encerrando o mandato direto de sete meses do governo central na região, imposto pelo antecessor de Sánchez, o ex-premiê Mariano Rajoy, quando os separatistas declararam a independência.
Sánchez, um socialista que afirmou querer iniciar conversas com a Catalunha, mas que se opõe a qualquer referendo sobre a independência, foi empossado mais cedo no sábado, um dia após o Parlamento destituir o conservador Mariano Rajoy por um escândalo de corrupção.
A coincidência da tomada do poder pelos governos central e regional por minutos de diferença deve abrir um novo capítulo após meses dramáticos marcados por políticos catalães sendo presos ou fugindo para o exterior para evitar a prisão.
Ambos os lados disseram desejar negociar. Porém, os dois têm objetivos muito diferentes. Os socialistas de Sánchez, por exemplo, apoiaram a política intervencionista de Rajoy e também se opuseram à independência.
"Esse governo está comprometido em avançar em direção a um Estado independente em forma de uma república", disse o novo líder da Catalunha, Quim Torra, ao tomar posse neste sábado em uma cerimônia na qual os separatistas gritaram "liberdade! liberdade!".
Ele convidou Sánchez para um encontro com o objetivo de conversar sobre o futuro da Catalunha.
"Vamos conversar, vamos lidar com essa questão, vamos tomar riscos, você e nós. Precisamos sentar em volta da mesma mesa e negociar, governo com governo", disse ele.
Sánchez, que garantiu o apoio de uma aliança improvável de socialistas, extrema-esquerda e nacionalistas catalães e bascos para derrubar Rajoy, tem a menor maioria parlamentar desde o nascimento da democracia espanhola em 1975.
Seu Partido Socialista possui apenas 84 assentos no Parlamento de 350 membros, o que pode dificultar quaisquer medidas mais ousadas nas frentes econômica e política – incluindo a Catalunha.
Ele já afirmou que vai respeitar o orçamento de 2018 elaborado pelos conservadores de Rajoy.
O ex-premiê impôs um mandato direto de Madri sobre a Catalunha após os nacionalistas organizarem um referendo sobre a independência, considerado ilegal pela corte espanhola. Rajoy então organizou eleições na Catalunha em dezembro, na esperança de que opositores à independência vencessem, mas o tiro saiu pela culatra quando os eleitores deram maioria aos separatistas.
JPS/rt/efe
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Breve história da Catalunha
Desejo de independência da Espanha é acalentado pelos catalães há muito tempo. Ao longo dos séculos, região experimentou vários graus de autonomia e repressão.
Foto: picture-alliance/dpa/AP/F. Seco
Antiguidade rica
A Catalunha foi habitada por fenícios, etruscos e gregos, que estiveram nas áreas costeiras de Rosas e Ampúrias (acima). Depois vieram os romanos, que construíram mais assentamentos e infraestrutura. A Catalunha foi uma parte do Império Romano até ser conquistada pelos visigodos, no século 5.
Foto: Caos30
Condados e independência
A Catalunha foi conquistada pelos árabes no ano 711. O rei franco Carlos Magno interrompeu o avanço deles em Tours, no rio Loire, e em 759 o norte da Catalunha se tornou novamente cristão. Em 1137, os condados que compunham a Catalunha iniciaram uma aliança com a Coroa de Aragão.
Foto: picture-alliance/Prisma Archiv
Guerra e perda de território
No século 13, as instituições de autoadministração catalã foram criadas sob o nome Generalitat de Catalunya. Depois da unificação da Coroa de Aragão com a de Castela, em 1476, Aragão pôde manter suas instituições autônomas. No entanto, a revolta catalã – de 1640 a 1659 – fez com que partes da Catalunha fossem cedidas à atual França.
Foto: picture-alliance/Prisma Archivo
Lembrando a derrota
No final da Guerra da Sucessão, Barcelona foi tomada, em 11 de setembro de 1714, pelo rei espanhol Felipe 5°, as instâncias catalãs foram dissolvidas e a autoadministração chegou ao fim. Todos os anos, em 11 de setembro, os catalães fazem uma grande comemoração para lembrar o fim do seu direito à autonomia.
Foto: Getty Images/AFP/L. Gene
República passageira
Após a abdicação do rei Amadeo 1°, da Espanha, a primeira república espanhola foi declarada em fevereiro de 1873. Ela durou apenas um ano. Os partidários da república estavam divididos, com um grupo apoiando uma república centralizada e outros, um sistema federal. A foto mostra Francisco Pi y Maragall, um partidário do federalismo e um dos cinco presidentes da república de curta duração.
Foto: picture-alliance/Prisma Archivo
Tentativa fracassada
A Catalunha tentou estabelecer um novo Estado dentro da república espanhola, mas isso apenas exacerbou as diferenças entre os republicanos e os enfraqueceu. Em 1874, a monarquia e a Casa de Bourbon, liderada pelo rei Afonso 12 (foto), retomaram o poder.
Foto: picture-alliance/Quagga Illustrations
Direitos de autonomia
Entre 1923 e 1930, o general Primo de Rivera liderou uma ditadura – com o apoio da monarquia, do Exército e da Igreja. A Catalunha se tornou um centro de oposição e resistência. Após o fim do regime, o político Francesc Macia (foto) conseguiu impor direitos importantes de autonomia para a Catalunha.
Fim da liberdade
Na Segunda República Espanhola, os legisladores catalães trabalharam no Estatuto de Autonomia da Catalunha, aprovado pelo Parlamento espanhol em 1932. Francesc Macia foi eleito presidente da Generalitat de Catalunha pelo Parlamento catalão. No entanto, a vitória de Franco no fim da Guerra Civil Espanhola (1936 a 1939) acabou com tudo isso.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Opressão
O ditador Francisco Franco governou com mão de ferro. Partidos políticos foram proibidos, e a língua e a cultura catalãs, reprimidas.
Foto: picture alliance/AP Photo
Novo estatuto de autonomia
Após as primeiras eleições parlamentares que se seguiram ao fim da ditadura de Franco, a Generalitat da Catalunha foi provisoriamente restaurada. Sob a Constituição democrática espanhola de 1978, a Catalunha recebeu um novo estatuto de autonomia, apenas um ano depois.
O novo estatuto de autonomia reconheceu a autonomia da Catalunha e a importância da língua catalã. Em comparação com o estatuto de 1932, ele apresentou avanços nos campos da cultura e educação, mas restrições no âmbito da Justiça. A foto é de Jordi Pujol, que foi por longo tempo chefe de governo da Catalunha depois da ditadura.
Foto: Jose Gayarre
Anseio por independência
O desejo por independência da Espanha se tornou mais forte nos últimos anos. Em 2006, a Catalunha recebeu um novo estatuto, que ampliou ainda mais os poderes do governo catalão. No entanto, eles são perdidos após uma queixa levada pelo conservador Partido Popular ao Tribunal Constitucional espanhol.
Foto: Reuters/A.Gea
Primeiro referendo
Um referendo sobre a independência estava previsto para 9 de novembro de 2014. A primeira questão era "você quer que a Catalunha se torne um Estado?" No caso de uma resposta afirmativa, a segunda pergunta era "você quer que esse Estado seja independente?" No entanto, o Tribunal Constitucional suspendeu a votação.
Foto: Reuters/G. Nacarino
Luta de titãs
Desde janeiro de 2016, Carles Puigdemont é o presidente do governo catalão. Ele deu continuidade ao curso separatista de seu antecessor, Artur Mas, e convocou um novo referendo para 1° de outubro de 2017. O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, disse que a consulta é inconstitucional.