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Empresa alemã rejeita egípcio com mensagem xenofóbica

Elizabeth Schumacher ll
16 de janeiro de 2020

Firma de arquitetura alega mal-entendido, com mensagem "tirada do contexto". Discriminação no ambiente de trabalho na Alemanha está bem acima da média da União Europeia.

Refugiados da Síria candidatam-se na Agência Federal alemã de Emprego
Refugiados da Síria candidatam-se na Agência Federal alemã de EmpregoFoto: picture-alliance/dpa/S. Kahnert

Um escritório alemão de arquitetura está envolvido numa polêmica de discriminação por um de seus executivos ter respondido "por favor, nada de árabes" a um candidato a emprego egípcio. Yaseen Gabr compartilhou o e-mail em sua página do Facebook, chamando-o de "a pior carta de rejeição que se possa receber". Nesta quarta-feira (15/01) a história começou a se espalhar rapidamente pelas mídias sociais alemãs.

Em comunicado enviado à DW, a firma GKK+Architekten não negou o incidente, mas alegou tratar-se de um "mal-entendido", em que a mensagem teria sido "cortada" e "tirada do contexto". Contudo, não esclareceu qual seria o contexto, nem qual, exatamente, o mal-entendido. Em vez disso, afirmou: "A pedra angular do nosso sucesso é a diversidade, a internacionalidade e nossas equipes interculturais."

Segundo ela, Gabr não foi aceito para o cargo por não possuir as habilidades que procurava, mas acrescentou que se desculpara pelo e-mail. Sediada em Berlim, a GKK+Architekten divulga em seu site as dezenas de nacionalidades dos funcionários já contratados, com imagens das bandeiras dos países.

Segundo o último relatório anual da Agência Federal Antidiscriminação da Alemanha, os níveis de racismo no local de trabalho do país estão bem acima da média da União Europeia. Em todo o bloco, a frequência de discriminação contra cidadãos de ascendência africana, por exemplo, é de 9%, enquanto a Alemanha registra 14%. A agência também revela que portadores de "nomes estrangeiros" têm 24% menos chances de serem chamados para uma entrevista do que os de nome alemão.

Num estudo sobre a islamofobia no mercado de trabalho, a agência constatou que "dados qualitativos sugerem que os seguidores da fé islâmica encontram discriminação interpessoal e estrutural", em grande parte relacionada à falta de qualificações percebidas pelos empregadores alemães. A situação é ainda pior para as mulheres que usam o véu islâmico hijab.

Dos 2,27 milhões de desempregados na Alemanha em 2019, 46% não eram "etnicamente alemães", apesar de constituírem apenas 23% da população, conforme dados da Agência Federal de Emprego.

A Rede Europeia contra o Racismo (ENAR) observou em suas publicações que uma das principais barreiras no combate ao racismo e à discriminação em práticas de contratação é a falta de transparência nas entrevistas fora do setor público.

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