Ao lado de Trump, presidente francês participa de desfile militar em comemoração ao Dia da Bastilha e à cooperação franco-americana na Primeira Guerra Mundial. "Visita é sinal de amizade duradoura", afirma.
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O presidente dos EUA, Donald Trump, participou, ao lado do presidente francês, Emmanuel Macron, de uma dupla celebração em Paris nesta sexta-feira (14/07): a comemoração dos 100 anos da entrada americana na Primeira Guerra Mundial e o Dia da Bastilha.
As cerimônias encerram a visita do líder americano à capital francesa. O evento – que contou com uma exibição conjunta de jatos de ambos os países, simbolizando a cooperação militar – ocorreu no dia seguinte a conversas entre Macron e Trump e um jantar dos dois na companhia das primeiras-damas na Torre Eiffel.
Em coletiva de imprensa após uma reunião no Palácio do Eliseu, Trump saudou a relação "indestrutível" entre Paris e Washington, admitindo que as duas nações têm "desentendimentos ocasionais", mas que isso não prejudica a amizade entre os dois países.
Durante o desfile militar, os dois chefes de Estado sentaram-se lado a lado, aplaudindo e tocando um o braço do outro quando os aviões militares de ambos os países os sobrevoaram.
Macron chegou num veículo militar rodeado de cavalaria, repetindo uma cena vista em sua posse, há dois meses. Trump, por sua vez, chegou com a esposa Melania num carro comum, e foi recepcionado pela primeira-dama francesa, Brigitte Macron.
"A presença de Trump ao meu lado é um sinal de uma amizade duradoura, e quero agradecê-lo", disse Macron após o evento. "Nada jamais vai nos separar. Quero agradecer os EUA pela escolha que fizeram há 100 anos."
No fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), mais de um milhão de soldados americanos estavam estacionados na França junto com soldados franceses, britânicos e de outras nacionalidades que combatiam a Alemanha.
Cerca de 140 integrantes do Exército, da Marinha e da Força Aérea dos EUA lideraram a parada em Paris nesta sexta-feira, em alusão à cooperação franco-americana no conflito mundial. Trump cumprimentou os militares que passavam.
Um grupo participante do desfile militar também evocou um símbolo da história franco-americana, carregando uma bandeira com a inscrição "Fregate Lafayette", uma fragata da Marinha francesa que no século 18 ajudou na Guerra de Independência Americana contra os britânicos.
Para a França, este Dia da Bastilha também tem um significado especial, pois marca o primeiro aniversário do atentado de Nice, um dos piores perpetrados por islamistas no país nos últimos anos, que deixou 86 mortos. Após o desfile militar em Paris, Macron participa de uma homenagem às vítimas em Nice.
LPF/rtr/afp/dpa
Nove livros para a era Trump
O novo presidente americano não lê muito. Mas, desde que ele chegou ao poder, livros sobre regimes totalitários voltam à lista de best-sellers. Conheça algumas obras que podem ajudar a entender seu estilo de governar.
Foto: Getty Images/S. Platt
"1984"
Em "1984", George Orwell mostra ao leitor o que é viver num Estado totalitário, onde a vigilância é onipresente, e a opinião pública é manipulada pela propaganda. Desde a eleição de Donald Trump, o romance distópico voltou à lista dos mais vendidos. Mas outros clássicos, que descrevem cenários semelhantes, também se encontram cada vez mais sobre as mesas de cabeceira.
Foto: picture-alliance/akg-images
"As origens do totalitarismo"
O ensaio de Hannah Arendt "As origens do totalitarismo" chamou bastante atenção após a sua publicação em 1951. Arendt, que havia fugido da Alemanha nazista, foi uma das primeiras teóricas a analisar a ascensão de regimes totalitários. Há poucas semanas, o livro apareceu por um curto período como esgotado no site de compras Amazon.
Foto: Leo Baeck Institute
"Admirável mundo novo"
O romance distópico de Aldous Huxley "Admirável mundo novo" ainda é leitura obrigatória para escolares e universitários. O livro do escritor britânico, publicado em 1932, descreve a "Gleichschaltung" (uniformização) de uma sociedade por meio da manipulação e condicionamento.
Foto: Chatto & Windus
"O conto da aia"
A distopia feminista de Margaret Atwood também voltou à lista dos best-sellers. O romance publicado em 1985 se passa nos Estados Unidos do futuro, onde as mulheres são reprimidas e privadas de seus direitos por uma teocracia totalitária no poder. Por medo de cenários semelhantes, muitas mulheres se posicionam hoje contra Trump, que continua a provocar discussões com comentários sexistas.
Foto: picture-alliance / Mary Evans Picture Library
"O homem do castelo alto"
Em 1962, Philip K. Dick descreveu em seu romance "O homem do castelo alto" como seria a vida nos Estados Unidos sob a ditadura de vitoriosos nazistas e japoneses após a Segunda Guerra. Em 2015 foi transmitida uma série de TV baseada vagamente no livro do escritor americano. Os cartazes de propaganda do seriado no metrô de Nova York (foto) foram motivo de controvérsia devido à sua simbologia.
Foto: Getty Images/S. Platt
"The United States of Fear"
O livro não ficcional de Tom Engelhardt ainda não publicado no Brasil "The United States of Fear" ("Os Estados Unidos do medo", em tradução livre) foi lançado em 2011. A obra analisa como o fator "medo" favorece investimentos maciços do governo americano nas Forças Armadas, em guerras e na segurança nacional – levando o país, segundo a tese do autor, à beira do abismo.
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"Things That Can and Cannot Be Said"
"Things that can and cannot be said" ("As coisas que podem e não podem ser ditas", em tradução livre) é uma coletânea de ensaios e conversas, na qual a autora Arundhati Roy e o ator e roteirista John Cusack refletem sobre o seu encontro com o whistleblower Edward Snowden, em 2014, em Moscou. O livro aborda principalmente a vigilância em massa e o poder estatal.
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"O poder dos sem-poder"
Em seu texto "O poder dos sem-poder" (1978), o escritor e posterior presidente tcheco Vaclav Havel analisa os possíveis métodos de resistência contra regimes totalitários. Ele próprio passou diversos anos na prisão como crítico do governo comunista. Seu ensaio se tornou um manifesto para muitos opositores no bloco soviético.
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"Mente cativa"
Em 1970, o autor polonês e posterior Nobel de Literatura Czeslaw Milosz se tornou cidadão americano. Sua não ficção "Mente cativa" (1953) fala sobre suas vivências como escritor crítico do governo no bloco soviético. Trata-se de um ajuste de contas intelectual com o stalinismo, mas também com a – em sua opinião – enfraquecida sociedade de consumo ocidental.