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Nadadores alemães driblam fuso horário com luz artificial

8 de agosto de 2016

Rio 2016 tem provas da natação sendo disputadas depois das 22 horas, e atletas lutam para manter o biorritmo habitual. Rotina conta com jantar de madrugada, janelas tampadas com folhas de alumínio e roupas regenerativas.

Nadador alemão Paul Biedermann
Foto: Reuters/M. Brindicci

Nadadores são atletas acostumados a acordar cedo, que seguem um rígido programa de treinamento e dependem imensamente de um desempenho muscular impecável nos dias de disputas. Para isso, a qualidade de sono e alimentação é fundamental. E claro, manter o seu habitual biorritmo.

No entanto, as competições de natação dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro transformaram os nadadores praticamente em notívagos. As baterias de semifinais e finais são disputadas depois das 22 horas (horário de Brasília) – quatro horas mais tarde do que costumeiramente em competições internacionais. Tudo para agradar os desejos do horário nobre da televisão americana.

O denominado ritmo circadiano designa o período de aproximadamente 24 horas sobre o qual se baseia o ciclo biológico, sendo influenciado pela variação de luz, temperatura e o dia e a noite. Ele permite ao corpo ter uma melhor recuperação na fase escura, além de um melhor desempenho nas fases diurnas. Ele determina quando dormimos e, por exemplo, explica porque ficamos doentes com mais frequência no inverno.

"O corpo não pode cair na hibernação"

E os nadadores olímpicos precisam mexer exatamente neste relógio biológico. Para contornar o fuso horário, a Confederação Alemã de Natação (DSV) realizou uma preparação específica, adotou um cronograma especial e levou até lâmpadas que simulam a luz solar, como mostrou reportagem da emissora alemãARD.

"O corpo não pode, de jeito nenhum, cair na hibernação", explicou Henning Lambertz, chefe da delegação de natação alemã, que conta com as estrelas Marco Koch (atual campeão mundial dos 200 metros peito) e Paul Biedermann (detentor do recorde mundial dos 400 metros livres. "Pois ele então teria a sensação de que precisa dormir. E isso não pode acontecer", completou, ao jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung.

Além dos tapas para ativar a musculatura, nadadores usam luz artificial e roupas especiais para obter um bom desempenhoFoto: Reuters/D. Ebenbichler

Luz artificial e roupas regenerativas

Antes dos Jogos Olímpicos, os principais nadadores foram analisados num laboratório do sono em Berlim para determinar seus picos individuais de desempenho. Na Vila Olímpica, lâmpadas especiais foram instaladas para simular o horário de verão europeu – no inverno brasileiro os nadadores têm oito horas de luz natural, enquanto no verão europeu são cerca de 15 horas.

"Precisamos nos manter no horário de verão europeu", disse Lambertz. Quando o sol se põe por volta das 18 horas no Rio de Janeiro, o corpo não pode entrar no ritmo noturno e precisa estar apto a executar um desempenho de alto rendimento no fim da noite.

A rotina dos atletas é minuciosa: acordar às 10h; provas classificatórias a partir das 13h; almoço às 18h; semifinais e finais a partir das 22h; jantar às 1h da madrugada. Com o auxílio das lâmpadas de néon, o pico do desempenho dos atletas é gradativamente direcionado para o fim do dia.

Além disso, os nadadores dormem com roupas de compressão feitas de um tecido com minerais de platina que ativam o sistema nervoso parassimpático, responsável por desaceleração dos batimentos cardíacos e diminuição de pressão arterial, adrenalina e açúcar no sangue. "Com esta roupa, o sono é muito mais repousante. Dores musculares são aliviadas. A capacidade regenerativa é aumentada em oito a dez por cento", explicou Lambertz.

Por fim, para evitar a entrada de luz natural das primeiras horas da manhã, as janelas dos apartamentos do último andar do alojamento alemão na Vila Olímpica foram tampadas com folhas de alumínio. E contra o barulho? Simples: os bons e velhos tampões.

PV/dpa/ots

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